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O Evangelho Segundo o Espiritismo  |  Bem-aventurados os puros de coração   |  Capitulo VIII   |  01/11/2007
BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM OS OLHOS FECHADOS
Assina a mensagem Vianney, Cura D’Ars.

Jean Marie Baptiste nasceu em 8 de maio de 1786, em Dardilly, aldeia próxima de Lyon.

             Demonstrou desde criança um grande sentimento religioso.

Trabalhava no campo e pouco estudou. Aos vinte anos seguiu para Écully, na casa de um seu tio. Sabia ler, mas falava francês muito mal, pois, em sua casa falava-se um dialeto regional. Além de melhorar sua língua, teve de aprender o latim.

Aos 25 anos tornou-se clérico de diocese. Por ter fama de ignorante perante os superiores, ou porque lhe perceberam a grandeza de alma, foi-lhe confiada a paróquia d’Ars-en-Dombes, onde não havia pobres, só miseráveis. Ali chegou em 13/02/818, em uma carroça com alguns móveis e utensílios domésticos, alguns quadros religiosos e sua biblioteca de trezentos volumes.

Conta-se que encontrou um pequeno pastor , a quem pediu lhe indicasse o caminho. A conversa foi difícil, pois o mesmo não falava o francês, nem o dialeto de Vianney. Mas conseguiram comunicar-se. A tradição conta que o novo pároco teria dito ao menino: “ Tu me mostraste o caminho d’Ars, eu te mostrarei o caminho do céu.” À entrada da aldeia há um pequeno monumento de bronze, que lembra esse encontro.

Ele mesmo preparava suas pobres refeições, comia pouco. Dizia: “ Tenho um bom físico. Depois de comer, não importa o quê, e de dormir duas horas, estou pronto para recomeçar.”

Era caridoso e gentil com as pessoas. De uma pequena herança de seu pai, que lhe enviava seu irmão Francisco e as doações de pessoas abastadas, que se sensibilizavam pela sua palavra e dedicação, auxiliava seus paroquianos.

Por volta de 1830, era muito grande o afluxo de pessoas que se dirigia a Ars, para vê-lo e confessar-se com ele, esperando por horas, às vezes, a noite toda.

Ele , que pouco dormia, pouco comia, que vivia em extrema pobreza e austeridade, vendendo do que tinha para auxiliar seus pobres, a todos atendia com conselhos sábios e amorosos.

Comovia-se com a dor alheia.”Eu choro o que vocês choram”, dizia, ao derramar lágrimas, ouvindo os que lhe confessavam suas dores.

Tanto trabalho, tantas privações em alimentação e repouso, levaram-no a um debilidade física muito grande. Em 1859, aos 73 anos, no dia 4 de agosto, desencarnou, tranqüilamente.

Dois dias antes, fora visto chorando. Ao responder se estava cansado, dissera : Oh, não, choro pensando na grande bondade do Senhor em vir visitar- nos, nos últimos momentos.” *

O Cura d’Ars foi um exemplo de vivência evangélica, de humildade, caridade, simplicidade, e acima de tudo, amor ao próximo, esquecendo-se de si para pensar somente no outro. Foi um fiel seguidor de Jesus! *

             A mensagem, que vamos estudar, foi dada a respeito de uma pessoa cega.

No primeiro parágrafo, ele escreve que fora chamado para curar, demonstra sua piedade em relação ao sofrimento pela cegueira, mas declara, humildemente, que somente Deus o pode fazer, como acontecera, quando estava na Terra.

Conclama aos aflitos a voltarem-se para Deus, dizendo: “Meu pai, curai-me, mas fazei que a minha alma doente seja curada antes das enfermidades do corpo; que minha carne seja castigada, se necessário, para que a minha alma se eleve para vós, com a brancura que possuía quando a criastes.”

Percebemos, nessas palavras, o conceito de que as enfermidades do corpo refletem as enfermidades da alma, fruto das suas ações contrárias às leis divinas, por desconhecimento ou descaso, constituindo-se, então, em uma fase importante do processo de regeneração do espírito imortal: fase da libertação das conseqüências das infrações.

Quando as doenças surgem no corpo físico, sem que haja motivos na presente encarnação viver, é porque os efeitos das ações negativas em um passado próximo ou remoto, estão em vias de serem eliminados, se bem aproveitadas, visto que quem as sofre com resignação, já não precisa mais delas para continuar sua auto-educação.

Será a prova final, a da libertação, que virá mais rápida, quanto mais for, a doença, recebida com confiança em Deus e na sua justiça, sem revolta, sem desespero.

Por isso ,o autor diz que após essa prece , que Deus ouvirá, a força e a coragem crescerão no enfermo e, talvez a cura, como recompensa de sua abnegação.

Lembremo-nos, todavia, de que toda prece, para ser ouvida, precisa sair de dentro do coração, do sentimento de confiança e de certeza no amor e na justiça de Deus. É essa prece que renova as energias, renovando até células do corpo físico, porque facilita a atuação dos Espíritos no processo do tratamento ou da cura.

As palavras, por mais belas que sejam, por si mesmas, não têm qualquer valor espiritual para tratamento e cura.

No segundo parágrafo, ele escreve que “os que estão privados da vista deviam considerar-se como os bem-aventurados da expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse que era necessário arrancar o vosso olho, se ele fosse mau, e que mais valia atirá-lo ao fogo que ser a causa da vossa perdição.” 

E explica que os privados da visão têm a chance de viver a vida das almas, a vida espiritual, podendo ver mais do que quem tem a boa visão. Isso, porque, pode, com mais facilidade, olhar para dentro de si e conhecer-se melhor, que é o primeiro passo na auto-educação do espírito imortal, no desenvolvimento de sua sensibilidade.

Pode também, com mais facilidade buscar o encontro com a Espiritualidade Maior, renovando-se constantemente, visto que está, pela falta da visão material, que o levou por caminhos ilusórios e tortuosos a infringir as leis do bem, sendo estimulado a não mais se enganar, nem repetir os mesmos erros.

Justifica assim, a resignação ativa de quem reconhece a justiça divina, dando nova chance a quem muito causou sofrimento a si e a outros, com oportunidades de novos aprendizados e novas realizações no bem.

“Oh! Sim, bem-aventurado o cego que quer viver com Deus! Mais feliz do que vós que estais aqui, ele sente a felicidade, pode tocá-la, vê as almas e pode lançar-se com elas nas esferas espirituais, que nem mesmo os predestinados da vossa Terra conseguem ver. O olho aberto está sempre pronto a fazer a alma cair; o olho fechado, pelo contrário, está sempre pronto a fazê-la subir até Deus.”

Conclama a jovem cega, motivo de sua evocação nessa reunião mediúnica, a esperar e ter coragem, na provação. Confiar em “Deus, que fez a felicidade e permite a tristeza”, prometendo-lhe fazer tudo o que puder em seu favor, mas, pede-lhe que ore e, sobretudo, pense em tudo o que acabou de dizer.

Kardec, esclarece após a comunicação, que sempre que uma aflição não tem causa na vida presente, podemos saber que ela está em uma vida passada, em função de justiça divina, que não age, arbitrariamente, havendo sempre correlação entre a falta e a pena , visto que o objetivo dessa última é sempre a reeducação de quem errou.

Assim, as causas da perda da visão podem ser: sua vista foi causa de sua queda; ele provocou a perda da vista de alguém, por feri-lo, ou por obrigá-lo a excesso de trabalho, ou em conseqüência de maus tratos, de falta de cuidados, etc .

Ainda não sabemos o que é melhor para nós. Pela nossa imaturidade espiritual, queremos sempre nos livrar das coisas que nos são desagradáveis, ou dolorosas.

Mas, se estamos em um mundo de expiações e de provas, vivendo um processo de desenvolvimento espiritual, o espiritismo nos ensina, e podemos isso comprovar, se analisarmos bem essas situações dolorosas e difíceis, que, quase sempre, elas nos levam a reflexões sobre o viver nosso e dos demais, levando-nos a melhorias internas.

Se a dor, a deficiência, a doença nos é benéfica, por que pedirmos a Deus que nos liberte delas?!

Façamos a nossa parte, procuremos a medicina, façamos o tratamento, aceitemos o que não pode ser corrigido, procurando sempre tirar dessas situações o melhor proveito para nosso próprio benefício, aprendendo e fazendo nosso crescimento espiritual.

* - Dados biográficos copiados do Jornal Mundo Espírita, julho de 2000, na Internet

Leda de Almeida Rezende Ebner
Novembro / 2007
 
Bibliografia:
KARDEC, Allan - " O Evangelho Segundo o Espiritismo "

 O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste centro.
 
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