25- O Espírito é independente da matéria, ou não é mais que uma propriedade desta, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade do ar?

- São distintos, mas é necessária a união do espírito e da matéria para dar inteligência a esta.

25ª- Essa união é igualmente para manifestação do Espírito? ( Por espírito entendemos aqui o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades designadas por esse nome).

- É necessária para vós, porque não estais organizados para perceber o espírito sem matéria; vossos sentidos não foram feitos para isso.

26- Pode-se conhecer o espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito?

- Pode-se sem dúvida, pelo pensamento.

              Sobretudo, há que se entender que esses questionamentos e mesmo a dificuldade de compreender decorre de necessidades pessoais, o que leva a descrer das potencialidades do princípio inteligente. Precisamos de tempo para que esses valores intrínsecos se atualizem. Na proporção em que o Espírito se aperfeiçoa, a matéria se lhe torna transparente; passa a ver e compreender a realidade sob intuição direta, ampla, total.

              Seres distintos, um precisa do outro para burilamento espiritual, renovação das estruturas materiais das quais se serve o Espírito na sua marcha frente à própria superação.

              Repita-se que o ser espiritual necessita do elemento externo, no caso o corpo material, para realizar-se, exercitar-se. E pelo corpo físico, na pluralidade das vidas, que se torna possível, esse ser perfectível, desenvolver, nos atritos das relações materiais, suas fantásticas capacidades.

              Essa matéria, esse corpo físico, porém é transitório na vida do Espírito. O corpo desagrega-se, morre. O Espírito permanece, contínua. Em cada nascimento desencadeia-se um processo inteiramente novo, no qual contará toda a bagagem trazida pelo Espírito, o corpo que atraiu pelas necessidades específicas, o meio enfim, inúmeros componentes aptos a oferecer-lhe subsídios, para que usando a inteligência e a vontade, se eduque em contínuas superações.

              A matéria, o corpo, a vida corpórea é um meio, um instrumento necessário de desenvolvimento do Espírito.

              No desenvolver desse capítulo observamos o progresso acontecendo desde os reinos inferiores da Natureza na união do princípio espiritual à matéria para formação dos unicelulares depois, organismos cada vez mais complexos e que foram os meios naturais para formação dos reflexos, automatização das funções, instintos, enfim. Sem vida moral, sem consciência de si, vivia sob o impulso dos acontecimentos. Ao adentrar ao reino hominal, no choque traumático do existir, é que vai perdendo, por assim dizer sua ignorância e simplicidade inicial, começando todo um treinamento para,no tempo próprio, assumir a razão, mais tarde a vontade e por conseqüência a responsabilidade moral.

              Desse modo, o Espírito precisa do corpo físico, porque é imortal e na vida física desenvolverá seu potencial perfectível, para crescer, expandir-se, ser feliz.

              Individualidade permanente, cada existência, cada corpo físico representa estágio que se exterioriza, em personalidade temporária, ajustadas às circunstâncias genéticas, familiares, sociais, ambientais de que necessita para vivenciar sua experiência na matéria.

              Desse modo, cada circunstância que compõe o quadro existencial de cada um, configura-se, apresenta-se com característica educacional, na qual, o Espírito usando a inteligência, busque agir em atitudes de equilíbrio intimo, espiritual e psíquico que lhe propiciem condições plenas do reequilíbrio a ser buscado principalmente através das ações voltadas ao bem de todos.