Releitura de títulos desenvolvidos pelo Espírito Vianna de
Carvalho em 1983 em “ À Luz do
Espiritismo” na psicografia de Divaldo Pereira Franco. Títulos mantidos em
abordagens livres.
Espiritismo e Razão – Reencarnação - 1
O
século XVIII findava em meio a terrível caos político social no qual se
mesclava o sangue à revolução das ideias.
A
aceitação da fé cega que afirmava tabus, enclausurada em dogmas, perdia
credulidade ante os novos estímulos do racionalismo intelectual.
As
crenças positivas, a filosofia dividida em várias escolas que lutam pela
dominação das consciências, nesse momento de transformações abria portas para o
desrespeito e a anarquia.
Na
ânsia de encontrarem a liberdade proclamou-se o dogma da Razão Absoluta
inaugurando nova era do saber em que o pensamento submerso na fé cega saia para
outro cárcere, o da Razão oferecendo conclusões de que só ela era capaz de
interpretar o verdadeiro conhecimento.
A
Ciência firmou-se na posição de que todos os fenômenos e ocorrências eram
explicados como causas naturais.
Foi
nesse tempo de inadiáveis renovações que Allan Kardec inspirado pelos Espíritos
Superiores escreve: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a
lei”, apresentando resposta concisa, certa para a inteligência daqueles que só
confiavam na razão.
Surgia
ao estudo e à observação da crítica uma Doutrina baseada na lei dos
renascimentos. Amparada no bom senso, apenas mostrava leis naturais, porém,
inabituais.
O
racionalismo científico que tinha fé nos seus postulados não solucionara as
questões vigentes na filosofia que, questionando, exigia respostas.
A
herança filosófica atravessando os séculos continuava indagar: Quem somos? Por
que nascemos? De onde viemos e para onde
vamos? – questões que as bases de então não dispunham de elementos para
responder.
Se
voltassem ao passado encontrariam Sócrates, Platão, Pitágoras, Aristóteles,
cada um há seu tempo, preconizando haver uma alma imortal distinta do corpo
mortal.
Como
reduzir, desdizer, anular raciocínios daqueles que eram considerados como
pais do pensamento filosófico universal?
Outro
detalhe:- a doutrina dos renascimentos que o Espiritismo proclamava não é
criação de momento; é pedra angular das inúmeras religiões do passado: os Vedas
“... novos laços com outros corpos em outros mundos”, Buda, Krishina, Orígines,
Paracelso, Giordano Bruno, Santo Agostinho, Gregório de Nissa, Cícero, Ovídio,
Próculo, Sêneca, Apolônio de Tiana, homens ilustres apresentando as vidas
sucessivas como única explicação em face de tantas desigualdades sociais.
Culminando,
Jesus falando ao sábio Nicodemos da “... necessidade de nascer de novo”, centra
seus ensinos na grande doutrina da reencarnação.
Com
Allan Kardec, a Ciência Espírita explica essa filosofia, nova na apresentação e
velha na História, baseando-a na sábia lei de causa e efeito na qual toda ação
produz reação equivalente.
Essa
filosofia iminentemente espiritualista, como era de se esperar, causou profundo
choque com a razão soberana.
Allan
Kardec prossegue e, em lógica invulgar, expõe os fundamentos da alma,
explicando a luz da razão, sua fonte de origem, sua jornada, seu porto de
destino.
O
Homem deixa de ser vítima de forças anárquicas para ser construtor da pessoal
caminhada e por decorrência do próprio futuro.
Leda Marques Bighetti – Janeiro/2015 |