Ensina-nos
a Doutrina Espírita que somos um ser trinário, composto de corpo físico,
períspirito e Espírito.
Esses
três elementos assimilam-se entre si, isto é, tornam-se iguais, semelhantes,
passando a ideia de que não estão superpostos ou encerrados um no outro. A
união ou essa assimilação se dá por união acidental uma vez que a alma pode ter
vida independente do corpo físico após o desaparecimento deste.
Qual
seria a função de cada um desses componentes?
O
corpo físico é visto ou entendido como acessório de natureza material, animal,
evolutiva. Tem a função específica de abrigar o Espírito; contatá-lo com o
mundo exterior, possibilitar oportunidade de progresso através das
oportunidades com que conviverá. Através delas resgatará possíveis culpas,
desempenhará missões, testar-se-á diante das provas, representando cada
acontecimento ferramenta para avaliar-se, dinamizar, fortalecer o ser
espiritual.
Nessa
mecânica, evolui, isto é, encontra-se em constantes mudanças no sentido de uma
materialidade menos grosseira, mais fluídica.
O
períspirito é o intermediário de natureza semi-material tendendo para o estado
espiritual. Tem como função ligar o Espírito ao corpo; estabelecer comunicação
entre eles; concretizar o Espírito; produzir os fenômenos espíritas; exercer as
funções psicossomáticas. Sua natureza evolui desde a condição da matéria,
confundindo-se com o corpo até a depuração total quando se confundiria com o
Espírito puro. Com a morte do corpo físico desprende-se dele e acompanha o
Espírito. Na passagem de um mundo para outro, abandona-o no espaço de origem;
reveste-se dos fluidos do novo componente energético em que passará a viver,
porém, sempre direcionada essa formação pela qualidade do Espírito que reveste.
Espírito
– é o essencial. Sua natureza é de imaterialidade relativa; incorpóreo tem por
essência a inteligência que se confunde com o próprio Espírito num todo comum;
é o princípio inteligente e moral; imortal, não tem forma; é simples e
indivisível. Tem a função de pensar, centrar os outros dois envoltórios quando
encarnado; sediar o pensamento e o senso moral; imprimir movimento aos órgãos;
modelar o corpo físico; manifestar-se e irradiar-se em todas as direções; atuar
indiretamente sobre a matéria.
Sua
origem remota resulta da individualização do princípio Inteligente através dos
diversos graus da animalidade. Na conclusão de sua individualização, torna-se
um Espírito humano simples e ignorante, mas com aptidão para tudo conhecer
estando apto a encarnar na espécie humana.
De
encarnação em encarnação vai se depurando da influência da matéria, de um mundo
para outro, de grau em grau espiritual.
Ao
termo de cada vida física, sobrevive, conservando a individualidade e tudo
quanto conquistou como potencial anímico intelectual e moral. No tempo ou
diante de necessidade específica, reencarna em outro corpo físico e, assim,
sucessivamente até atingir o estado de perfeição relativa, felicidade
inalterável como Puro Espírito.
Respondendo
a quem sou, nesta perspectiva, estando encarnado, sou artífice, construtor
desse processo evolutivo, uma vez que o Espírito agrega em si valores na medida
em que na vida física, educa aptidões e faculdades que jazem em estado
potencial.
Resumindo:
a vida é a grande educadora e nela somos educandos que se apresentam com
instintos da espécie ligados a fatores hereditários; complexos, traumatismos
decorrentes das relações familiares, da infância, informações socioculturais
deformadas, cargas inconscientes de vivências anteriores benéficas e maléficas
prontas a aflorar frente a estímulos atuais, emoções reprimidas, enfim, bagagem
incontável aparecendo no presente e transformando a vida, quando o ser a
entende com essa função estudada, num espetáculo único, desafiador,
interessante, belo, principalmente pelos aspectos transformadores que propicia.
Em
face dessa consciência, hoje, como entendo a vida? Quem sou eu? Em que estágio
me situo dentro da dinâmica imortal?
Leda Marques Bighetti – julho/2016 |