O que é um
romance?
É obra
literária que narra enredo, passagens, ambientes, em que se desenrolam fatos
que pretendem ser interessantes e com isso prender a atenção do leitor.
Pode envolver
fatos, costumes, formas, épocas, personagens, história e oscilando entre a
ficção e a realidade.
Há os que
fixam seu enredo na luta entre bem e mal, idealismo, amor a alguém ou à pátria.
O mais a gosto do púbico é o que exibe o herói, cavalheiro e a mulher sofrida,
romântica, à espera do “salvador e provedor”. Termina com final feliz após
verdadeira saga.
Em síntese –
quem diz romance, fala em imaginação. A essência foi, é, representar um assunto
fictício, tanto em relação aos fatos, como em relação aos personagens.
Ainda assim,
há algumas normas que devem nortear a execução do texto como qualidade do
estilo, detalhes que mesmo não sendo verdadeiros ou não tenham acontecido,
sejam verossímeis e se adaptem ao meio no qual a ação se realiza. O leitor deve
ser transportado ao tempo, lugares, emoções e possibilidades da trama.
Pode-se usar
esses detalhes em relação aos Espíritos?
Todos os
assuntos podem receber ideias, enredos. O que o leitor precisa é ser exigente,
no sentido de, conhecendo bem o assunto, ter condição de ajuizar a fundo o
assunto sobre o qual o texto versa.
Aquele que não
conhece, mas acha lindo – alguém que machucou alguém, renasce, encontra esse
mesmo alguém e aí, em meio a mil acontecimentos, paga dívida e fica tudo bem...
Isso não existe.
É necessário
conhecimento profundo da Doutrina?
Necessariamente não, mas que contenha ou o enredo se enquadre nas
oportunidades que a vida oferece para agindo melhor, semear reconciliações
através do mundo e não com pessoas determinadas por ações menos infelizes do
tal passado.
Como exemplo,
em 1865, Théophile Gautier, famoso escritor, contemporâneo de Vitor Hugo,
escreve um romance – “Espírita” *- (era o nome da jovem) e se desenvolve em
situações tão sérias na abordagem de fenômenos anímicos, que é considerado como
sendo o primeiro romance espírita. A ideia e pensamentos são essencialmente
espíritas, desenvolvidos com delicadeza no qual destaca o pensamento espírita
e, na época, em muito contribuiu para divulgação do pensamento doutrinário.
Muitos
advogam: “o romance é excelente, pois, para mim, foi fator despertante de
interesse para querer conhecer mais”.
Não se está
invalidando o romance; ele é sim e na grande maioria dos casos, funciona como
transição para o conhecimento doutrinário real. Vejamos a qualidade dos
romances históricos de Emmanuel que esclarecem doutrinariamente, elevam,
mostram opções em caminhos.
De modo geral,
há que se ter cuidado. O mercado livreiro, muitas vezes não se atém à qualidade
doutrinária. O interesse comercial se sobrepõe e mantém vendas aquecidas,
embora divulgue o superficial da crença.
Fecho o texto
com transcrição do capítulo II, item 8 de “O Livro dos Médiuns” no qual o
Codificador insere:
“O Espiritismo
não pode considerar crítico sério senão aquele que tenha visto, estudado e
aprofundado com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso;
quando do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído; que haja, por
conseguinte, haurido conhecimentos em algum lugar que não em romances ...”
A Doutrina
Espírita tem caráter educativo, portanto toda obra que use o adjetivo –
espírita – deve qualificar-se como tal.
•“Espírita” foi editado pela Casa Editora O Clarim e está
no mercado sob o nome de “O Ignorado Amor”
Leda Marques Bighetti - setembro/2024 |