“O Porquê do Espiritismo no Brasil - tema 1”

     Ordenando livros em desacerto na sua ordem, folheando um bem antigo e de autor importante para o pensamento espírita –Victor Hugo – deparamos com matéria sobretudo curiosa pelo título com que se destaca.

     Estudando-a, em meio às reflexões complexas e ricas, foi-me importante, como que, equacionar uma forma sequente dos fatos, uma vez que no original, o autor a dilui entre inúmeras observações comuns ao tempo, à época, ao seu estilo. Foi nesse objetivo, que se insere a promessa da vinda do Consolador, que no texto original não consta, mas que oferece ideia de algo amplo totalmente desvinculado do espocar de um momento.

     “Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece. Mas, quanto a vós, vós o conhecereis porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Santo-Espírito, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenha dito”. João, XIV, 15 a 26.

     Diz o original, que quando se organizavam os roteiros para o advento do Consolador na Terra, mediante a Doutrina Espírita, os abnegados e sábios Mentores da França, foram informados de que ali se iniciaria o programa, que, todavia, se iria fixar, por algum tempo, em outro país, de onde se dilataria, abraçando todo o planeta ao largo dos séculos ...

     A “alma francesa” contribuiria com o tesouro cultural para os primórdios da “fé raciocinada”, contudo seria num continente jovem, num povo em formação, no qual se caldeavam raças e caracteres, que mais ampla e facilmente se desenvolveria, especialmente levando em conta a falta de “carmas coletivos” naquela nacionalidade.

     A França, onde renasceram os atenienses, estava assinalada por glórias e misérias, guerras externas e lutas intestinas que lhe não permitiriam, por enquanto, a dilatação dos ensinos cristãos nos enfoques da vivência moderna, demonstrando moralmente a grandeza do Espiritismo.

     Desse modo, tão logo estivesse implantado o ideal espírita, seria trasladada a “árvore evangélica”, de cuja seiva a ciência se sustentaria para os arrojados cometimentos futuros e em cuja filosofia racional as criaturas se nutririam, adquirindo o vigor para as existências enobrecidas.

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     Vitor Hugo, no texto, remonta a dezenove séculos atrás quando os Amigos Espirituais desde então, acompanhavam um sacerdote druida. Anteciparam a reencarnação em Paris de grande parte de seus amigos de então, para que as ideias humanistas, filosófico-cristãs amadurecidas, pudessem germinar nesses tempos novos.

     A revolução francesa abria campo a anseios de felicidade. Paris dispunha dos requisitos culturais e tradições de inteligência propícios aos planos espirituais maiores.

     A Ciência, libertando-se dos dogmatismos, partia para a experimentação; a Filosofia buscava edificar o futuro em bases descompromissadas com qualquer vinculação precedente.

     E a Religião?

     Esta se digladiava reciprocamente em rivalidades totalmente desvinculadas do Cristianismo. Em nada acenava com o Amor que libertava consciência para a vigência de um reino de fraternidade.

     O povo ateniense que a habitava, não era presunçoso, mas, consciente das próprias conquistas era tudo quanto lhes bastava.

     Mesmo assim, esperava-se que o impacto de uma Ciência nova de conteúdo filosófico, tivesse alguma repercussão, o que não aconteceu.

     A imortalidade confirmada através da comunicação mediúnica, não tinha segundo eles, estrutura experimental para se firmar; as contradições resvalavam para o fanatismo, acusações, reencarnacionismo oriental, pitagorismo, idealismo grego, formas convencionais para explicar a origem da vida, o homem, as causas das aflições, destino e finalidade do ser na Terra...

     Ainda assim, era aquele o país que reunia condições e só Paris reunia os requisitos culturais e tradições de inteligência para o que se devia desenrolar.

     Devagar, sem pressa, os Espíritos benfeitores do homem, estabeleceram que dali partiriam as diretrizes imbatíveis para o pensamento do homem do futuro.

Continuação do artigo no mês de novembro/2024 - Leda Marques Bighetti – outubro/2024

 


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2024/11/21 | 10:13:30

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