184 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - ALLAN KARDEC

CAPÍTULO XX: TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA - ITEM 3

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS

O autor, Henri Heine, cujo nome em alemão era Heinrich Heine, nasceu em Düsseldorf em 13 de dezembro de 1797, em família judaica. Foi estudar Direito em Bonn, mas, interessou-se pelos assuntos literários e fez cursos de literatura.

Em Berlim, frequentou os salões literários, e seguiu a filosofia política de Hegel.

Poeta e jornalista, ficou famoso pelos poemas e livros de viagem.

Desgostoso pelo clima anti-semita do país, emigrou para Paris, em 1831, onde se tornou correspondente de grandes jornais alemães, com temas  variados sobre o parlamento, a imprensa, o mundo artístico, o teatro e a música.

Sua influência foi enorme dentro e fora da Alemanha. Na segunda metade do século XIX, todos os poetas alemães pareciam heinianos.

Seus poemas sentimentais são plenos de infelicidade e lamentações amorosas, e alguns deles foram musicados por Shubert, Shumann e outros compositores. Dedicou-se também à poesia política, retratando situações da época, como Os Tecelões, inspirado na greve dos tecelões esfomeados da Silésia.

Como prosador, é considerado um dos mais ágeis da literatura alemã. Escreveu A Escola Romântica e Sobre a História da Religião e da Filosofia na Alemanha, no qual  escreve sobre um despertar revolucionário da consciência alemã  e, sobretudo, a sua crença  na importância do pensamento de Hegel.

Sofreu dificuldades financeiras, enfrentou conflitos políticos e a doença que lhe causou uma paralisia, desencarnando em 17 de fevereiro de 1856, em Paris. *

Na sua mensagem sobre a parábola dos trabalhadores da última hora, interpreta-a, como sendo os trabalhadores da primeira hora “os Profetas, Moisés e todos os Iniciadores, que marcaram as diversas etapas do progresso, continuadas pelos Apóstolos, Mártires, Pais da Igreja, Sábios, Filósofos, e, por fim pelos Espíritas. Esses, que vieram por último, foram, entretanto, anunciados e preditos desde o advento do Messias.”

Suas palavras ressaltam a vantagem do espírita, no conhecimento que tem, no aproveitamento do trabalho intelectual dos seus antecessores.

Evidencia a corrente de ensinamentos, cujos elos se ligam uns aos outros, formando uma unidade lógica e clara das leis do Pai. “O homem deve herdar do homem” e “os trabalhos e seus resultados são coletivos: Deus abençoa a solidariedade.”

Compreende-se, nas suas palavras a responsabilidade dos espíritas, no uso de todos seus conhecimentos, que devem levar à humildade necessária na aceitação dessa responsabilidade, porque esses últimos, somente, estarão entre os primeiros, se e quando seguirem o Mestre Jesus, no dia-a-dia, como ele o fez.

O Espiritismo, como o Consolador prometido por Jesus, veio recordar e esclarecer ensinos mais ou menos velados por metáforas e símbolos, usados por ele, pela impossibilidade de entendimento na sua época, como ele mesmo declarou: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito de Verdade, ele vos guiará a toda verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.” ( João, 16:12 e 13)

Assim, os espíritas têm uma concepção mais completa do contexto da obra divina, entendendo melhor sua condição de Espírito imortal, em um processo evolutivo, até desenvolver, plenamente, todas as suas qualificações nobres, através do seu livre-arbítrio, segundo o código divino, o que permitirá a essa humanidade ser, um dia, uma humanidade inserida na Vontade do Pai, que a todos criou para serem perfeitos e felizes.

Diz ele também, que “muitos dos antigos revivem hoje ou reviverão amanhã, para a obra que haviam começado”. Isso significa que alguns ou muitos dos espíritas são a reencarnação de Espíritos que integraram as fileiras das outras interpretações cristãs.             

Integram, hoje, a falange de Espíritos, ora encarnados, ora no plano espiritual, trabalhando no aprendizado, na vivência, na divulgação dos princípios do Espiritismo, estimulados pela fé raciocinada, que agora compreendem, impulsionados pela vontade de querer o seu progresso moral e o dessa humanidade.

“A reencarnação, esse belo dogma, eterniza e precisa a filiação espiritual”, ou seja, torna mais clara nossa ligação ao Pai, aos nossos antecessores, a nós mesmos.

É graças a esse sábio e misericordioso instrumento divino, que derroga a doutrina das penas eternas, incompatível com o amor e a justiça de Deus, que o progresso se faz tanto no individual, quanto no coletivo, provocando as transformações, que tornarão essa humanidade indisciplinada e rebelde em uma humanidade regenerada no bem, pelo bem e para o bem.

De forma mais ou menos inconsciente, “o Espírito, chamado a prestar contas do seu mandato terreno, compreende a continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada. Vê e sente que apanhou no ar o pensamento de seus antecessores. Reinicia a luta, amadurecido pela experiência, para ainda mais avançar.”

É assim que o Espírito, que já reconheceu que somente a razão aliada ao amor, pode efetuar seu desenvolvimento, de forma mais harmônica e agradável, colaborando, também, com o dos seus irmãos. 

E é assim, também que “todos, trabalhadores da primeira e da última hora, de olhos bem abertos sobre a profundidade da Justiça de Deus, não mais se queixam, mas se põem a adorá-lo”, vivenciando as Suas leis, no seu desenvolvimento e no dos seus irmãos, recebendo o salário correspondente à qualidade das suas obras.

O autor destaca, nesta interpretação da parábola, a exposição de Jesus sobre a evolução da humanidade, “as linhas do futuro”, a unidade que liga todas as coisas e a solidariedade que liga todos os seres atuais ao passado e ao futuro, na qual, percebemos que, na conquista da meta evolutiva, todos os trabalhadores, independentes da hora em que atenderam o chamamento divino, receberão o mesmo salário: a perfeição e a felicidade.

* – Dados biográficos extraídos do texto publicado no Jornal Mundo Espírita, em fevereiro de 2000.

                                                         Leda de Almeida Rezende Ebner – Setembro/2016

O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.