"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão." - Paulo. (I Coríntios, 15:58.) Conta Neio Lúcio2 que em uma das memoráveis reuniões de Jesus com os discípulos, estavam estes em discussão acalorada sobre o que se deveria fazer para a conquista do Reino de Deus. Salientava um a necessidade da meditação; outro opinava pelo retiro espiritual; aquele achava que deveria isolar-se em lugar inacessível ao pecado. João optava pela adoração constante, chegando a sugerir o abandono das atividades profissionais. Bartolomeu destacava a prática do jejum com abstenção de todo contato com pessoa impura. Encontravam-se nesta discussão, e sem consenso, quando Simão chamou Jesus para os devidos esclarecimentos. O Mestre então dirige-se a cada um dos discípulos presentes endereçando-lhe questões, chamando-os à reflexão. Interessantíssimos são estes diálogos após os quais chegam à conclusão que2: "O Reino Divino guarda o imperativo da ação por ordem fundamental". O Evangelho conclama-nos diariamente à ação no bem, ao trabalho em padrões elevados. As dúvidas daqueles tempos ainda persistem uma vez que muitos acreditam que para promover o Espírito Imortal, para garantir a iluminação interior há que se fugir do campo de luta, resguardando-se, no falso entendimento de que o tão desejado Reino seja fruto da observância de alguns rituais, longe do serviço ao semelhante. Na palavra esclarecedora de Emmanuel1 "Fé representa visão. Visão é conhecimento e capacidade de auxiliar. Quem penetrou a terra espiritual da verdade, encontrou o trabalho por graça maior". Por isso3, "(...) dia-a-dia, todos somos impelidos a várias operações para avançar no caminho...
Sentimos. Desejamos. Falamos. Estudamos. Aprendemos. Conhecemos. Ensinamos. Analisamos. Trabalhamos." Definindo ações que precisam ser orientadas pelo ideal maior, movimentando a vontade na tarefa de servir sempre. O Evangelho é o roteiro de trabalho ativo no bem que consegue reestruturar o espírito e orientá-lo para os objetivos superiores. Neste propósito, o apóstolo Paulo2, em sua Epístola aos Coríntios, deixa claro a "necessidade de nossa firmeza e constância nas tarefas de elevação para que sejamos abundantes em ações nobres no Senhor". A ação no bem, onde e com quem estivermos, é condição para promover a edificação moral, o convite inadiável explicitado no Evangelho. Não nos iludamos: não há outra forma de alcançar a felicidade, o bem estar, a paz interior a não ser pelo esforço constante em melhorar o mundo íntimo pautando sentimentos, pensamentos e ações no evangelho redentor. Emmanuel3 conclui alertando: "(...) em verdade, todos somos diariamente constrangidos à ação e pelo que fazemos é que cada um de nós decide quanto ao próprio destino, criando para si mesmo a inquietante descida à treva ou a sublime ascensão à luz".
Iracema Linhares Giorgini Fevereiro / 2005 |