Estudar a Filosofia Espírita propicia a visão de Deus como meta para o
Espírito encarnado.
No entendimento espírita Deus, além de criar os Espíritos, dotou-os da
máxima perfectibilidade possível preordenada à perfeição de cada um.
Por esse arcabouço anímico, todos, sem exceção estão fadados a ser
puros Espíritos, quando então fruirá da máxima felicidade por toda eternidade.
Pela vontade de Deus, nenhum Espírito se perderá. Todos chegarão à meta, mais
cedo ou mais tarde. Só assim se pode compreender a misericórdia divina como
infinita, entretanto Deus pela ação de suas leis, não deixa nenhuma falta sem
correção, no sentido do aperfeiçoamento, do reequilíbrio de cada um. Assim
garante que todos atingirão a perfeição. Se por um lado, é infinitamente
misericordioso, facultando oportunidades através das reencarnações que
representam recuperação, oportunidades, por outro lado não exime ninguém do
dever de reparar mais cedo ou mais tarde todos os desequilíbrios.
Essa compreensão é específica da Doutrina Espírita e se torna o centro
de um sistema próprio de educação religiosa, que não pode ser nem dogmática nem
catequética. Deve sim, ser conduzida por apelos à razão do educando no
desenvolvimento progressivo do seu senso crítico.
O educador, o evangelizador, o homem a crescer, é aquele que precisa
ter sólida religiosidade, consciente aceitação do princípio da existência de
Deus.
A educação religiosa encontra perfeito fundamento na Codificação:
“O primeiro e o
mais geral é o de desenvolver o sentimento religioso até mesmo naquele que, sem
ser materialista, seja indiferente às coisas espirituais”. (O L.E. Concl. VII, § 4).
Só essa dimensão é que dará consciência da origem divina e do fim
último, não, porém, o ensino religioso convencional. Ao contrário, cumpre
idealizar conteúdos, métodos e objetivos originais, coerentes com a concepção
espírita tanto do Criador quanto da educação, educando e educador coerentes com
os indicadores doutrinários.
No conteúdo pedagógico, não podem estar ausentes as
discussões sobre a origem divina do homem, sua natureza espiritual, a condição
de ser reencarnante, objetivos que se configuram como fatores necessários ao
desenvolvimento da espiritualidade.
Quando se fala de abordagens nesse sentido, há quem pergunte: Não será
perigoso ensinar reencarnação às crianças e adolescentes?
“Ensinar às
crianças o princípio da reencarnação, da lei de causa e efeito, da presença do
anjo guardião em suas vidas, da comunicabilidade dos Espíritos e assim por
diante, é dever inalienável dos pais e educadores espíritas. Pensar que isso
pode assustar as crianças e criar temores desnecessários é ignorar que as
crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e também que estão mais
próximas do mundo espiritual do que os adultos”. (Educação Espírita nº 5 – p. 20/21 Edicel)
Concluindo, frisar que o educando, o aluno, o homem é a sua alma,
portanto o sistema educativo deve centrar-se no Espírito, uma vez que é o único
componente que permanece na sucessão das encarnações e dos mundos pelos quais
transita ou transitará.
Estamos estudando, portanto a educação do Espírito. Seja qual for a
situação em que se encontre, criado com potencialidades, encontrará em si
forças para superar-se e vencer. Se vinculado a uma filosofia racional, mais
fácil será conduzir-se. Se esta explica motivos, a educação religiosa contida
em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” exibe no modelo - Jesus - os possíveis
caminhos dispostos à livre escolha de cada um.
Esse caminhar ou esse método pedagógico levará à tomada de consciência
de si mesmo que, em síntese, é a retomada de um caminhar focado no Espírito que
é.
Nesse momento, ele deixa de ser filiado a esse ou aquele rótulo para
exteriorizar sua religiosidade em todas as situações, em meio à massa, sozinho,
em qualquer lugar uma vez que inteiro, em sentimentos, pensamentos, palavras e
atos, onde estiver, irradia o Bem que já habita em si.
Leda Marques Bighetti – Dezembro/2016 |