LIVRO SEGUNDO

“MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”

CAPÍTULO I – DOS ESPÍRITOS

   QUESTÕES DE 76 A 131

I – Origem e Natureza dos Espíritos – 76 A 83

II – Mundo Normal e Primitivo – 84 A 87

III – Forma e Ubiquidade dos Espíritos – 88 A 92ª

IV – Perispírito – 93 A 95

V – Diferentes ordens dos Espíritos – 96 A 99

VI – Escala Espírita – 100 A 113

VII – Progressão dos Espíritos – 114 A 127

VIII - Anjos e Demônios – 128 A 131

PERISPÍRITO - APANHADO GERAL - q. 93 a 95

3 – PERISPÍRITO – NATUREZA e PROPRIEDADES 1: 

Neste estudo, três itens são de capital importância:

 - natureza e origem do períspirito, que de certa forma já abordamos ao estudá-lo, que ambos, corpo físico e perispírito são matéria só que em condições e estados diferentes, “... passando de um mundo para outro o Espírito se reveste da matéria própria desse mundo” ou “... passando de um mundo para outro o Espírito muda de envoltório como mudais de roupa”(OLE 94).

 - propriedades do períspirito, isto é, qualidades especiais de modo que as manifestações espíritas não são mais que efeitos dessas propriedades.

Sendo o pensamento um dos atributos do Espírito, ele atua sobre a matéria e pode:

• impressionar os sentidos;

• transmitir pensamentos;

• variar aparência;

• expandir;

• irradiar;

• dilatar;

• contrair;

• condensar;

• transformar;

• penetrar;

• assimilar fluidos bons ou maus;

• reparar tecidos;

• transmitir pensamentos, enfim, modificar-se ao infinito.  

Sua natureza semimaterial é que lhe permite ser assim flexível, expansível segundo a vontade do Espírito que pode dar-lhe a aparência que queira. 

Sem períspirito, o Espírito propriamente dito, em virtude da sua natureza etérea, não pode atuar sobre o corpo físico – precisa desse elemento intermediário que o liga a ele. Reside nele, portanto, a chave de todos os fenômenos de ordem espiritual e material, as possibilidades de comunicação com os Espíritos: “... o princípio de todas as manifestações reside nessas propriedades do períspirito que pode sofrer todas as modificações sob a direção da vontade do Espírito” (OLM cap.VI, 100/21).

Não ficando circunscrito ao corpo físico, irradia-se em torno dele em atmosfera fluídica e é ai que encarnados e desencarnados assimilam fluidos “... com a mesma facilidade como uma esponja se embebe de um líquido” (G XIV 18) e assim atrai ou repele presenças. 

Por essa propriedade de assimilar fluidos do ambiente pode-se entender a matriz de várias enfermidades: o períspirito atuado por determinados fluidos reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular: se os fluidos são bons, o corpo se ressente de impressões boas; se maus, penosos, permanentes, fortes, enérgicos, podem ocasionar desordens físicas. Essa propriedade é inerente tanto a encarnados como a desencarnados – pensamento é força que dependendo do teor evolutivo do Espírito pode dar origem a sem número de alterações boas ou ruins. Os fluidos são transmitidos perispírito a períspirito e deste ao corpo físico. 

Por ser traço de união entre a vida física e espiritual explica-se a dupla vista ou vista psíquica na qual o encarnado não vê com os sentidos materiais, mas com a alma, com os sentidos espirituais ou psíquicos.

 Pela propriedade de irradiação, o Espírito se desprende pelo fato que não é preso ao corpo físico. Todas as vezes que o corpo repousa, o Espírito se emancipa, percorre o espaço, vai a lugares, confabula com encarnados e desencarnados. Esteja onde estiver, tão logo sinta ser necessária sua presença, retoma o curso da vida exterior, conservando ou não lembranças, sensações mais ou menos vagas, ficando sempre instruções, ideias imprecisas do vivido.

 Matéria e períspirito sem Espírito são insensíveis. Unidos corpo, períspirito, Espírito transmite, por exemplo, a sensação da matéria para o Espírito via períspirito. Desse modo, qualquer lesão no corpo repercute no Espírito como se fora um choque elétrico. Em momentos de sobre-excitação o indivíduo muitas vezes ferido, não sente a dor que será superlativa quando o momento dramático passar. O que aconteceu foi a retração do períspirito que produziu insensibilidade momentânea. Estudamos as propriedades de transmissão e contração.

Para aprofundamento, encontraremos bibliografia em “A Gênese” – cap. X e XIV: “Deus na natureza” – Camille Flammarion II; “Revista Espírita” ano 1866 pag. 67-71 a 77; 1861 – pag. 45 e 1868 pag. 166 – 1859 pag. 80; “Evolução em Dois Mundos” cap 1; “Mecanismos da Mediunidade” cap III, ambos de André Luiz e “O Livro dos Médiuns” itens 75-77 e 98. Também no livro Educação Mediúnica – Teoria e Prática - vol 1 - Ribeirão Preto: BELE, 2005 de Leda Marques Bighetti. Para enriquecimento do tema remetemos ainda a: Gabriel Delanne – Evolução Anímica, Hermínio C. Miranda – A Memória e o Tempo, além dos citados ou transcritos no texto.