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O Livro dos Médiuns  |  Segunda Parte Das Manifestações Espíritas   |  Capitulo IV - Teoria das Manifestações Físicas   |  01/08/2003
MOVIMENTOS E SUSPENSÕES
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento na mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO IV

TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS

MOVIMENTOS DE SUSPENSÃO

Estudo 25: itens 72 a 74 - questões 1 a 21

              Demonstrada a existência dos Espíritos pelo raciocínio e pelos fatos e a possibilidade de agirem sobre a matéria, devemos saber agora como se efetua essa operação e como eles agem para mover as mesas e outros corpos inertes. 

              Explica Allan Kardec que uma idéia se lhe apresentou, porém os Espíritos deram-lhe uma explicação muito diversa da sua, constituindo isto uma prova de que a teoria deles não era efeito de sua opinião. A seguir a apresentamos.

              O conhecimento da natureza dos Espíritos, de sua forma humana, das propriedades semimateriais do perispírito, da ação mecânica que podem exercer sobre a matéria e o fato de nas aparições as mãos fluídicas e até mesmo tangíveis pegarem objetos e os carregarem, julgou-se, como era natural, que o Espírito se servia muito simplesmente de suas próprias mãos para fazer que a mesa girasse e que a erguesse pelos braços. Mas, então, qual a necessidade de médiuns? O Espírito não poderia agir sozinho? Porque o médium que, freqüentemente, pousa as mãos sobre a mesa em sentido contrário ao do movimento, ou mesmo nem chega a pousá-las, não pode, evidentemente, ajudar o Espírito por uma ação muscular. Vejamos as explicações que os Espíritos deram a respeito.
             
As respostas seguintes foram dadas pelo Espírito São Luís. Muitos outros, depois, as confirmaram.

1.  O fluido universal uma emanação da Divindade ? 
— Não.
2.  É tudo uma criação da Divindade ? 
— Tudo é criado, exceto Deus.
3.  O fluido universal é o próprio elemento universal ? 
— Sim, é o princípio elementar de todas as coisas.
4.  Tem alguma relação com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos ? 
— É o seu elemento.
5.  Como o fluido universal se nos apresenta na sua maior simplicidade ? 
— Para encontra-lo na sua simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos puros. No vosso mundo ele está sempre mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos rodeia. Entretanto, podeis dizer que o estado em que se encontra mais próximo daquela simplicidade é o do fluido a que chamais fluido magnético animal.
6.  Afirmou-se que o fluido universal é a fonte da vida. Será ao mesmo tempo a fonte da inteligência ? 
— Não; esse fluido só anima a matéria.
7.  Sendo esse fluido que forma o perispírito, parece encontrar-se nele uma espécie de condensação que, de certa maneira, o aproxima da matéria propriamente dita ? 
— Até certo ponto, como dizes, porque ele não possui todas as propriedades da matéria e a sua condensação é maior ou menor, segundo a natureza dos mundos.
8.  Como um Espírito pode mover um corpo sólido ? 
— Combinando uma porção do fluido universal com o fluido que se desprende do médium apropriado a esses efeitos.
9.  Os Espíritos erguem a mesa com a ajuda dos braços, de alguma maneira solidificados ?

— Esta resposta não te dará ainda o que desejas. Quando uma mesa se move é porque o Espírito evocado tira do fluido universal o que é necessário para dar à mesa uma vida factícia . Assim preparada, o Espírito a atrai e a move sob a influência do seu próprio fluido, emitido pela sua vontade. 
Quando a massa que se deseja mover é muito pesada para ele, pede a ajuda de outros Espíritos da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito, propriamente dito, não pode agir sobre a matéria grosseira sem intermediário, ou seja, sem o liame que o liga à matéria. Esse liame, que chamas perispírito, oferece a chave de todos os fenômenos materiais. Creio me haver explicado com bastante clareza para fazer-me compreender. 

Nota — Chamamos a atenção para a primeira frase: "Esta resposta não te dará ainda o que desejas". O Espírito compreendera perfeitamente que todas as questões anteriores só tinham por fim chegar a essa. E se refere ao nosso pensamento, que esperava, com efeito, outra resposta, que confirmasse a nossa idéia sobre a maneira por que o Espírito movimenta as mesas (nota de Allan Kardec).
10.  Os Espíritos que ele chama para ajuda-lo são inferiores a ele? Estão sob as suas ordens ? 
— Quase sempre são seus iguais e acodem espontaneamente.
11.  Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos ?
— Os Espíritos que produzem esses efeitos são sempre Espíritos inferiores, ainda não suficientemente livres das influências materiais.
12.  Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupem dessas coisas, mas perguntamos se, sendo mais desmaterializados teriam o poder de fazê-lo, se o quisessem ? 
— Eles possuem a força moral como os outros possuem a força física. Quando precisam desta força, servem-se dos que a possuem. Já não dissemos que eles se servem dos Espíritos inferiores como vós dos carregadores ?
Nota — A densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com a natureza dos mundos, como já foi ensinado, (O Livro dos Espíritos, nº 94 e 187). Parece variar também no mesmo mundo, segundo os indivíduos. Nos Espíritos moralmente adiantados ele é mais sutil e se aproxima do perispírito dos Espíritos elevados; nos Espíritos inferiores, aproxima-se da matéria e é isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades muito inferiores, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física, tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer, a mesma sensualidade. Esta densidade maior do perispírito, estabelecendo maior afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos às manifestações físicas. É pela mesma razão que um homem refinado, habituado aos trabalhos intelectuais, de corpo frágil e delicado , não pode suspender fardos pesados como um carregador. A matéria de seu corpo é, de certa maneira, menos compacta, os órgãos menos resistentes; o fluido nervoso menos intenso. O perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o homem. Sua densidade está na razão da inferioridade do Espírito. Essa densidade, portanto, substitui nele a força muscular, dando-lhe maior poder sobre os fluidos necessários às manifestações do que o possuem os de natureza mais etérea. Se um Espírito elevado quer produzir esses efeitos, faz o que fazem as pessoas delicadas: chama para executá-los um Espírito carregador (nota de Allan Kardec).
Ver estudos referentes aos meses:
•  Dezembro/02: estudo 17: Ação dos Espíritos sobre a matéria:
•  Janeiro/03: estudo 18: item 57 - Formação do Perispírito: Os Fluidos
•  Fevereiro/03: estudo 19: item 57 - Formação do Perispírito:
•  Março/03: estudo 20: item 56 - Propriedades do Perispírito:
•  Abril/03: estudo 21: item 56 - Funções do Perispírito:
•  Maio/03: estudo 22: itens 58 e 59 - Ação dos Espíritos sobre a matéria:
13.  Se bem compreendemos o que disseste, o princípio vital provém do fluido universal. O Espírito tira deste fluido o envoltório semimaterial do seu perispírito, e é por meio desse fluido que ele age sobre a matéria inerte. É isso ? 

— Sim, quer dizer que ele anima a matéria de uma vida factícia, artificial: a matéria se impregna da vida animal. A mesa que se move sob vossas mãos vive como animal e obedece por si mesma ao ser inteligente. Não é o Espírito que a empurra como se fosse um fardo. Quando ela se eleva, não é o Espírito que a ergue com os braços: é a mesa que obedece à impulsão dada pelo Espírito.

14.  Qual o papel do médium nesse fenômeno ? 
— Eu já disse que o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal do Espírito. E necessária a união desses dois fluidos, isto é, do fluido animalizado e do fluido universal para dar vida à mesa. Mas, não se deve esquecer que essa vida é apenas momentânea, extinguindo-se com a mesma ação, e muitas vezes antes que a ação termine, quando a quantidade de fluido já não é mais suficiente para animar a mesa.

15.  O Espírito pode agir sem o concurso do médium ? 
— Pode agir à revelia do médium. Isto quer dizer que muitas pessoas ajudam os Espíritos na realização de certos fenômenos, sem o saberem. O Espírito tira dessas pessoas, como de uma fonte, o fluido animal de que necessita. Assim é que o concurso de um médium, tal como o entendeis, nem sempre é necessário, o que acontece, sobretudo nos fenômenos espontâneos.
16.  A mesa animada age com inteligência ?  Pensa ? 
— Pensa tanto quanto a bengala com que fazes um sinal inteligente. Não pensa, mas a vitalidade de que está animada lhe permite obedecer ao impulso de uma inteligência. É bom saber que a mesa em movimento não se torna Espírito e não tem pensamento nem vontade. 
Nota — Servimo-nos, freqüentemente, de uma expressão semelhante na linguagem usual: de uma roda, que gira com velocidade dizemos que está animada de um movimento rápido (nota de Allan Kardec).
17.  Qual a causa preponderante na produção deste fenômeno: o Espírito ou o fluido ? 
— O Espírito é a causa e o fluido é o seu instrumento: ambos são necessários.
18.  Qual o papel da vontade do médium ?
— Chamar os Espíritos e ajudá-los a impulsionar o fluido. 
a) É sempre indispensável a ação da vontade ? 
— Ela aumenta a potência, mas nem sempre é necessária, desde que pode haver o movimento, malgrado ou contra a vontade do médium, o que é uma prova da existência de uma causa independente.
Nota — Nem sempre é necessário o contato das mãos para mover um objeto. Ele basta, quase sempre, para dar o primeiro impulso. Iniciado o movimento, o objeto pode obedecer à vontade sem contato material. Isso depende da potência mediúnica ou da natureza dos Espíritos. Aliás, o primeiro contato nem sempre é necessário: temos a prova disso nos movimentos e deslocamentos espontâneos, que ninguém pensou em provocar (nota de Allan Kardec).
19.  Por que motivo não podem todos produzir o mesmo efeito e todos os médiuns não têm a mesma potência ? 
— Isto depende do organismo e da maior ou menor facilidade na combinação dos fluidos, e ainda da maior ou menor simpatia do médium com os Espíritos que encontram nele a força fluídica necessária. Essa potência, como a dos magnetizadores, é maior ou menor. Encontramos, nesse caso,pessoas inteiramente refratárias, outras em que a combinação só se verifica pelo esforço da sua própria vontade, e outras , enfim, em que ela se dá tão natural e facilmente que nem a percebam, servindo de instrumentos sem o saberem, como já dissemos.
Nota — O magnetismo é, não há dúvida, o princípio desses fenômenos, mas não geralmente como se pensa. Temos a prova disso na existência de poderosos magnetizadores que não movimentam uma mesinha de centro e de pessoas que não sabem magnetizar, até mesmo crianças, que bastam pousar os dedos numa mesa pesada para que ela se agite. Logo, se a potência mediúnica não depende da magnética, é que tem outra causa.
20.  As pessoas qualificadas de elétricas podem ser consideradas médiuns ? 
— Essas pessoas tiram de si mesmas o fluido necessário à produção do fenômeno e podem agir sem auxílio do Espírito. Não são propriamente médiuns, no sentido exato da palavra. Mas pode ser também que um Espírito as assista e aproveite as suas disposições naturais. 
Nota — Essas pessoas seriam como os sonâmbulos, que podem agir com ou sem o auxílio de Espíritos.
21.  Ao mover os corpos sólidos, os Espíritos penetram na substância dos mesmos ou permanecem fora dela ?
— Fazem uma coisa e outra. Já dissemos que a matéria não é obstáculo para os Espíritos, que tudo penetram. Uma porção do seu perispírito se identifica, por assim dizer, com o objeto em que penetra.
Concluindo esse estudo inicial do capítulo IV, entendemos pelas respostas apresentadas à Allan Kardec pelo Espírito São Luis, que os Espíritos podem fazer tudo o que fazemos, mas pelos meios correspondentes ao seu organismo. Continuaremos nossas reflexões no estudo do mês de Setembro.

Tereza Cristina D'Alessandro
Agosto / 2003
 
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. IV - 2ª Parte - itens 72 a 74 - 1 a 21
 
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