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O Centro Espirita Batuira
 

Relatando como se originou o Centro Espírita Batuíra, o histórico constará de duas partes: 

A primeira, não oficial, porque não relatada nos livros de atas, vem de fatos contados pela Sra. Leda de Almeida Rezende Ebner, que os ouvira de seus pais Dona Beatriz e Sr. Rezende.

     Contava ela que entre os anos de 1920 e 1930, na rua Padre Feijó número 14, aqui na Vila Tibério, residência do Sr. Rômulo e dona Sianinha, reuniam -se pessoas para falar, estudar Espiritismo. Pelos fins de 1929, início de 1930, chega ao grupo, vindo do Desemboque, Minas Gerais, o Sr. Martins que procura o grupo em virtude de sua filha, América, com o apelido de Pequena, apresentar problemas obsessivos. Enquanto isso, o pequeno grupo dá para si o nome de Corrente Batuyra. Algum tempo depois, sob os cuidados do grupo, a jovem se equilibra e passa a integrar o grupo na sua função de médium.

     Daqui para frente, o histórico baseia-se em registros existentes nos livros de atas, nas quais constam que em 12 de julho de 1930, o Espírito Geraldo Ramos da Silva, que normalmente se fazia presente nas reuniões do grupo, convoca a que se mude o nome para Centro Espírita Batuira, abrindo- se ao público em geral. A primeira Diretoria é escolhida por ele e há mais detalhes no Livro de Atas Nº 01. 

     Uma semana depois, em 17 de julho de 1930, a segunda ata faz constar algumas orientações para a marcha dos trabalhos: o Centro deve revestir-se da máxima simplicidade; nas sessões comuns ou comemorativas não serão admissíveis adornos de qualquer espécie, como flores naturais ou artificiais, uma vez que os verdadeiros adornos devem existir espiritualmente em cada um. 

     Na parede, pode estar, sem enfeites, o retrato do patrono. Demais fotos de amigos ou acontecimentos devem ser guardadas em estantes ou gavetas para atender aos que desejem conhecer. A mesa deve cercar-se de singeleza, coberta por alva toalha para que nada perturbe a concentração. No salão, cadeiras e demais móveis necessários devem estar em asseio impecável. De os todos os escolhidos para compor a Diretoria, espera-se que trabalhem incessantemente em prol da Doutrina, tendo Jesus por modelo. Ainda: são necessárias listas para angariar donativos que futuramente se constituam como patrimônio material da Casa.

     Nesse momento já há donativos como uma mesa, dezoito cadeiras, uma estante, dois cabides e um retrato a crayon de Batuira, o patrono da Casa.

     Em meio a esse tempo, D. Pequena casa-se com o Sr. Antônio, conhecido como seu Tonico. 

     Aumentando o número de frequentadores, em terceira reunião, em que o Espírito Geraldo solicita calma, paciência e união de todos, ao final do primeiro ano, o Centro muda-se, sob aluguel, para a Rua Martinico Prado Nº 3, ali permanecendo por treze anos, até 12 de julho de 1944, quando é inaugurado o espaço em que permanece até hoje.  

     Por que o Espírito Geraldo insistia em calma e união?

     Dois companheiros da Diretoria abandonaram o grupo.

     Marcada eleição para nova diretoria em 20 de julho de 1931, reelege-se o Sr. Tonico e o Sr. Antônio Lopes Garrido, que, em atitude fraterna, vão à casa dos que haviam abandonado o centro, para pedir-lhes que reconsiderem e voltem. Os companheiros aceitam e comporão a terceira diretoria.

     O Sr. José Gomes Corrêa demonstra que apesar das dificuldades a Casa tem em caixa 840mil réis...

     O mesmo Sr. Corrêa propõe que se inicie (1931), o Estudo da Doutrina Espírita e o Cathecismo Espírita", ..." abertos a todos, sem distinção de credo, mas principalmente aos familiares da Diretoria" ... Para as crianças, as reuniões seriam aos domingos das 8 às 9 horas e o dos adultos também aos domingos das 16 às 18 horas.

     No Cathecismo as crianças conviviam com o fenômeno mediúnico, uma vez que se comunicavam vários Espíritos, sendo Solange, a mais frequente: conversavam com as crianças, exortavam em convívio tranquilo, normal, habitual.

     Nas reuniões da tarde, era comum comunicar-se o Dr. Lima Duarte, esclarecendo, refletido, auxiliando.

     Nessas reuniões, manifestava-se um Espírito envolto em ódios terríveis. Como vinha sempre, o grupo afeiçoou-se a ele. Dona Pequena que estava grávida, ao nascer-lhe um menino dá-lhe o nome de Ariclenes, nome sob o qual o Espírito que se apresentava dizia chamar-se. 

     O Espírito Geraldo alerta que a Casa precisava alicerçar-se materialmente. Começaram as cobranças de mensalidades e, em 1932, o atual presidente Sr. Tonico, magoado com algumas acusações que lhe eram feitas, pede demissão.

     Seu Corrêa põe todos frente a frente, esclarecem o havido, o reequilíbrio retorna. O Centro possui em caixa 551 mil réis.

     Em 10 de novembro de 1935, o Espírito Geraldo se manifesta exortando a tolerância, à fraternidade para que pudesse haver progresso. 

     Inicia-se pequena farmácia homeopática com a receita fornecida pelos Espíritos e a manipulação fica à cargo dos diretores. 

     Pedido de filiação é encaminhado à FEB. 

    Com a subida do preço do aluguel, começam as conversas no sentido de se procurar um novo local.

     1937 - Não há débitos, mas a situação financeira é difícil. 

     1939 - Início da Educação Mediúnica.

     Novo aumento de aluguel. Cada diretor passa a contribuir com 20$000mensais. Sr. Tonico e Sr. Corrêa ficam responsáveis pelos pagamentos de água e luz.

     Instalam-se estudos nas terças feiras à noite; às quintas ficam para o receituário e aos sábados, o desenvolvimento de médiuns e estudo da Doutrina Espírita.

     Em 10 de agosto de 1939 abre-se para o público as sessões de Passes.

     Em 25 de agosto de 1940, as Sras. formam o Grupo de Assistência aos Necessitados.

     Em 15 de junho de 1941, é convocada uma Assembleia Geral Extraordinária para reforma de um Estatuto primeiro.

     Os tempos são difíceis, porém, em nenhum momento o Centro fechou as portas ou interrompeu atividades. Foram cortadas todas as despesas consideradas dispensáveis, inclusive a cera Parquetina para o chão.

     Setembro 1942 - chega o comunicado de que o imóvel seria vendido, pedindo-se a desocupação do prédio.

     Entre as várias conversas, definem que o ideal seria comprar um terreno no qual se construísse a sede própria.

     A ideia foi aprovada, porém, a situação financeira não permitia realização.

     Nessas buscas e incertezas, em 11 de novembro de 1943, o sócio, Sr. João Batista Ferreira, propõe que com seu capital escolheria e compraria um terreno. Seu capital entraria como empréstimo que lhe seria restituído sem juro e dentro das possibilidades do Centro. Caso aceitassem, queria para si o cargo de Diretor Geral da Construção e Finanças, com autonomia plena para as realizações.

     Consta na Ata que "...tal proposta causou espanto, surpresa e muita satisfação". Discutida, a proposta foi aceita por unanimidade.

     Em 11 de julho de 1943, o Sr. Batista mostra o documento de compra do lote 33 da Rua Rodrigues Alves pelo valor de cinco mil e quinhentos cruzeiros, mais seiscentos e dezessete cruzeiros para escritura, perfazendo CR$ 6. 117,00, total a ser amortizado conforme combinado. Nesse mesmo dia é lançada a pedra fundamental, e diz a Ata que dentro dela está uma cópia da Ata. Foi dia de festa com a presença de autoridades civis, militares e família espírita de outros Centros, pois já havia aqui a União Espírita fundada em 1922 e a Unificação Kardecista fundada em 1926. O Centro Batuira será o terceiro.

     Foi feito um empréstimo em Letras de câmbio no valor de 20 mil cruzeiros, que cada diretor pagaria cem cruzeiros mensais, conforme sorteio. Se a Tesouraria naquele mês tivesse saldo suficiente, seriam pagas duas Letras em movimento controlado por livro especial.

     A dívida do Centro agora é de CR$27.328,90 que, sendo ressarcida aos poucos, só será liquidada em 09 de maio de 1951. 

     Do lançamento da pedra em 11 de julho de 1943 - um ano e nove meses após -, em 30 de julho de 1944, há a inauguração da sede... hoje, 2022, estamos aqui há 78 anos...

     Como conseguiram pagar o Sr. João Batista?

     Promoções incessantes, donativos e parcela anual que o Governo Federal subsidiava.

     Com o horário de verão em 1949, todos os horários do Centro foram modificados.

     Em 1940, viera de Sertãozinho para Ribeirão o jovem Sebastião Moura. Estando ele doente, sua mãe, espírita, procura o Centro e ele recebe os cuidados necessários. Eles já acompanhavam a Casa desde quando ela estava na Martinico Prado. Com a inauguração da sede, precisavam de alguém que trabalhasse como zeladora.  Sebastião propõe construir por sua conta dois cômodos no fundo do terreno. Ele e a mãe ali morariam e ela cuidaria do Centro, que restituiria o capital empregado, na medida de suas possibilidades. Tudo acertado, o Sr. Sebastião e a mãe mudam em 27 de julho de 1952, permanecendo por 9 anos, até 1961. 

     Nesse interim, promoções, subvenções federais, quermesses, tarde do lanche, ajuda de firmas e lojas, subvenção municipal, contribuem para construção do muro dos fundos, e compra, pela ida do sr. Sebastião ao Rio de Janeiro, de alguns livros espíritas.

     Em 10 de janeiro de 1954, quita-se a dívida com o Sr. Sebastião.

     Nessa época o Centro já fez sua adesão à USE e UME, participando, não só com as contribuições devidas, como com palestras.

     Em 5 de setembro de 1959, a Diretoria recebe a visita do Dr. Simão Camelo que propõe usar algumas salas do Centro, em regime de comodato por 10 ou 20 anos, em que instalaria seus trabalhos espíritas de estudo e desobsessão. 

     Havendo aceite, a Diretoria mudou os horários das práticas habituais do Centro para que não coincidissem com as atividades do Instituto Paulo de Tarso.

     Cessam as contribuições federais e os diretores passam a se cotizar para fazer frente às despesas.

     Em 1968 há revisão do Estatuto que vai se desenvolver sobre o de 1930, uma vez que a reforma feita em 15 de junho de 1941 não era válida, por não haver sido registrada em Cartório.

     Nesse novo Estatuto, consta algo muito importante, pois, faz constar que um diretor só pode permanecer no cargo por dois anos, uma vez que até então, permaneciam por tempo indeterminado.

     Começam a surgir alguns desconfortos em relação ao Instituto Paulo de Tarso, uma vez que começam a usar algumas dependências reservadas ao Centro.

     Em 14 de junho de 1975 (1959 a 1975 = 16 anos) terminando o convênio a 1º de outubro, foram informados que sem prorrogação, pedia-se o desocupar do imóvel. 

     O Instituto aceita e pede para alugar as duas salas da frente, na qual instalaram a Livraria Espírita Guillon Ribeiro. O aluguel seria de 600 cruzeiros ao mês, mais 50% do valor da água e luz. 

     Com a desocupação surge a necessidade de limpeza e manutenção. O Sr. Mário Amorim se oferece para, morando nos fundos com sua esposa, dona Maria e um filho, exercer ali as funções necessárias, o que se concretiza em 11 de outubro de 1975.

     Nesse meio tempo estão se desenvolvendo algumas situações, em termos de honorários, com o Escritório de Contabilidade, quando um contador espírita oferece seus trabalhos gratuitamente. 

     Em 30/11/1976, o Centro, pela Lei 3247, é declarado como Utilidade Púbica.

     Em 11/02/1978, instala -se a atividade de Amparo à Gestante.


Em meio a esse tempo, Dona Maria, zeladora da Casa, integra-se aos trabalhos mediúnicos como médium; membros da União do Moços Espíritas são recebidos no Centro para proferir palestras, estudos, e integram-se à Casa os companheiros Aldo e Rosana Bianco; Pedro Teixeira Filho; Ailton Balieiro; Alcione Hadad e Antônio Rossi.

Em 1985 - com a comemoração dos 50 anos do Centro, surgem discussões à respeito de que o Centro poderia imprimir mensagens a serem encaminhadas gratuitamente aos diversos Centros. Processam-se, durante 1986, inúmeras trocas de ideias a respeito de custos, possibilidades, até que em 13/12/1988 compra-se uma máquina Ricoh - offset sendo impressa a primeira mensagem "O Homem de Bem" de O Evangelho Segundo o Espiritismo 

     Nesse ínterim, realização de bazares, prato pronto, jantares, tarde do lanche, panos de prato, em vendas constantes iniciando-se também trabalho de amparo e esclarecimento às gestantes.

     1982 - A IDE de Araras, que havia reformado seu parque gráfico, doa suas máquinas para o Centro, o IDE elabora uma nota de venda no valor de 1 cruzeiro.

     Com a chegada delas e compra de outros mecanismos necessários, criou-se a Gráfica Espírita Batuira, que recebeu toda normatização legal, CGC etc., registrada no endereço Rua Rodrigues Alves 588, fundos, inclusive com regimento específico para divulgação de mensagens e livros espíritas.

     Começam anos difíceis. Temos 4 funcionários - dissídios dos gráficos - serviço que era difícil de se manter com sequência. As casas espíritas enviavam serviço, havia um vendedor de espaços, mas ainda assim o déficit se instalava. O atual presidente morre, assume o vice que faz um empréstimo no banco Real de 250 mil cruzeiros. Funcionários antigos são dispensados e novos contratados com salários menores. A Gráfica está com uma das máquinas parada. A impressão do Jornal Verdade e Luz sofre atraso. O Centro Espírita "O Nazareno", de Santo André, envia dois livros para serem impressos, que não são aceitos como bons; a Creche Pingo de Leite encomenda a confecção de algo que sorteariam e foi colocado um anel de brilhante, enfim, detalhes que se somavam pela falta de profissionalismo.

     Estamos nos anos 60. A Gráfica trabalha profissionalmente apenas três dias por semana. A despesa é grande - pouco trabalho - decide-se pela extinção dela, continuando apenas a impressão do Jornal Verdade e Luz, que desde seu início fora impresso aqui.

    Ao lado disso começam as pizzas, cursos de pintura em tecido, panos de prato, demissão e exoneração do presidente, surgindo impasse com o contador gratuito. 

     A nova direção, com a extinção comercial da Gráfica, convoca uma Assembleia Geral, põe os sócios a par da delicada situação que viviam frente aos acontecimentos, empréstimo etc., e pede autorização para vender todos os equipamentos que constituíam a Gráfica, e que o dinheiro aferido após fechar dívidas só poderia ser usado para subsidiar a divulgação da Doutrina Espírita. Pensava-se em abrir uma Livraria e nesse caso o CGC da antiga Gráfica se transferiria para essa futura livraria, com livro-caixa registrando todo movimento desde seu início.

     Nessa época não há mais a Evangelização Infantil. Os livros não fazem constar o porquê; ela será reativada em 1985.

     Desse modo, em 22 de janeiro de 1992, nas homenagens a Batuira, é inaugurada a Livraria Espírita Batuira com 352 títulos, 952 livros, gastos 1.786.368,00 mil cruzeiros, acomodados em 6 módulos comprados de Matão pelo custo de 3 milhões, 340 mil, 611cruzeiros.  A Livraria é aberta, com uma funcionária, funcionando em horário comercial. Inicia-se o Clube do Livro, coloca-se lousas nas salas.  

     O salão do Centro está precário, com cupim tomando conta. Entre várias sugestões apresentadas, decide-se por fazer orçamentos para colocação de laje, serviço que é orçado em CR$ 76.640,00, dividido em 6 parcelas. Compra-se, pelo plano de expansão, um telefone. 

     As obras vão bem até um determinado momento em que o engenheiro abandona o serviço. (há fotos); não se conseguindo contatar o Sr. engenheiro exaustivamente procurado, a Sra. Presidente vai à casa de seus pais, pedindo-lhes que conseguissem a assinatura do filho para rescisão do contrato inicial.  Os trabalhos prosseguem sob os cuidados de um senhor pedreiro, que assume as obras. Em 22 de janeiro de 1991, o salão é inaugurado.

     O fundo, porém, está deteriorado. Junto com outros Centros, o Batuira participa de quermesses, faz inúmeras promoções, recebe doações.

     Em 1994, cria-se o Coral Espírita Batuira, nesse início com 19 vozes, ensaios as quintas feiras às 19 horas, antes das palestras da noite. Como seu prefixo identificador para início e encerramento das apresentações é escolhida a Alleluia de Mozart.

     Várias diretrizes são em pouco e pouco implantadas: cada departamento deve apresentar seu plano de trabalho/ano; abertura do Centro apenas nos horários das atividades, inclusive a Livraria, que pelos problemas apresentados com gastos fiscais e funcionárias não responsáveis, restringe-se a abrir sob cuidados de voluntários escalados nos dias em que o Centro tem atividades; os portões serão fechados 2 minutos antes do início dos trabalhos; as reuniões mediúnicas passam a ser fechadas, isto é, sem público; fixação de cartaz com os dias das semana, funções, horários e coordenadores responsáveis por cada atividade. Há alguma resistência com as atuais normas da nova diretoria, com alguns afastamentos.  

     Constata-se que o Estatuto de 1941 não foi registrado e, portanto, não tem validade. Inicia-se a revisão de toda documentação do Centro, desde a escritura do prédio, dando margem a extenuante trabalho de medição real do espaço do Centro em sua localização e divisa com os vizinhos. Ao lado disso, teve que se restabelecer toda papelada que estando com ele, não havia recebido os cuidados que eram devidos. Quando se conseguiu reunir todo esse material, por consenso, foi tudo entregue a uma firma contábil que, sob custo mensal, reorganizou, colocou em ordem cuidando para que isso permaneça.

     Em julho de 1994, há conversão do dinheiro Cruzeiro para Real, dinamizando-se mais promoções como bazares, noite da amizade, noite de arte com apresentações em teatros, almoços, panquecas, conservas, cachorro-quente e pizzas...

     O Centro inicia um trabalho com os internos da FEBEM que se realizava nos domingos à tarde; em 6 de agosto de 1995 há a criação da Bandinha Infantil. 

Em 27 de maio de 1988 iniciou curso preparando trabalhadores para o Atendimento Fraterno, e em 1990 foi elaborado curso preparando trabalhadores para os Passes.

     O Centro consegue ficar sem nenhuma dívida. Continuam as promoções: 3ª Noite de Arte, confecção de livro de receitas, cursos de culinária, pratos árabes, pratos rápidos, Bazar na Dante Alighieri, nos shoppings, ganho de um computador, impressora.

      Intensificação da distribuição de cesta básica como forma de atendimento fraterno. Um senhor, dono de empresa e que tinha dois filhos na Evangelização, se dispôs a enviar mensalmente inúmeros itens constantes na cesta básica e o Centro completava, colocando, inclusive em uma lousa específica para isso, itens em falta, que o público gentilmente completava. 

     Nesse tempo, toda papelada está regularizada, registros e vistoria dos bombeiros.

     Há a reforma do Estatuto, instala-se o Curso de Alfabetização de Adultos que prossegue até 2 de junho de 1999 quando se encerra, uma vez que o município os instala em várias escolas. 

     Um senhor, frequentador do Centro, que fazia parte de uma ONG na Faculdade de Medicina, propõe a instalação de curso de informática para carentes. Aceita a oferta, prepara-se a sala, que é adaptada inclusive com ar-condicionado, móveis adequados em aulas que persistem até que esses cursos passaram a ser abordados pela escola pública. Pela consequente falta de interessados, esse material todo foi doado ao Corassol, Centro que situado mais na periferia iria usá-los.

     Em 10 de julho de 2000, num trabalho insano com medições, averbações e série de detalhes, acontece a regularização da aprovação da planta do Centro.

     Ao lado disso, a movimentação na casa é constante: há aulas de francês, italiano esperanto, pintura, fotografia, conservas, doces, salgados. Esses estudos se encerraram porque, como eram pagos, e o centro não tinha o perfil escola, em face a possíveis futuras complicações, a Diretoria preferiu encerrá-los.

      Iniciam-se os trabalhos de equipes de Passes em hospitais e em domicílios, bem como as participações na Feira Amor. 

      A USE havia editado em 21/01/2004 "Allan Kardec em Verdade e Luz", homenagem ao bicentenário do Codificador. A autora possuía cinco originais passíveis de serem editados. Oferecidos à USE, ela recusou por não dispor de meios.

      Oferecidos ao Centro, discutida a proposta em várias reuniões, é aceita a criação de uma editora, criando-se a BELE - Batuira Editora e Livraria Espírita, aprovada em Assembleia Geral realizada em 18 março de 2004. Como a Editora não possuía capital, o Centro emprestou em torno de 10 mil reais. Criou-se o Fundo de Editoração, para o qual um grupo contribuía mensalmente com 50 reais e o outro com contribuições livres.

     Na manhã do dia 25 de março de 2004, o primeiro lançamento da Editora - "Relações Fraternas- Caminhos para o Atendimento Fraterno". Em 12 de junho também de 2004 surge o "Sessão Mediúnica". Com esses dois lançamentos, a BELE paga ao Centro o empréstimo feito e ainda ajudada pelo Fundo de Editoração lançará mais onze títulos, inclusive várias segundas edições.  A BELE se faz autônoma, inclusive com condição de em 3 de janeiro de 2010, emprestar ao Centro 15 mil reais para as obras da Expansão que se iniciavam.

     Continuam as promoções em pizzas, bazares, e inicia-se a participação do Centro nos estudos evangélicos a serem feitos na Capela da USP, nas segundas-feiras das 12 às 12.30 horas. 

     O caixa do Centro tem em torno de 46/47 mil reais. Na Rua Dr Loyola, fazendo fundo em L com o Centro, há um terreno a venda. Procurado os herdeiros, após inúmeros trâmites legais em cartório, ajusta-se a compra com a entrada de 16 mil reais e os restantes 30 mil quando a documentação toda estivesse pronta. O Centro poderia desde já usar o terreno, que o fez instalando ali um estacionamento para os frequentadores, que pagavam mensalidade pelo uso (26/06/2005).

     Prosseguem os bazares, Noite da Amizade, conservas, cachorro-quente, sorvete, pizzas, pizzas, pizzas... A Sra. Presidente pede afastamento por motivo de doença. 

Ressalte-se que no decorrer desses tempos, comemorações nos dias de Batuira, aniversário do Centro, Dr. Bezerra, Allan Kardec e outros fatos importantes ao Movimento, eleições de diretoria, assembleias gerais quando necessário, nada sofreu solução de continuidade se processando tranquilamente nas orientações estatutárias e com registros nos livros de atas. 

     No transcorrer desses tempos, começam a surgir, discutir e firmar ideias relativas à Expansão.

     Antes de se dedicar a ela, fez-se necessário que no fundo do terreno fosse tirado um pedaço da antiga cozinha para construir ali dois banheiros femininos, destinando os dois existentes no corredor para os homens.

     Em meio a isso aconteceu a inclusão digital, site, internet, divulgação, venda de livros, enfim, adequações várias que se faziam necessárias, como compra de novo computador, impressora, TV, DVD, projetor, datashow, equipamentos necessários à uma melhor adequação e facilidade para os estudos. 

     Em fevereiro de 2008, em convocação da Assembleia é apresentado o Projeto Expansão a ser trabalhado em três etapas: 1º- planejamento e arrecadação de fundos; 2º - conforme esse fundo a ser depositado no Banco em conta especial a ser aberta em 22/02/08, dar-se-á início às obras. É apresentada maquete com as devidas explicações. Aprovados esses itens, começaram as sugestões para arrecadação de fundos que constam em detalhes em livro especial no qual estão grafados os passos para essa dinamização.

     Em meio a isso, intenso trabalho para elaboração da planta, aprovações, licenças legais na prefeitura até o lançamento da pedra simbólica para início das obras, o que aconteceu no dia 30 de agosto de 2009, às 9 horas de uma bela manhã de domingo com público feliz de mais de cem pessoas. Resultado de inúmeras promoções, o caixa acusava 77.989,53.

     Detalhes de readequações, replanejamentos, recebimentos, gastos prosseguem anotados no livro próprio até 2010, quando o Espaço Novo é aberto ao público. Além dele, construiu- se sala para ensaios do Coral, costura, banheiro, e portão de saída para rua Dr. Loiola, em meio a plantas e jardins.

     O Centro funciona ininterruptamente com as Reuniões de estudo, mediúnicas, irradiações, vibrações, estudo de preparação de evangelizadores, expositores, aplicadores de passes, educação mediúnica para médiuns e atendentes; escola de pais, trabalhos na capela da USP, musicalização infantil, passe aos internados no HC, Coral com seus habituais ensaios, Mocidade, contando nesse tempo, desde seu início em 1932 até 2010, 58 diretorias, 617 atas.

     Nesse tempo, a BELE edita além do Relações Fraternas e o Sessão Mediúnica, já constados, Fundamentos e Dinâmica do Passe; Educação Mediúnica vol. 1 e 2; A Casa Espírita; Espiritismo, Política e Cidadania; Palavra e Divulgação; O Médium; Atendimento Fraterno aos Desencarnados, Reflexões Úteis; Era uma vez uma Estrelinha; Expressões da Alma - Mediunidade e Médiuns; Obsessão/Desobsessão - Profilaxia e Terapia; Jesus em Convites vol.1 - Certezas. Pronto para lançamento - Jesus em Convites vol.2 - Vivência. Na Editora a ser impresso: Jesus em Convites vol.3 - Renovação e Vir a ser Espírita.

     Em meio a toda essa movimentação, a Casa realizava Seminários, ao menos dois ao ano, que por se estenderem por todo dia havia almoço, livraria e bazar abertos com renda para o Centro; participava com o mesmo objetivo dos bazares na Citroën, na Feira Amor, feiras do livro da USE, e promoções inúmeras, jamais faltando as pizzas.

     Ao lado disso, o Centro se fazia presente onde fosse convidado para fazer estudos, seminários, palestras, não só em Ribeirão Preto, como em cidades vizinhas, Sertãozinho, Bebedouro, Franca, Batatais, região... além de em outras cidades do país: Eunápolis, Recife...

     O Centro prepara e inicia um estudo “Os que amam os que morreram pelo Suicídio” às sextas-feiras e pensa preparar trabalhadores para formação de grupos que atendam as famílias dos suicidas, e outro aberto para receber aqueles que pensam em tirar a vida. 

     Planeja também, no Campo da Evangelização, preparar e atender programa visando a Evangelização de bebês; Evangelização no Ventre - (abortos espontâneos e medo em reencarnar); Evangelização na preconcepção (casais que pensam em engravidar); Educação pré-natal. O Coral abrilhanta todas as cerimônias espíritas em que é continuamente convidado, inclusive feiras de Livros Espíritas e Encontro de Corais.

     Em meio a todo um movimento altamente impulsionador pela própria dinâmica contida, chega a pandemia e o Centro transfere todos os seus trabalhos, até então presenciais, para o campo virtual. 

     Pode-se imaginar o impacto quando a grande maioria desconhece totalmente os processos tecnológicos. Companheiros da área cibernética, carinhosamente se dispuseram em variados horários do dia ou da noite, dias da semana, a ensinar, mais de cem trabalhadores, em que muitos nem ligar o computador sabiam e que deveriam depois treinar os componentes de seu grupo. Foi muito bonito, não só o trabalho deles, como também dos aprendizes no entusiasmo de não permitir que nenhuma atividade do Centro deixasse de existir. Os Departamentos: Doutrinário com suas atividades: Aos que amam os que morreram pelo suicídio; Estudo do Evangelho sábados pela manhã e quarta à noite; Palestras temáticas nos domingos pela manhã; Obras Básicas - A Gênese domingos à tarde; Reuniões Mediúnicas aos domingos, segundas, quartas e sábados; Segundas-feiras - Repensando a Família; Educação Mediúnica; O Céu e o Inferno; Coral; Atendimento Fraterno; Irradiação para Encarnados, uma vez que para os desencarnados é feita nas reuniões mediúnicas; Passes - hospitais, domicílios, pedidos, e nas quartas pela manhã. Iniciadas em 02 de junho de 2021 as “lives” Jesus em Convites, que desde o dia 15 de junho de 2022 passam a ser retransmitidas simultaneamente via Web Rádio Fraternidade para o mundo. Departamento de Evangelização e Mocidade, bem como a Escola de Pais, retomaram suas atividades presenciais a partir de março/2022; o Assistencial nunca parou no seu atendimento às famílias assistidas, bem como o Grupo Batuira de assistência às comunidades periféricas; o Patrimônio, segue na sua função de zelar para que tudo permaneça em ordem, e vez por outra há realização de pizzas, cuidando da coleta de fundos, porque mesmo fechada, a Casa tem gastos.

     Todos os fatos aqui resumidos constam em detalhes nos Livros de Atas à disposição de quem queira verificar. 

     Por ora, é o que consta da bela história do surgimento do Centro Espírita Batuira em homenagem àqueles primeiros companheiros que compunham a "Corrente Batuyra", ao Espírito Geraldo Ramos da Silva, às 58 diretorias que se seguiram, a todos os que passaram por esta Casa e que de alguma forma deixaram sua marca, as bênçãos de Deus, o carinho por Batuira, patrono querido que com seu exemplo de vida nos fortalece para que busquemos os passos de Jesus.


Ribeirão Preto, 12 de julho de 2022, ano dos 92 anos do Centro Espírita Batuira.


Leda Marques Bighetti – Julho / 2022

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