Conforme nossa placa marca e atesta registro no Livro de Atas nº1, o Centro Espírita Batuira foi fundado em 12 de julho de 1930.

     Voltando no tempo, como teria surgido essa Casa tão cara aos nossos corações?

    Ocorrências na História: Dona Beatriz Rezende contava lá pelos idos de oitenta/noventa, que ao final do ano de 1929, uma jovem, vinda do Desemboque (MG), foi levada pela família à casa do Sr. Rômulo e D. Sianinha, casal este que realizava sessões mediúnicas, prática esta comum naquela época.

     A jovem de nome América Martins, atendia ao apelido de Pequena. Na frequência a essas reuniões, pouco a pouco equilibrou-se, a Mediunidade aflorou e ela passou a exercer o mediunato no socorro aos desencarnados.

     Com o passar dos tempos, casa-se com um dos integrantes do grupo, o Sr. Antonio José Martins, o seu Tonico.

     Esse grupo chamava-se “Corrente Batuíra”. As sessões eram semanais e praticamente exclusivas ao intercâmbio mediúnico.

     Fatos: Os relatos constantes no Livro de Atas nº 1 datado em 12 de julho de 1930, levam-nos a uma dessas reuniões familiares na casa do Sr. Joaquim Gomes Sette, Rua Padre Feijó nº14, para a qual a “Corrente Batuira” fora transferida.

     Entre outros estavam: seu Tonico, Antonio Garrido, José Corrêa Gomes, Josias Ferraz, José Justino, Carlos da Siva, Adriano Garrido, João Evangelista Gomes, Joaquim Gomes Sette que é indicado para coordenar a reunião.

     “Após as preces de estylo...” (textual), através da médium D. América Gonçalves Martins, a dona Pequena, manifesta-se o Espírito Geraldo Ramos da Silva.

     Invoca ele o nome de Batuira, protetor da “Corrente” e conclama a que esse grupo seja transformado em um Centro Espírita, de ora em diante aberto ao público em geral.

     Ele mesmo indica os nomes que comporão a Diretoria que assim se constituiu: Presidente: Antonio José Martins; Vice: Antonio Garrido; 1º Secretário: José Justino Carlos da Silva; 2º - José Augusto Nobre; Tesoureiro: Joaquim Gomes Sette; 1ºOrador: José Corrêa Gomes; 2º - Adriano Garrido; 1º Procurador: Frederico Acreteli; 3º - Francisco Ferraz; Bibliotecário Josias Ferraz; Zeladora: Eloina Ferraz, Maria Gomes e Julieta Silva Espírito Santo.

     A seguir o Espírito exorta a que cada um se comprometesse com a estabilidade do centro no seu campo material e com a divulgação da Doutrina de Jesus. Em comovedora prece agradece a honra de ver a “Corrente Batuira” transformada em “Centro Espirita Batuira”.

     Destaque: esta Diretoria não foi, como vimos, eleita, mas composta pelo Espírito Geraldo que certamente agiu assim, dada a inexperiência do grupo. Sua ação enérgica, firme, incisiva, continuará, segundo se lê nas Atas, por alguns anos. Recorde-se que nessa época os livros além de serem poucos, havia dificuldade em adquiri-los, permanecendo a tônica das reuniões como abertas ao público e apenas direcionadas ao intercâmbio mediúnico.

     Voltando aos registros, a segunda ata é de convocação para dali uma semana, ou seja, no dia 17 de julho, também feita pelo Espírito Geraldo. Pela Mediunidade de D. Pequena, ele cumprimenta, exorta, alerta sobre os desafios que encontrariam; fala da necessidade de boa vontade de todos e de união entre todos traçando algumas “constantes” que integralmente transcrevemos:

     “O Centro deve revestir-se da máxima simplicidade. Como decorrência, nas sessões comuns e mesmo nas comemorativas não será admissível adornos de qualquer natureza como:

          - flores naturais ou artificiais, uma vez que os verdadeiros adornos devem existir espiritualmente em cada um;

          - na parede, pode estar sem enfeites, o retrato do patrono;

          - demais fotos de amigos ou acontecimentos devem ser guardados em estantes ou gavetas para atender a quem os deseje conhecer;

          - a mesa deve cercar-se de singeleza, coberta por alva toalha sem nada que perturbe a concentração;

          - no salão cadeiras e demais móveis necessários, em asseio impecável;

         - a todos os escolhidos para compor a Diretoria, espera-se que trabalhem incessantemente em prol da Doutrina tendo Jesus por modelo;

          - é necessário que se distribuam listas para angariar donativos que constituirão futuramente o patrimônio material do Centro.”

     Nesse momento entre os presentes acontecem donativos em espécie como: - uma mesa, dezoito cadeiras, uma estante, dois cabides e um retrato a crayon de Batuira.

     Ao final do primeiro ano, as acomodações se tornam pequenas e o Centro muda-se da casa do Sr. Joaquim e, sob aluguel, instala-se na Rua Martinico Prado nº 3, e é aí, em 13 de julho de 1931 que se instalará a terceira reunião. O Espírito Geraldo em palavras fortes, incisivas, solicita que, frente a tudo o que sem dúvida transcorreria, a Diretoria estivesse envolvida em calma, paciência e união, elementos indispensáveis para fazer frente aos atropelos do caminho.

      O Centro ficará nesse endereço por treze anos. Em meio a inúmeras situações delicadas, lutas, harmonizações, em 11 de julho de 1943 é lançada a pedra fundamental da sede própria e em 30 de julho de 1944 é inaugurada a Casa que nos abriga que prosseguirá em suas lutas no ideal de ser um luzeiro na comunidade em que está inserida.    

Leda Marques Bighetti – Julho/2017