O Dicionário
significa solidariedade como “sentimento de simpatia, ternura ou piedade pelos
pobres, pelos desprotegidos, pelos que sofrem, pelos injustiçados”.
Praticamente
seria disposição favorável para com alguém ou um grupo que estivesse ou esteja
em alguma dificuldade, e nesse sentido, caracteriza-se apenas como um
sentimento igual a outro qualquer.
Será apenas com
esse interesse, que até pode ser motivado por algo inusitado em favor geral,
que estabelece raízes no ser que propiciem nova ordem em seus relacionamentos
sociais?
Na realidade,
solidariedade não dorme no sentimento – exige ação. Deve ou deveria estar
inserida no Espírito, não apenas quando das dificuldades, aos que nos são
simpáticos de crenças, conhecidos, queridos, mas disponível em abertura sem
limites a desconhecidos, antagônicos na forma de pensar, inferiores nas opções
morais.
Ser solidário, é
independente do fato em si, da pessoa, da drasticidade do acontecimento, porque
sobretudo implica não julgar que procuraria primeiro razões para depois se
dispor. Por isso, significaria identificação com a dor do momento e sem esse
julgamento de causa que procuraria o certo e o errado, irradiar energias de
amparo, sustentação, estímulo, sem nada desejar em troca a não ser tudo quanto
possa decorrer de consolo e amparo.
E fraternidade,
“conveniência harmoniosa e afetiva entre as pessoas”, estaria inclusa ou teria
relação? Seria um complemento?
Geralmente
confundida com solidariedade, ela vai além, uma vez que em essência estabelece
relação de igualdade em que todos são irmãos. Não há quem dá, quem recebe –
irmão fala de convívio social pleno nos direitos e deveres. Não são
aconselhados: são naturais e só estão à espera de cada um para que se conduza
em face às realidades do mundo, dando-se, sendo útil mesmo que não saiba como,
cumpridor da parte que lhe compete fazer, para que algo em desconcerto, aqui,
ali ou no além se torne melhor.
A Revista
Espírita, setembro/1861, grafa que fraternidade completa tal qual o Espírito
possa imaginar é a perfeição do sentimento em ação... Não se trata, portanto,
em ter, mas em ser fraterno... o Universo é o irmão na intensa convicção de que
ele precisa do bom, do bem de cada um, sem cogitações do como...
Seja o que for,
deve-se olhar com respeito, e ao invés de pensar que os outros são seus irmãos,
ser o irmão do outro... Tente imaginar a diferença...
Treinos...
treinos... que levarão a que se abra no ser a habituidade do comportamento
“caridoso, disposição íntima, ativa, dinâmica” e se exterioriza do ser que é,
em energias naturais de bondade, palavras úteis, forças que a ação da caridade,
por ser tão sutil, delicada e abrangente não se faz percebida pelo caridosos.
“Caridade
pressupõe convívio”. Cairbar Schutel, “Fundamentos da Reforma Íntima, ”, p.
153.
Na Doutrina
Espírita em Jesus, ela extrapola o campo material abarcando todos os aspectos e
opções quando a define e conceitua como: “benevolência para com todos,
indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”. O L.E 886.
Benevolência –
generosidade, solidariedade, fraternidade, interesse para com o bem-estar do
outro.
Indulgência –
capacidade de aceitar as atitudes alheias não julgando seus equívocos; saber
lidar com a imperfeições alheias, compreendendo-as.
Boa vontade –
disposição favorável com tudo e todos seja quem e onde for.
A síntese da
reflexão é que despertando para definições e conceitos, se vá além deles, pouco
a pouco, usando o bem em favor pessoal, amplie o amor como traço marcante da
personalidade imortal.
Leda
Marques Bighetti – abril/2024
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