Lúcifer,Satanás, Diabo,Demônios, o quê são ou quem são os seres denominados desta forma? 

São seres diferentes?

Ou essas palavras diferentes significam a mesma coisa?

O nome Lúcifer, por exemplo, é freqüentemente aplicado a Satanás, mas não há base bíblica para esta idéia. A palavra "Lúcifer" é a tradução em algumas Bíblias da palavra hebraica hêlîl que pode ser traduzida como "estrela da manhã" . Em Grego "eosforos", significa porta-luz e foi traduzido por São Jerônimo para o Latim da Vulgata por "lucis" (de luz) e "ferre" (transporta), "porta-luz, como uma tendo a conotação de "inteligência" e também de "aurora". "Daimonion"e"daimon, palavras gregas correspondentes hoje ao Mal, mas inicialmente, elas designavam alma e guia Diabo (Grego"diabolos") e satanás (Hebraico"satã) significam adversários(1).

Segundo a Igreja, Satanás, o chefe ou o rei dos demônios, é uma entidade real, praticando exclusivamente o mal, enquanto que Deus pratica exclusivamente o bem. Esta é uma visaõ comum na maioria das religiões.Muitos seguidores da Biblia consideram Satanás um ser real, um anjo criado por Deus. Satanás e os anjos que o seguiram rebelaram-se contra Deus tornando-se demônios. Foram expulsos do Céu pelo seu Criador. Satanás foi autorizado a estabelecer o seu reino nos Infernos e a enviar demónios à terra para procurar aqueles que pudessem converter á seus dominios.

Na perspectiva filosófica, a crença universal em demônios baseia-se na necessidade de uma explicações a enorme quantidade de mal fisico e moral que acompanha o homem ao longo da história. Assim por exemplo,o Maniqueísmo, doutrina pregada por Maniqueu também chamado Mani ou Manes na Pérsia, no século III da era cristã tinha como principal característica a concepção dualista do mundo, nela o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo. Dentro da perspectiva religiosa, no presente observamos,pensamentos Maniqueístas permeiarem algumas as religiões monoteístas ocidentais, aceitas pela maioria da população mundial..Em algumas delas toda uma categoria de coisas pode ser atribuída ao Mal, no caso as hostes de Satanás, em outras consideram que,as religiões que não professam o mesmo dogma das suas,como coisas do demônio, desprezando-as completamente bem como seus seguidores. 

Dentro da perspectiva psicologica, os demónios podem ser uma projecção de nós mesmos, a pior parte da nossa natureza ou a mais temida.Já na perspectiva literária, os demónios têm de existir pois são essenciais para uma boa estória. E são nas estórias que os conceitos maniqueistas são mais visiveis, livros,filmes e programas de TV, exaltam as figuras do Bem e do Mal absolutos. É só assistir a programaçaõ matinal nos canais de TV voltados ao publico infantil e veremos lá os Digimons, os Pokemons e outros guerreiros da Luz e das Trevas se degladiando.

Entre os conceitos religiosos e as crendices populares encontramos vasta literatura.A mais famosa das estórias sobre o Inferno e seus ocupantes sem dúvida é a " Divina Comédia" escrita por Dante.A respeito de Lucifer ele escreve:- "Lúcifer é o portador da luz, o anjo que ocupava cargo da mais alta confiança e que, rebelando-se, traiu a Deus e por isto foi expulso do céu, vindo a cair na terra. Na sua queda, ele afundou pela superfície e só veio parar quando chegou ao centro da Terra, sobre a qual passou a reinar. Judeca é o nome do giro mais baixo do último círculo do inferno. É lá que reside Lúcifer, fazendo companhia àqueles que, em vida, traíram seus benfeitores. Eles sofrem intensamente devido à proximidade de Lúcifer, e por estarem submersos totalmente no gelo do lago Cócito, conscientes, para a eternidade." Outra,bastante conhecida é a epopéia de Fausto, escrita por Goethe(1808-1832) que envolve um pacto com Satanás: em troca de sua alma, Satanás lhe deu saúde, poder, tudo o que desejava, durante um tempo específico. Na maioria das versões, Fausto engana o Satanás e evita o pagamento, salvando sua alma. No original, Satanás mutila e mata Fausto no fim do contrato.

Em meio a essas ideias, acredita-se que " Os demônios assim como os anjos tem acesso aos lugares espirituais, e podem descer às profundezas do ódio, rancor e perversão. Atormentar as pessoas, se apossarem delas e as tirarem de Deus e da sua verdade. Os demônios possuem uma hierarquia, "principados e potestades", cidades e regiões são supervisionadas por alguns destes maiorais." Apoiado nessas crenças, territórios são demarcados, guerras e terrorismo são fomentados, " no mundo invisível há conflitos entre os mensageiros de Deus e as forças demoníacas. As orações de povos escolhidos por Deus são usadas para restringir as atividades demoníacas e direcionar a ação dos poderes angelicais para controlá-los."

Os propositos sinistros destes seres seriam:-

Subverter o propósito de Deus.

Estender a autoridade de satanás, cumprindo sua vontade.

Ser usados por Deus na realização de Seus propósitos.

Causar doenças

Possuir homens

Possuir animais

Opor-se ao crescimento dos filhos de Deus

Disseminar doutrinas falsas

Na doutrina Espírita como é vista esta questão?

No capitulo IX do Céu e Inferno, Allan Kardec analisa a origem da crença nos demônios,a posiçaõ desses"seres" em outras religiões e os caracteriza dentro da Doutrina Espirita ensinando que Deus, na sua bondade e sabedoria infinitas, não criou seres voltados ao mal. Há Espíritos ignorantes e imperfeitos que inflamam nos homens más paixões levando-os ao mal, assim como os bons Espiritos influenciam para o bem,dependendo do despertamento do homem,de seus conteudos morais.

Na questão 131 do Livro dos Espiritos Allan Kardec pergunta " Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?" 

A resposta dos Espiritos foi :" - Se houvesse demônios, eles seriam obra de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres infelizes, eternamente voltados ao mal? "

A palavra demônio não implica a idéia de Espírito mau, a não ser na sua acepção moderna, porque o termo grego daimon, de que ele deriva, signifa gênio, inteligência, e se aplicou aos seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.

O diabo é a representação alegórica do mal, que resume em si toda as mazelas dos Espíritos imperfeitos. Os chamados demônios, nada mais são que Espíritos ignorantes e imperfeitos, ainda distantes do bem, que se comprazem em induzir ao erro àqueles que com eles se afinizam em sentimentos e ideias.Lembrando que Espiritos todos somos e que podemos estar revestidos temporariamente de um corpo de carne em pleno exercício de conquista dos valores, ou desprovidos deste corpo, mas integros no sentir e pensar,o que resulta em Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual. Portanto, ignorância e saber, bondade e maldade estariam presentes conforme o grau de conquista, resultando em Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso. 

Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com ele poder-se-ia denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos, entretanto o Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem pois isto fugiria das leis pelas quais Deus rege o Universo, as Leis de Amor e Progresso. Assim André Luiz escreve no NO MUNDO MAIOR pag.157 "Compreendemos, destarte, que na variação de nossas experiências adquirimos, gradativamente, qualidades divinas, como sejam: a energia e a ternura, a fortaleza e a humildade, o poder e a delicadeza, a inteligência e o sentimento, a iniciativa e a intuição, a sabedoria e o amor, até lograrmos o supremo equilíbrio em Deus." 

Segundo o Espiritismo os demônios são" Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se. Os que por apatia, negligência, obstinação ou má-vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as conseqüências dessa atitude, e o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração. Chega-lhes, porém, um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas conseqüências; eles comparam a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorarem-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento.

Deus oferece os meios para o progresso e consequentemente para evoluçaõ espiritual, porém,regida pelo livre-arbitrio de cada um,ou seja, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Não haveria mérito se o progresso fosse obrigatório,assim dentro da Justiça Divina ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio; mas o primeiro lugar é aberto à todos à custa do seu próprio esforço.