Como conclusão, podemos admitir que pouco conhecemos de nós mesmos.

             Tudo quanto foi “vivido” através dos reinos, como estudado desde o início do capítulo IV, foi assimilado e abandonado no que hoje chamamos de subconsciente, mas, pronto para ressurgir se um impulso o excita ou algum fato o exija.

             Torna-se ou mantém-se esse subconsciente como zona dos instintos, das ideias inatas, dos reflexos adquiridos. Depositam-se ai os produtos substanciais da vida, tal como, por exemplo, as estratificações geológicas “contando” a vida vivida no planeta.

             No transcorrer dos milênios, cada vez que um “ato” era assimilado, a economia da natureza o relegava fora da consciência, porque, para substituir não mais dele precisava: -Logo que uma “qualidade” fosse apreendida, era abandonada aos automatismos, em forma de instinto, de caráter que se fixou na personalidade.

             Nesse processo, não há extinção nem perda, porque tudo subsiste, está presente, ativo. O impulso impresso na matéria fica e quando reaparece, exprime-se de modo autônomo, continuando na sua direção.

             Constituem – esses como raciocínios superficiais, elementares, algumas características inexplicáveis do instinto, bem como sua maravilhosa perfeição.

             No instinto a assimilação está terminada, uma vez que não mais está em fase de formação: existe por hereditariedade somando-se desde os passos iniciais da entrada do Princípio Inteligente nos campos do Existir. Age, tanto no animal como no homem, sem reflexão. A repetição constante, já estudada, cristalizou o automatismo numa forma que perfeitamente responde às forças ambientais que agiram de maneira constante: - superada está a fase de formação.

             Seu transformismo foi, é, garantido pelo cálculo de forças, adaptações, ações e reações, sensibilidade e registros em que se mesclavam forças reguladoras buscando um fim perfeito e exato.

             Nele, poder-se-ia dizer que a sabedoria está conquistada: superou-se a fase da tentativa e da necessidade de submeter-se a uma linha lógica em que a busca levaria à incorporação do melhor.

             Convenhamos que a razão cobre um campo muito mais extenso que o “limitado” do instinto – e nisto o homem supera o animal, dominando zonas que ele ignorava. Entretanto, em seu pequeno campo, ele, o instinto atingiu um grau de amadurecimento mais adiantado, expresso pela segurança do impulso que move em grau de perfeição não igualado pela razão humana que muitas vezes só reage compulsivamente, sem reagir, com perspicácia, planejamento, ideais na busca de respostas norteadoras, o que seria excelente, pela busca de um melhor.

             Em geral, no homem, a razão desponta como mera continuação do instinto animal constituindo-se como duas fases da consciência – a primeira já superada, funcionando automaticamente; a segunda, poder-se-ia afirmar – em vias de formação uma vez que não escolhe caminhos explicando os raciocínios acima.