212- O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO-ALLAN KARDEC

CAPÍTULO XXVI: DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER

ITENS 3 e 4: PRECES PAGAS

ITENS 5 e 6:  VENDILHÕES EXPULSOS DO TEMPLO

“Estando, porém, ouvindo-o todo o povo, disse Jesus a seus discípulos: Guardai-vos dos escribas, que querem andar com roupas talares*, e gostam de ser saudados nas praças, e das primeiras cadeiras nas sinagogas, e dos primeiros assentos nos banquetes; que devoram as casas das viúvas, fingindo largas orações. Estes tais receberão maior condenação. (Lucas, XX: 45 a 47, e semelhantes em Marcos, XII: 38 a 40; Mateus, XXIII: 14)

  “Chegaram, pois, a Jerusalém. E havendo entrado no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos banqueiros, e as cadeiras dos que vendiam pombas; e não consentia que qualquer transportasse móvel algum pelo templo.

E ele os ensinava, dizendo-lhes: Porventura, não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração entre todas as gentes? E vós tendes feito dela covil de ladrões.

O que ouvindo os principais dos sacerdotes e os escribas, procuravam um modo de o perder, porque todo o povo admirava a sua doutrina, e eles o temiam.” (Marcos, XI: 15 a 18; e semelhante em Mateus, XXI: 12 e 13.”  

Uma vez mais, vemos Jesus alertando seus discípulos a não usufruírem vantagens nas tarefas de divulgar as leis divinas.

Quando Jesus diz que eles “devoram as casas das viúvas, fingindo largas orações”, está combatendo as preces pagas, que deixam de ser um ato de caridade.

Por isso, Allan Kardec escreveu: “fazer pagar aquelas que dirigimos a Deus pelos outros, é nos transformarmos em intermediários assalariados. A prece se transforma, então, numa fórmula, que é cobrada segundo seu tamanho.”

  Somos Espíritos imperfeitos, vivendo um processo evolutivo que nos leva a atingir o determinismo divino da perfeição e da felicidade.

  Para isso, ele nos oferece um mundo de belezas mil, com oportunidades infinitas de desenvolvimento e aperfeiçoamento do nosso imenso potencial intelectual e moral, companhias semelhantes e ao mesmo tempo diferentes para nos relacionarmos, influenciando e ajudando-nos uns aos outros.

Deu-nos o livre-arbítrio para termos a oportunidade de fazer nossas escolhas, a fim de realizar nossa evolução, e deu-nos o tempo que quisermos para tal tarefa.

 Tudo isso e muito mais, de graça, como bênçãos, para estimular esse desenvolvimento, do qual ninguém está excluído.

E os homens, justamente, os que se dispõem a trabalhar na difusão das leis morais, põem preço nas orações em favor dos seus irmãos...

   Ninguém precisa de intermediário para dirigir-se a Deus e a Seus Mensageiros do Amor. Todos os filhos de Deus podem dirigir-se a Ele, nas suas súplicas, nos seus agradecimentos, porque Ele está em toda parte, em nós, ao redor de nós, como disse Paulo, em Atos dos Apóstolos, 17:28: “Em Deus nos movemos e existimos.”

Deus, a Perfeição Absoluta, presente, pois, em tudo e em todos, não precisa de intermediários para atender a Seus filhos, que não deixam nunca de o serem, mesmo quando infringem as Suas leis, ou quando não O percebem, ou não o aceitam.

Podemos, sim, orar a Deus, pedindo uns pelos outros, mas como uma ação de amor, de carinho, de vontade de auxiliar, de querer que os outros possam vencer as atribulações desta vida com confiança em Deus e em si mesmo.

Esperar retribuição por isso é tornar-se indigno de tudo que Deus concede a Seus filhos, a começar do seu próprio existir.

Um outro inconveniente das preces pagas é que a pessoa que paga se sente desobrigado de orar pelos outros, porque confia mais nas orações daquele que vai orar do que em si. Ela não se considera, na realidade, filha de Deus.

O espiritismo nos ensina que os Espíritos recebem, onde estiverem, as vibrações do amor, do fervor de quem ora por eles. Se alguém paga para outro orar, o que recebe o desencarnado dessa pessoa que pagou, ao invés de orar ela mesma?  “Não é isso reduzir a eficácia da prece ao valor da moeda corrente?” 

No texto sobre Os Vendilhões do Templo, Jesus deixa bem claro a sua condenação ao comércio de coisas que fazem parte das religiões, sob qualquer forma que seja, porque “Deus não vende a sua benção, nem seu perdão, nem a entrada no Reino dos Céus. O homem não tem, portanto, o direito de cobrar nada disso.”

*Roupas talares: “roupas eclesiásticas ou cerimoniais” (Dicionário Houais)

*Roupas talares são as apropriadas para cerimônias.

Leda de Almeida Rezende Ebner – Janeiro/ 2019

O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner, após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.