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Reflexões Espíritas
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Homem - Bom ou Mau? - 4/4
Data: 12/06/2016

 Reflexões da autora em quatro textos:

 Neste estudo estaremos totalmente opostos às posições anteriores. O naturalismo filosófico afirma que o Homem é congenitamente bom.

Rousseau, um dos expoentes desse pensamento abre o Livro I do clássico “Emilio” com a frase: “Tudo é certo em saindo das mãos do Autor das coisas; tudo degenera nas mãos do homem”.

Com isso, queria ele significar que o homem nasce bom e, se mais tarde apresenta defeitos e maldade é por culpa da educação e da sociedade.

Em outra parte expressou-se mais incisivamente:

“... com que simplicidade teria mostrado que o homem é naturalmente bom e que são estas instituições somente que o tornam mau”.

Dai partiu a ideia do “bom selvagem”, feliz, virtuoso e autossuficiente:

“... não corrompamos o homem natural e ele será virtuoso, sem coação e feliz, sem remorso: não há perversidade natural no coração humano”.

Ainda no “Emilio”:

”A educação primeira, deve, portanto, ser puramente negativa. Ela consiste não  em ensinar a virtude ou a verdade, mas em preservar o coração do vício e o Espírito do erro”.

Crítica à luz da Doutrina Espírita:

Primeiro é necessário esclarecer que Rousseau fundamentou sua concepção do “bom selvagem” nos relatos, algumas vezes inexatos, chegados dos exploradores da América sobre os nativos dessas terras.

Afirmava então, que saídos das mãos do Criador eram bons pervertendo-se ao contato ou em meios à civilização. Sendo assim, em princípio, sem contato com o meio, nada poderia pervertê-lo.

Segundo a Doutrina Espírita quanto às perfeições conquistadas não há recuos, sendo as existências sempre progressivas. A ideia da corrupção pela educação e pela sociedade de um estado congênito de perfeição, não encontra guarida na Codificação.

Em relação à bondade inata que Rousseau atribuía à criança, também não há respaldo nos textos espíritas. Estes em várias situações afirmam que os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas, dotados de aptidões para progredirem em virtude do livre arbítrio.

As proporções de maldade e bondade do ser que nasce para a vida material são relativas ao progresso moral que o Espírito tenha conquistado em vidas anteriores.

“Em cada nova existência, o ponto de partida para o Espírito, é o em que, na existência precedente ele ficou”. O L E. 218 a.

A bondade da criança “... só pode ser o resultado do progresso moral já adquirido, como as ideias inatas são o resultado do progresso intelectual”. Q E III 120.

Interessante e importante obter esses conhecimentos não só para identificação do quanto ainda trazemos de vivências passadas, como também para entender o mito dos “anjinhos”, crianças mortas “prematuramente” e identificadas como os anjos católicos.

O sociólogo Gilberto Freire em “Casa Grande e Senzala”, p.185/186, divisa a raiz desse costume na catequese dos jesuítas, para, de certa forma, confortar os indígenas pelo grande número de mortalidade infantil provocada pelo contato com os brancos transmissores a eles de enfermidades fatais.

Era a idealização da criança, do anjo morto, inocente e sem pecado chamado por Nosso Senhor.

Concluindo: As proporções de bondade e de maldade do ser que nasce para a vida material são relativas ao progresso moral que o Espírito tenha conquistado em vidas anteriores.

Fechando a série:

“Em cada nova existência, o ponto de partida, para o Espírito, é o em que, na existência precedente ele ficou e o homem nasce bom ou mau, segundo seja ele a encarnação de um Espírito adiantado ou atrasado”.   O L.E 218 a / QE – III 130.

 

 

Leda Marques Bighetti – junho/2016

 
 
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