Educação do Composto Humano - O Perispírito - 3/3

          Se o homem, em essência, é sua alma, a preocupação maior deve centrar-se no Espírito uma vez que é o único componente que permanece na sucessão das encarnações e dos mundos que habita.

Caminheiro de muitas etapas traz lastro das inúmeras existências, que por não terem sido trabalhadas, submete-o a condições quase sempre delicadas.

Frente a esses arroubos, que aparentemente surgem acostumados a relacionar-se com eles através de castigos físicos, flagelações, sacrifícios, promessas e recompensas, é descomunal a luta de se formatar em responsabilidade individual, com fundamento nos princípios espíritas da reparação na proporcionalidade relativa ao grau espiritual de cada um.

Daí a importância de despertar para usar a razão, questionando não exatamente porquês uma vez que sabe estar em colheita dos aspectos que necessita para não mais reincidir.

Sem perder de vista o sentimento, esse apelo à inteligência deverá estabelecer operações concretas que se exteriorizariam em não mais fazer ou sublimar em direções novas, altruístas em ações diferentes daquelas que o instinto pede.

Nesse sentido, a filosofia grega, através de Sócrates, sugere algo muito importante nesse descobrir-se para renovar. Estamos falando da maiêutica, na qual pelo interrogatório que o homem faz consigo, propicia afloramento de ideias inatas, de impressões que só a preexistência da alma pode explicar, colocando o próprio Espírito com o que está latente no inconsciente. Através desses questionamentos, chega a conhecer-se, descobrir também coisas belas, deixar que detalhes aflorem ao consciente. Conhecendo-se nesse lado, tem coragem para dinamizar-se.

Vemos que as lembranças do pretérito, não importam se positivas ou piores, construíram-se pela repetição formando hábitos, de forma que, na maioria das vezes, está o homem pronto para reagir.

As reflexões a que nos permitimos hoje mostra o belíssimo desafio que convoca cada um, para, conhecendo-se, reeducar-se, isto é formar hábitos diferentes daqueles incrustrados.

Isso é tão importante, não só pelo valor que o ser demonstra em modelar-se bonito, probo e leal no caráter que se enquadra no item doutrinário quando ensina que:

“... aquele que progrediu moralmente traz, ao renascer, qualidades naturais, como o que progrediu intelectualmente traz ideias inatas; identificado com o bem, pratica-o sem esforço, sem cálculo e, por assim dizer, sem pensar. (OLE 894).

O estudo propõe, segundo o dizer de Aristóteles de que “... o hábito é uma segunda natureza”, para na atual encarnação, tomarmos o processo educativo nas mãos e empenhar-nos na formação de bons hábitos intelectuais e morais. Enriquecer o consciente de tal forma que um dia no tempo as lembranças intuitivas sejam facilitadoras para compreensão da bênção de estar encarnado avivando aquele ponto de partida referido em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (VIII, 4 § 2) a partir do qual o Espírito “... renasce maior, mais forte moral e intelectualmente, sustentado e secundado pela intuição que conserva da experiência adquirida”.

Leda Marques Bighetti – Outubro/2016

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2024/11/23 | 08:17:13

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