O Livro dos Espíritos

Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (Segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec).

LIVRO SEGUNDO

“MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

CAPÍTULO II – ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

QUESTÕES DE 132 A 148

I - Finalidade da Encarnação

II - Da alma

III – Materialismo

II – Da Alma – q. 134 a 146 a.

    Questão 134 – O que é a alma?

           - Um Espírito encarnado.

     Questão 134a – O que era a alma, antes de unir-se ao corpo?

           - Espírito.

     Questão 134b – As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?

           - Sim, as almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer”.

Para melhor entendimento vamos dividir o estudo em partes:

    Parte A – 1: Temos longo caminho filosófico a percorrer antes de chegarmos a essa síntese.

Vejamos:

     Desde a mais remota antiguidade, filósofos pesquisavam a natureza física e intelectual do homem questionando com insistência sobre o existir de uma alma.

     Embora tivessem como máxima “o conhece-te a ti mesmo”, não tinham certeza plena da sua constituição. Imaginavam-se compostos por dois elementos distintos – alma e corpo – residindo no homem um princípio inteligente. Quando esporadicamente se detinham em algum interesse a respeito, as pesquisas não iam além de hipóteses, logo deixadas de lado. Não aprofundavam raciocínios uma vez que se achavam mais interessados em descobrir a causa primária dos fenômenos do Universo. 

     Com Sócrates, (469/399 a.C.), surge estudo metódico do homem baseando a existência da alma em razões lógicas.

     Platão, (428/427 a.C.), leva mais longe esses estudos e admite, a exemplo de Pitágoras (571-570/348-347 a.C.), a existência de um mundo distinto dos seres materiais – o mundo das ideias – segundo o que a alma conhece as ideias pela razão; ela as contemplou em existência anterior à atual.

     A divulgação desse pensar foi alarmante, pois até então, limitavam-se a crer que a alma era feita ao mesmo tempo que o corpo. A teoria platônica admitia vida anterior.

     Aristóteles (384/322 a.C.), tão espiritualista quanto seus predecessores, reconhece não só a existência da alma como lhe acresce a imortalidade.

     Surgem escolas, facções contrárias. Leucipo (séc. V/370 a.C.), e Epicuro (341/270 a.C.), embora admitindo a existência dela, afirmavam que o conhecimento vinha através das sensações e, uma vez que ela era formada por átomos, sua sobrevivência ao corpo era impossível.

     Orígenes, (185/284 d.C.), Porfírio (233/305 d.C.), Jamblico (245/325 d.C.), ampliam as concepções vigentes acrescentando a pré-existência e a necessidade do regresso à Terra, afirmando que o homem é incapaz de em uma só encarnação adquirir soma de conhecimentos que o elevasse a condição superior.  Defenderam essa ideia com audácia e coragem contra os sectários do catolicismo nascente.

     Próclus (412/485 d.C.), foi o último reflexo desse foco intelectual, uma vez que a Humanidade ficou durante séculos sob as trevas da Idade Média.

     Embora, de modo geral, não se duvidasse da existência da alma nem da imortalidade, o tempo se constituiu de grande silêncio, pois os dogmas e o estigma do pecado que se adaptavam maravilhosamente ao espírito bárbaro das nações atrasadas, tornaram-nas impotentes frente a consciências tíbias, adormecidas.

Bibliografia:

Enciclopédia Delta- Larousse (vários volumes) e Gabriel Delanne em “O Espiritismo perante a Ciência”, cap. 1).