O Livro dos Espíritos

Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (Segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec).

LIVRO SEGUNDO

“MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

CAPÍTULO IV – PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

Questões de 166 a 221a.

I – Da Reencarnação – 166 a 170.

II – Justiça da Reencarnação – 171.

III – Encarnação nos Diferentes Mundos – 172 a 188.

IV – Transmigração Progressiva – 189 a 196 a.

V – Sorte das Crianças após a Morte – 197 a 199 a.

VI – Sexo nos Espíritos – 200 a 202.

VII – Parentesco, Filiação – 203 a 206.

VIII – Semelhanças Físicas e Morais 207 a 217.

IX – Ideias Inatas – 218 a 221 a.

                           I – Da Reencarnação - 166 a 170

     Ao iniciar o estudo, ressaltar a diferença entre os vocábulos – reencarnação e ressurreição, uma vez que a ideia de que os mortos voltavam a viver fazia ou fez parte dos dogmas judeus, sob o nome de ressurreição. Acreditavam que o homem reviveria sem, contudo, terem explicações ou saberem como tal se daria.

     A ressurreição, como o termo explica, fala no retorno à vida de um corpo cujos elementos já dispersos, absorvidos, transformados, se recomporiam formando novamente um corpo físico, ideia cientificamente provada como impossível.

     Alegam que teria isso acontecido com Lázaro e com a filha de Jairo, dois fatos em que não havia acontecido a morte física com cessação das atividades estruturadoras do ser vivo, e sim a chamada “morte aparente”, na qual o ser entra em estado de imobilidade absoluta confundível com a morte verdadeira. Nesses casos, houve sim, ressuscitação, nome que se dá em Medicina a um conjunto de procedimentos manuais, aparelhagens adequadas com funções possibilitadoras de reversão a sistemas ou disfunções daquele indivíduo aparentemente morto.

     Reencarnação, como já estudado, é a volta do Espírito que não morre, que é imortal, em outro corpo especialmente formado para ele e nada conserva ou mantém em comum com o antigo.

     A partir daí entram as questões:

     “- 166 – A alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, como acaba por depurar-se”?

    “- Submetendo-se à prova de uma nova existência”.

    “ - 166 a – Como ela realiza essa nova existência? Pela sua transformação como Espírito”?

    “ - Ao se depurar, a alma sofre sem dúvida uma transformação, mas para isso necessita da prova da vida corpórea”.

     “- 166 b – A alma tem muitas existências corpóreas”?

     “ Sim; todos nós temos muitas existências. Os que dizem o contrário querem manter-vos na ignorância em que eles mesmos se encontram; esse é o seu desejo”.

     “- 166 c – Parece resultar, desse princípio, que após ter deixado o corpo, a alma toma outro. Dito de outra maneira, que ela se reencarna em novo corpo. É assim que se deve entender”?

     “- É evidente”.

     Pelas respostas nota-se que o objetivo da reencarnação é oferecer oportunidade para que o Espírito alcance a meta para a qual foi criado – a perfeição.

     Seu propósito específico, portanto, é que o Espírito adeque sua personalidade aos detalhes do progresso moral na individualidade voltada para o aspecto da imortalidade, conquistando a par e passo, conhecimentos e sentimentos elevados, dever conscientemente realizado, ética otimista aprimorada no Evangelho de Jesus.

     “Em verdade, em verdade Eu te digo que ninguém pode ver o Reino de Deus senão aquele que nascer de novo”. (João 3-1:12).

Leda Marques Bighetti – Dezembro/2021