A matéria decorre de leitura feita na
Revista Espírita, julho/1865, que narra a experiência de uma mãe que solicita a
um excelente médium que buscasse comunicar-se com sua filha, jovem de dezessete
anos, que morava em Dijon.
Preparados, conforme eram os costumes, o médium descreve o apartamento e
vê jovem deitada, adormecida. A mãe faz
perguntas; o médium diz que espere porque nesse momento ela se encontra jungida
ao corpo. Após algum tempo conclui: “Ela chegou; está aqui nesta sala na Vila
Ségur, atraída por vosso pensamento. Ela vos vê e vos escuta. Tudo o que aqui
se passar, para ela será como um sonho, pois, ao acordar não se recordará”.
A pergunta que se seguiu seria no sentido que se esclarecesse se tudo
não poderia ser efeito da imaginação.
Imaginação, entendimento, não são produto da matéria física, daí ser
justo procurar uma causa espiritual.
A Doutrina Espírita age com tranquilidade na relação entre mundo
corporal e espiritual. Demonstra que o sonho, assim como vários outros
fenômenos são variantes de um mesmo princípio: a emancipação da alma, mais ou
menos desprendida da matéria.
Entre os sonhos, há alguns que têm caráter altamente positivo e que não
poderiam ser atribuídos a simples jogos da imaginação. São aqueles em que, ao
despertar, o ser se depara com realidade que não esteve pensando, mas que lhe é
altamente útil, necessária e importante especificamente naquele momento; é
difícil de explicar como se processa essa ação – simplesmente o ser sabe como
agir, embora a situação para ele seja nova.
O médium anteriormente citado, participando dessas reflexões, divide os
sonhos em três categorias elencadas pelo grau das lembranças que deixa. Assim:
1 – Os sonhos são provocados pela ação da matéria e dos sentidos sobre
os Espíritos – o organismo representa papel preponderante pela última união
entre o corpo e o Espírito. A pessoa lembra claramente, conserva impressão
durável, muito embora haja falta de clareza para a interpretação.
2 – Sonhos mistos, nos quais participa ao mesmo tempo matéria e
Espírito. O desprendimento é mais completo. Recorda dele ao acordar para o
esquecer quase que instantaneamente, podendo surgir como leve lembrança, caso
durante o dia, desperte algo. Ainda assim, será fugidio, de relance.
3 – Sonhos etéreos ou puramente espirituais – vividos só pelo Espírito,
que voltando à vigília, de nada se recorda.
O sonho descrito na experiência transcrita, pertence a terceira
categoria. O Espírito que trouxe a jovem – Carita – diz que o objetivo é que
ela conserve um pressentimento do bem que pode adquirir; uma crença firme,
pura, na qual descobrirá o quanto pode crescer, enquanto também o faz aos
outros.
O texto descreve o diálogo desenvolvido com a mãe e termina:
“São esses sonhos inconscientes que proporcionam essas sensações
indefiníveis de contentamento e felicidade de que a gente não se dá conta e que
são um antegozo daquilo que desfrutam os Espíritos felizes”
Leda Marques
Bighetti – Agosto/2024 |