LIVRO SEGUNDO

 “MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

CAPÍTULO I – DOS ESPÍRITOS

   QUESTÕES DE 76 A 131

I – Origem e Natureza dos Espíritos – 76 A 83

II – Mundo Normal e Primitivo – 84 A 87

III – Forma e Ubiquidade dos Espíritos – 88 A 92ª

IV – Perispírito – 93 A 95

V – Diferentes ordens dos Espíritos – 96 A 99

VI – Escala Espírita – 100 A 113

VII – Progressão dos Espíritos – 114 A 127

VIII - Anjos e Demônios – 128 A 131

77 – Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou não seriam mais que emanações ou porções da Divindade por essa razão chamados filhos de Deus?

     Estudamos que o espírito (letra minúscula) é o Princípio Inteligente do Universo sendo a inteligência seu atributo essencial.

     Esse princípio Inteligente tem sua origem no elemento inteligente universal, passa por um processo de elaboração e individualização até aparecer transformado no ser denominado Espírito.

     Os Espíritos são obra de Deus. Por isso o chamamos “Nosso Pai”. Precisamente com o Homem quando faz, por exemplo, uma máquina, esta é obra sua e não ele mesmo. Quando inclusive constrói algo belo, marcante, chama a obra de filha, filho por ser sua criação. O paralelo pode ser feito em relação a Deus. Somos seus filhos porque somos obra sua.

     Na sequência dos raciocínios inserem-se as questões seguintes até a oitenta e três.

     O Espírito é concretização da ideia divina por força de onipotente, ilimitada vontade, como fez em relação a todo Universo. Deus jamais deixou de criar sendo que a criação de Espíritos é permanente. Se assim não fora, os mundos materiais careceriam de finalidade. É mais fácil concebermos seres espirituais sem mundos materiais do que estes sem aqueles. Os mundos materiais fornecem aos seres espirituais elementos de atividade para o desenvolvimento da inteligência.

     Evoluir, crescer, progredir, afastar-se da origem de criação, é condição normal dos Espíritos.

     Tendo, portanto, criado Deus desde toda eternidade, há seres que atingiram o ponto máximo da escala evolutiva.

     Antes de existir a Terra, mundos sem conta já haviam sucedido a mundos. Quando a Terra saiu do caos dos elementos, o espaço estava povoado de seres espirituais nos diferentes graus de adiantamento desde os que ingressavam na faixa hominal até os que já se encontravam como Espíritos Puros.

     Estudamos que o Espírito é individualização do Princípio Inteligente assim como o corpo é individualização do princípio material.

     Essa individualização se efetuou em série de existências nas quais o Princípio Inteligente fez ensaios para a Vida. Seria um período, como que, de incubação, um trabalho preparatório por efeito do qual sofre transformação e se torna Espírito; entra no período de humanização começando pouco a pouco a ter consciência do futuro, distinguir o Bem do Mal, bem como a responsabilidade de seus atos.

     Pode-se dizer que o Princípio Inteligente se individualiza lentamente atingindo a humanização lenta, lentamente.

     Através de inúmeros modelos diferentes, através das formas mais bizarras, inicialmente sob pressão dos instintos, numa escalada progressiva, vai tendendo para a luz, para o surgimento da consciência esclarecida.

     Todo esse caminhar dota o Princípio Inteligente de força que lhe servirá para fixar leis cada vez mais complexas criando assim um potencial mediante o qual possa um dia operar sem o entrave dos liames terrestres.

     As leis eternas da Evolução arrastam o Princípio Inteligente a destinos que vão se ampliando em caminhar para etapas enriquecedoras. Há grandeza nessas fases de transição até chegar ao Homem, síntese nesse momento de todo o progresso.

     Como tudo no Universo está submetido a essa Lei, cada momento dessa cadeia representa uma forma de existência que conduz a outra mais rica, melhor adaptada às manifestações crescentes da Vida, entretanto, pensamento, consciência, liberdade só aparecerão após vencidas muitas, muitas etapas e graus.

     Nessa romagem ininterrupta, longa, esse Princípio Inteligente, vai através das eras, modelando não só a estrutura física como também o envoltório fluídico e tornando-se espírito adentra ao período da Humanidade.

     O processo dessa “modelagem” jamais se interrompe, antes, se aprimora conforme ensina “A Gênese”:

     “O corpo é, pois, simultaneamente, envoltório e instrumento do Espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste-se de outro envoltório mais apropriado ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar tal qual se faz com o operário, a quem é dado um instrumento menos grosseiro, à proporção que ele se vai mostrando mais apto a executar obra mais bem cuidada.”

     “Para ser mais exato, é preciso dizer que o próprio Espírito é que modela seu envoltório e o apropria às novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo à medida que experimenta necessidade de manifestar novas faculdades – numa palavra – talha-o de acordo com sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe – lhe emprega-los. É assim que as raças adiantadas  têm um organismo ou se o quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que as raças  primitivas. Desse modo, igualmente se explica o cunho especial que o caráter do espírito imprime aos traços da fisionomia e às linhas do corpo.”

     São, portanto, os Espíritos criação de Deus: tiveram um princípio e objetivo de criação idêntico como estudado anteriormente. As diferenças que existem entre eles não os constituem espécies distintas, mas diversos graus de adiantamento. Não são perfeitos porque são almas dos Homens e estes longe estão da perfeição. Pela mesma razão, os Homens não são perfeitos porque representam a encarnação de Espíritos mais ou menos perfeitos.

     O mundo corporal e o espiritual se derramam um sobre o outro; pela morte do corpo, o mundo corporal fornece seu contingente ao mundo espiritual. Pelo nascimento, o mundo espiritual alimenta a Humanidade. A cada nova existência, o espírito realiza determinada cota de progresso. Quando adquire sobre a Terra a soma de conhecimento e elevação moral que comporta o planeta, passa para mundo mais elevado no qual fará aprendizados novos.

     Quanto a detalhes dessa criação, momento, como e em que tempo, não existem informações “... mas repito ainda uma vez que sua origem é um mistério”.

Leda Marques Bighetti 

 Maio/2014