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Efemérides Espíritas
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1º de Maio – Dia do Trabalho
Data: 01/05/2019

“675 – Só devemos entender por trabalho senão as ocupações materiais?

        - Não; o Espírito também trabalha, como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho. 

     No Velho Testamento, no livro Gênesis a descrição da Criação, de forma alegórica relata que Adão e Eva quando desobedeceram ao Criador, receberam dele, como castigo e penalidade, ter que trabalhar para “com o suor, sofrimento e esforço, garantir a pessoal sobrevivência.

     Essa estória, mesmo sendo anterior à civilização, permanecerá introjetada, conflituosa no maravilhoso das mentes.

     Encontraremos o homem da pedra buscando sustento na caça, pesca, colheita de raízes, enfim, artimanhas, criatividades contínuas pela manutenção da existência na luta pela sobrevivência. Conservaria ou viveria a ideia de castigo?

     Na Antiguidade, entretanto, o veremos como desonra, reservado a inferiores no qual o homem escraviza o próprio homem, subjugando-o através do poderio financeiro, social para que o outro, subjugado, realizasse trabalhos necessários à sua vida como “superior”.

     Esse estado prosseguirá quando as classes sociais se definem pelo nascimento; é a realeza, o sangue azul, nobre se sobrepondo ao povo, o poder econômico mantendo as condições subumanas das classes inferiores.

     Até a Educação era ocupação indigna; os Mestres eram escravos responsáveis pela arte de educar, de passar conhecimentos. As famílias não se ocupavam dessa atividade considerada necessária, mas sem valor.

     Esses detalhes facilitam compreender a resistência do homem em relação ao trabalho.  Mesmo quando os entendimentos acima se diluíram, o trabalho passou a ser entendido como meio de produção, o que de certa forma, mantém ou dá ao trabalhador importância de labor humano como fator importante na medida em que é produtivo: o trabalho vale pelo que é realizado e o trabalhador só tem importância pelo que produz. Nessa teoria conhecida como “marginalista” o homem é alijado de valor: vê-se nele apenas alguém que é capaz de produzir ou não.

     Em meio a essa desvalorização ou inversão, surge Marx com a teoria do trabalho-valor na qual o trabalho é quem cria o valor econômico, conceito fundamental, uma vez que permite perceber seu valor próprio independente do resultado econômico.

     Aqui o trabalho não se confunde com o resultado da tarefa, mas esta é que se realiza para alcançar um objetivo material ou intelectual. A retribuição não é fim único, mas se enriquece pelo somatório das descobertas que faz, dos caminhos novos que divisa, pelas potencialidades que desenvolve. Independente do lucro, a atividade tem o seu valor pelo que é, pelo que dinamiza. Possibilita a quem o exerce manter sobrevivência desenvolvendo inteligência e por decorrência, evoluir.

     É tão ampla essa perspectiva que cada atividade que se realiza no mundo, irradia de si diversidade de novos entendimentos, trabalhos, elementos, conhecimentos, descobertas, que alimentando o Espírito, fornecem perspectivas revolvendo aspectos adormecidos, cristalizados ou não motivados, uma vez que a inteligência não se fecha em conceitos.

Assim, por exemplo, em uma situação braçal, essa impulsão do ser, leva-o no uso da inteligência, descobrir como diminuir esforços, otimizar tempo, facilitar desempenhos que alcançarão um teor esplendoroso se vier acompanhado do gosto, do prazer por realizar.

     Dificilmente se percebe que em qualquer situação de trabalho estão intrínsecas circunstâncias modificadoras, pois ao se realizar isto ou aquilo, desta ou daquela forma aprende-se obedecer às regras, liderar, compartilhar, relacionar-se, cooperar, valorizar e respeitar outros. Pela condição de interdependência relacionamentos próximos ou até desconhecidos se estabelecem e o destinatário recebe o impacto vibratório do entusiasmo, do prazer dispendido no fazer.

      Ao passo que possibilita conforto material, satisfações do próprio organismo, pessoais, íntimas, desenvolve o Espírito transformando -o gradativamente, mudanças essas que se refletem em novas frentes de conforto, tecnologias, progressos transformadores do Planeta.

     Ao realizar qualquer trabalho exercitamos tanto potencial material como espiritual desperta para realidade, dá visão de mundo, de humanidade, de Planeta.

     E se não se conseguir trabalhar pela escassez dele, por exemplo, em épocas de crises, por incapacidade ou deficiência do homem?

     A questão seiscentos e oitenta esclarece que a Justiça Divina só alcança aqueles que voluntariamente se tornam inúteis. Mesmo naqueles em que a incapacitação impede qualquer atividade, não esquecer que o sentimento/pensamento é ferramenta fluídica construtiva e irradiadora. Naqueles Espíritos que estiverem desprovidos de clareza mental, certamente algum trabalho lapidar está se realizando, ainda que claramente não se entenda.

     Embora o homem conserve resquícios de impressões negativas estudadas nas reflexões iniciais, hoje, tem ele condições para trabalhar-se nessas raízes, entendendo a Lei Natural do Trabalho como fonte impulsionadora da pessoal evolução.

     Estes são alguns pensamentos que o capítulo III do Livro Terceiro de “O Livro dos Espíritos” oferece para que se entenda trabalho como oportunidade dinamizadora para que se ultrapasse os pessoais limites.

 Leda Marques Bighetti – Maio/2019

 

 
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