O Livro dos Espíritos

Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (Segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec).

LIVRO SEGUNDO

“MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

CAPÍTULO IV – PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

Questões de 166 a 221a.

I – Da Reencarnação – 166 a 170.

II – Justiça da Reencarnação – 171.

III – Encarnação nos Diferentes Mundos – 172 a 188.

IV – Transmigração Progressiva – 189 a 196 a.

V – Sorte das Crianças após a Morte – 197 a 199 a.

VI – Sexo nos Espíritos – 200 a 202.

VII – Parentesco, Filiação – 203 a 206.

VIII – Semelhanças Físicas e Morais 207 a 217.

IX – Ideias Inatas – 218 a 221 a.

III - ENCARNAÇÃO nos DIFERENTES MUNDOS - 172 a 188

     “183 – Passando de um mundo para outro, o Espírito passa por nova infância?

    – A infância é por toda parte uma transição necessária, mas não é sempre tão ingênua como entre vós.”

     A infância começa com o nascimento. Compreende o período de desenvolvimento da personalidade iniciado no parto e completa com a chegada das primeiras manifestações na puberdade, marco inicial da adolescência. Durante a infância, a criança não só muda com a idade, como revela características individuais, cujo ritmo varia de indivíduo para indivíduo.

     O estado de infância, conforme se deduz das respostas dadas pelos Espíritos na Codificação, deixa claro que ela existe como ocorrência universal, portanto comum em todos os mundos habitados “... é uma transição necessária, mas não é em toda parte, tão ingênua como entre vós”.

     Conserva, porém, em todos os mundos a função de adaptação ao Espírito que retorna.

     A literatura espírita, quando se refere, por exemplo, a Júpiter, um dos mundos mais avançados do Sistema Solar, descreve que a infância dura apenas alguns dos nossos meses numa expectativa de vida de praticamente quinhentos anos.

     Tudo, entretanto, que se escrever a respeito, serão ilações, uma vez que só conhecemos em parte as condições e características da Terra. Tomando-a como comparação, pode-se deduzir quem em mundos superiores como inferiores as diferenciações acontecerão proporcionais à constituição física e moral dos seres que os habitam.

     “184 – O Espírito pode escolher o novo mundo em que vai habitar”?

     “- Nem sempre; mas pode pedir e obter o que deseja, se o merecer. Porque os mundos só são acessíveis aos Espíritos, de acordo com o grau de sua elevação”.

     “184 a – Se o Espírito nada pede, o que determina o mundo onde irá reencarnar”?

     “- O seu grau de elevação”.

     As diferentes existências corporais do homem terrestre, não significam que aqui se deu a primeira ou se dará a última, sendo, entretanto, uma das mais distantes da perfeição. Nas várias encarnações, mundos e épocas, ele conserva inteligência e aquisições, memória etc., porém, dependendo da superioridade moral e das condições do corpo, pode ou não dispor de maior ou menor condição para manifestá-las. O corpo também influi, sendo mais ou menos material de acordo com o grau de pureza que o Espírito atingiu.

     Ao passar de um mundo para outro envolve-se nas transições necessárias: nascimento; infância; juventude; madureza e morte, embora em cada nível, o tempo não é compatível com os registros ou conhecimentos de que dispomos, assim como detalhes de longevidade e outros que sequer se tenha condições para imaginar.

     Face a tantas circunstâncias, um Espírito nem sempre pode escolher o mundo que deseja habitar. Pode pedir, porém só será atendido se tiver necessidade e mérito para tal.

     Os mundos são acessíveis de acordo com o grau de elevação, ponto este determinante para designação do mundo onde deverá reencarnar.

     Em cada um deles existem diferentes formas de condições físicas e morais dos seres vivos que evoluem na proporção em que os habitantes se vinculem ao bem.

     Haverá mundos em que os Espíritos terão como envoltório apenas o perispírito que, eterizado a tal ponto, dir-se-ia serem inexistentes. Estarão, porém, sempre presentes. Tornaram-se rarefeitos lentamente, na proporção em que o Espírito se aperfeiçoou: ocorreu de forma imperceptível.

     Só os Puros Espíritos é que não são condicionados a reencarnar. Por terem condição de adequarem seu perispírito aos fluidos deste ou daquele mundo, podem ir por toda parte, geralmente em missões.

     Afora esses, o que determina o mundo a que o Espírito vai reencarnar será sempre dependente do seu grau de evolução.

     O meio no qual cada um renascerá é circunscrito, determinado por causas múltiplas como antecedentes, compromissos morais, afeições, méritos, deméritos, o papel que está preparado a desempenhar, raça, nação, família, atrações, amizades, ódios, inimizades, classe social, fortuna, saúde, mundo, local, lugar, enfim, inúmeras, variadas e complexas causas que se devem combinar para assegurar ao reencarnante as vantagens que convêm ao seu grau de evolução.

Leda Marques Bighetti – Fevereiro / 2023