O LIVRO DOS MÉDIUNS

(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)

por

ALLAN KARDEC

Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CHARLATANISMO E PRESTIDIGITAÇÃO

MÉDIUNS INTERESSEIROS - AS FRAUDES ESPÍRITAS

            Iniciando os estudos do capítulo, Allan Kardec afirmou que, como tudo pode ser distorcido e servir de exploração, nada estranho que se quisesse também explorar os Espíritos.           Evidenciava a preocupação com a banalização dos fenômenos espíritas, transformados em diversão através da exploração comercial no século XIX, como também enfrentava a rejeição que pesquisadores e cientistas ofereciam aos fatos mediúnicos por desconhecê-los.

            O Codificador identificava a necessidade de combater a ignorância em torno das práticas mediúnicas à medida que aprofundava seus estudos e pesquisas sobre as manifestações espíritas, e desse modo, em O Livro dos Médiuns, considerou o charlatanismo em dois momentos distintos:

            - Primeiramente no capítulo IV da Primeira Parte: "Os sistemas", quando analisou a tese da negação dos opositores do Espiritismo, que atribuíam todo e qualquer fenômeno espiritual ao charlatanismo:

            "38 - Sistema do Charlatanismo: Muitos dos antagonistas atribuem esses efeitos à esperteza, pela razão de alguns terem sido imitados. Essa suposição transformaria todos os espíritas em mistificados e todos os médiuns em mistificadores, sem consideração pela posição, ou caráter, o saber e a honorabilidade das pessoas. Se ela merecesse resposta, diríamos que alguns fenômenos da Física são também imitados pelos prestidigitadores, o que nada prova contra a verdadeira ciência. Há pessoas, aliás, cujo caráter afasta toda suspeita de fraude, e seria preciso não se ter educação nem urbanidade para atrever-se lhes dizer que são cúmplices de charlatanice." Allan Kardec, O Livro dos Médiuns - 1° Parte, cap. IV, item 38

            Ao abordar o assunto no início da obra, Allan Kardec demonstrou que considerava a possibilidade de oportunismo da parte de homens aproveitadores e trapaceiros que se fizessem passar por médiuns para explorar indevidamente a ideia espírita, oferecendo, contra esses exploradores, um critério elementar pelo qual comumente se pode distinguir os falsos dos autênticos médiuns: a presença do interesse material.

            - E retoma o assunto no capítulo XXVIII, esse que estamos estudando, itens 304 ao 323, quando então destaca o comportamento dos Espíritos em relação aos exploradores da espiritualidade,

            E concluímos estas reflexões iniciais com a palavras de Allan Kardec:

            “Se o fato de obter lucros com sua faculdade pode levantar suspeitas sobre o médium, entretanto não prova que as suspeitas sejam fundadas. Ele poderia ter uma faculdade real e agir de boa-fé ao se fazer pagar. Vejamos se é possível esperar, nesse caso, algum resultado satisfatório.”

            É o que veremos em nossa sequência de estudos sobre esse capítulo.

BIBLIOGRAFIA

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns - 2. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. XXVIII – q. 304

BIGHETTI, Leda Marques- Educação Mediúnica -  Teoria e Prática – Vol 2. – Ribeirão Preto: BELE, 2006, Mistificação, Fraude e Animismo.   

Tereza Cristina D’Alessandro – Junho / 2022