O LIVRO DOS MÉDIUNS

(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)

por

ALLAN KARDEC

Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CHARLATANISMO E PRESTIDIGITAÇÃO

MÉDIUNS INTERESSEIROS - AS FRAUDES ESPÍRITAS

MÉDIUNS INTERESSEIROS

Analisando ainda a questão dos médiuns interesseiros, Allan Kardec nos faz refletir sobre a relação entre os desencarnado que se prestam a participar dos fenômenos com os médiuns de efeitos físicos, ressaltando que esses Espíritos são dotados de menos escrúpulos, mas não necessariamente maus, e que um médium que desejasse explorar sua faculdade, facilmente encontraria um Espírito que o assistisse sem muito critério. Todavia, ainda nesse caso há um inconveniente porque o médium de efeitos físicos, como o de comunicações intelectuais, recebeu a faculdade para bem empregá-la e não para a sua satisfação pessoal. Ao utilizá-la para obter vantagens pessoais e financeiras, poderá perdê-la ou torná-la prejudicial a si próprio.

Quanto à ação dos Espíritos inferiores que se ligam aos médiuns interesseiros, pode-se entender que estão sob as ordens dos Espíritos superiores que podem afastá-los, ficando assim o médium entregue aos mistificadores ou privado da faculdade mediúnica, sendo esta última medida em seu próprio benefício, para não mais se comprometer espiritualmente.

Esclarece também o Codificador que os Espíritos inferiores gostam de mistificar, mas não gostam de ser mistificados. Gostam de brincadeiras, mas não lhes agrada servir de passatempo aos outros, nem de comparsas para ganhar dinheiro. Por outro lado, a todo instante provam que têm vontade própria, que agem como e quando bem lhes parece, o que torna os médiuns de efeitos físicos ainda menos seguros da regularidade quando comparados aos médiuns de outras atividades.  

O bom senso evidencia que produzir as manifestações de efeitos físicos em dias e horas certos seria dar prova da mais profunda ignorância, uma vez que não se pode realizá-las quando se queira, exceto se, para ganhar dinheiro, sejam feitas simulações, ou seja, fraudes. É o que podem fazer os que se entregam às fraudes, supondo ser mais fácil ganhar a vida assim em vez de trabalhar.

Afirma Allan Kardec que “A faculdade mediúnica, mesmo quando restrita aos limites das manifestações físicas, não foi concedida para exibições de feira. Quem pretender dispor de Espíritos às suas ordens para os exibir em público pode ser suspeito, com justiça, de charlatanismo ou da prática mais ou menos hábil de prestidigitação. Que se lembre disso todas as vezes que surgirem anúncios de pretensas sessões de Espiritismo ou de Espiritualismo com entrada paga, e se lembre do direito que se adquire ao entrar.”

De tudo o que foi dito concluímos que o desinteresse mais absoluto é a melhor garantia contra o charlatanismo. Se ele nem sempre assegura a veracidade das comunicações inteligentes, retira dos Espíritos maus um poderoso meio de ação e silencia possíveis acusações.

E concluindo, lembrar também que os Espíritos mistificadores se servem também da vaidade e de outras fraquezas ocultas dos homens para fascinar os homens. As sessões de fenômenos físicos exigem a orientação de pessoas conhecedoras do assunto e experimentadas, sem o que não se deve realizá-las de maneira alguma, sob nenhum pretexto, muito menos a pedido dos Espíritos ou pelo desejo dos médiuns. Não se devem esquecer as advertências de Allan Kardec e dos próprios Espíritos quanto ao tema aqui estudado.

BIBLIOGRAFIA

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns - 2. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. XXVIII – q. 307 e 308

Tereza Cristina D’Alessandro – Agosto / 2022