Espiritismo e Inferno

Releitura de títulos desenvolvidos pelo Espírito Vianna de Carvalho em 1983 em “À Luz do Espiritismo” na psicografia de Divaldo Pereira Franco. Títulos mantidos em abordagens livres.

 

Espiritismo e Inferno

    

     O sábio Laplace no seu “Ensaio Filosófico acerca das Probabilidades” escreveu que “... a medida que o fato se torna extraordinário a probabilidade da mentira cresce”...

     Continuava postulando... “que não juntaríamos fé ao testemunho de um homem que jogando com dados ao ar, nos afirmasse que cairiam do mesmo lado”... senão depois que por experiência pessoal comprovássemos que era real e que não estávamos sendo enganados.

     Foi, talvez, por esse motivo que a Teologia, opondo-se a Ciência, ao bom senso e à razão, utilizando-se da mitologia greco-romana, criou imagens terrificantes para justificar suas descabidas concepções a respeito das punições  que as leis divinas impunham àqueles que transgrediam a ordem e o dever.

     Propagou-se em velocidade alarmante a lenda das Danaides, a roda de Íxion, o rochedo de Sísifo, generalizando a concepção do Tártaro no qual as almas sofrem horrores nunca sucumbindo, ardendo sem atenuantes ou socorros possíveis, numa eternidade ilimitada e sem fim. É o inferno que se atinge depois da travessia das águas do Estige na barca de Caronte.

     Essa localização geográfica definida, esse inferno teológico, embora não existindo foi crença intensa nesses povos face ao temor de que as almas deixadas sem atravessar o rio ficariam por cem anos do lado dos vivos, podendo perturbá-los interferindo em suas vidas.

     Trazendo esse pensamento de regiões definidas de punição e dor, a Doutrina Espírita explica que “inferno” passa a existir para a consciência ultrajada  na razão violentada daquele que desrespeitou as leis imutáveis da Criação.

     O inferno que assoma à consciência do homem realiza-se na intimidade da mente encarnada com o material derivado das escolhas infelizes. Fixando-se no ser espiritual torna-se patrimônio nefasto a requerer espaço mental hígido, saudável.

     Foi por essa razão que Jesus, procurando elevar-nos às excelências do céu, afirmou que este está dentro de cada um, como a dizer que inferno ou céu são resultantes das pessoais aquisições.

     Podemos admitir a existência de regiões punitivas e redutos de dor e aflição, nas quais, por afinidade se aglomeram aqueles em que o montante dos atos infelizes, assomando à consciência cerceia, impede o livre ir e vir  que  se restabelecerá tão logo haja  renovação mental. Dai para frente, após intensa preparação, retornarão a Terra pela bênção da reencarnação, recapitulando experiências que terão como escopo o reequilíbrio rompido.

     Na benção da Vida, distendendo os braços na gentileza, bondade, esperança, trabalho no Bem, situando desempenhos em nobres aspirações, são alguns dos meios  para que o inferno que se apregoa existir não encontre espaço no íntimo de cada um.

     Constituem essas reflexões como importantes para que se passe a encarar a benção da vida como um preparo a uma passagem tranquila, calma, serena.

     Não mais uma esperança a confortar, mas, certeza de que vida futura é prosseguimento, continuação de um romper do dia após noite que se finda.

     Os motivos dessa confiança decorrem dos fatos testemunhados e da concordância deles com a lógica e justiça de Deus Pai, sobretudo, misericórdia, amor que não pune, mas oferece continuadamente oportunidades que se renovam a cada dia convidando cada qual a operar por si e em si a pessoal renovação.

 

 

Leda Marques Bighetti – Novembro/2015
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2024/11/21 | 14:01:07

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