“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros para que não sejais reprovados”.  Tiago, 5:8

     O conceito de queixa explica que é ela expressão de dor, decepção, descontentamento, aborrecimento, lamentação, lamúria ou até ressentimento.

     E quem é o queixoso?

     É alguém que pelo hábito de ser queixoso, a primeira situação que arroga para si, é o descrédito. Pessimista, exterioriza-se ressentido, magoado: nada está ou fica bem. Pela forma de se posicionar frente a vida, desfigura os quadros do caminho, despende cargas energéticas pastosas, opacas, irritantes até.

     Releve-se que é direito de que, em se convivendo, no trabalho, no lar, na vida, com algo que cause desconforto, levar o fato a quem de direito para que providências aconteçam. Isso é natural, normal, sadio.

     Quando, porém, as reclamações são constantes, sobre todos e tudo e a toda hora, repetitivas e sobre os mais diferentes fatos, há que se ter cuidado...

     O queixoso, nesse caso, se coloca na posição passiva, na qual, as coisas, os outros, e as situações, são culpados por sua infelicidade, pela sua não realização. Espera, inclusive, que o outro ou outros resolvam aquela situação com a qual ele não concorda.

     É um ser apegado ao como deveria ser, ao como as pessoas deveriam tratá-lo. Pode ser forma de expressar medo, falta de controle sobre o que realmente sente, espantar culpa, liberar raiva frente a coisas que não saíram como esperava

     O queixoso se percebe como tal?

     Normalmente não. É vício imperceptível quase sempre oriundo de raízes internas profundas; a sentimentos arraigados de que a vida, em algum tempo, ficou devendo algo, e, embora tenha sido bonzinho, feito tudo direitinho, não recebeu a recompensa   merecida.

     Néio Lúcio em “Alvorada Cristã”, conta pequena história da gota d’água, do raio de luz, da abelha e do homem queixoso que se apresentaram ante o trono de Deus. Ele os recebeu com bondade perguntando que trabalho faziam, se precisavam de algo.  A gota d’água falou que estivera em terreno quase deserto e tentara ajudar uma laranjeira. Fizera tudo quanto lhe fora possível, mas pedia o auxílio de outras gotas para socorrer tantos quantos delas precisassem.  O Pai sorriu satisfeito e deu-lhe não só o recurso das gotinhas como também, chuvas e fontes.

     O raio de luz, desceu, desceu até o fundo de um abismo. Combateu as sombras como pode, mas muitas criaturas ficaram a suplicar claridade. Veio, por isso, pedir-Lhe outros raios de luz. Contente, o Pai responde que lhe daria o Sol.

     Na vez da abelha, ela conta que havia fabricado todo mel que lhe fora possível, mas as crianças eram muitas. Implorava mais flores e abelhas. Muito feliz, o Pai abençoa e dá-lhe muitos, muitos jardins e abelhas.

     Apresenta-se o homem com o rosto desagradável, taciturno, revoltado, dizendo logo que nada conseguira fazer. Por todo lado encontrara inveja, má vontade, ingratidão. Nas pessoas que encontrei só vi ódio e maldade, diz ele.

     O Pai bondoso, com expressão de descontentamento, diz-lhe que os seres pequeninos que o precederam, alegraram-no com o relato de seus trabalhos, mas que o homem, com a boca que só sabe queixar, desprezou os dons recebidos ... “retira-te e só voltes a buscar-me quando aprenderes a servir sem reclamar”.

     Lembrar que conhecer Doutrina Espírita é tornar melhor as pessoas que a compreendem e que buscam, no uso da razão, equilíbrio e bom senso.

     “Em todas as circunstâncias, não nos esqueçamos de que, em nos queixando de alguém, estaremos intimando, automaticamente a nós mesmos, a viver em nível mais alto e a fazer coisa melhor”. Palavras de Vida eterna, lç. 100.

     Logo, reclamar em queixas não só não resolve, como agrava situações naturais ou normais do dia a dia.

     Impor silêncio às queixas e nesse educar, tornar-se mais tolerante, bondoso; educar a mente, os sentimentos para conseguir enxergar em tudo e em todos, o lado melhor que só no amor é capaz de descobrir. 

 Leda Marques Bighetti – julho/2025