Constituem-se como acontecimentos que
provocam surpresa, admiração e até certa dose de incredulidade.
Significando “coisa, algo extraordinário”,
acontecimento fora do comum, algo que não pode ser explicado pelas leis
naturais, o termo afastou-se desse seu significado original para significar
“ato do poder divino contrário às leis da Natureza.
Se o Homem fosse atento, veria a Ciência,
diariamente através dos estudos, busca e aplicação de leis fazer coisas
maravilhosas que aos olhos do ignorante, observa o efeito como milagre.
Se um homem realmente morto pelos
registros científicos em curso, pudesse, após isso, voltar a viver, dir-se-ia
ter havido milagre, uma vez que aconteceram fatos contrários à leis naturais.
Se, entretanto, outro homem tiver a
aparência de morte, tendo seus sinais vitais preservados e a Ciência com os
recursos que dispõe, revivê-lo, houve um fato natural.
Um fato, lendário ou não, constante na
história pátria e tido como milagre por mentes simples, é o maravilhoso de uma
reação simples sob ação de lei natural: Bartolomeu Bueno da Silva, em expedição
nos sertões de Goiás, encontra a tribo indígena Goya. Nota que as índias se
adornavam com ricas chapas de ouro. Tenta de todas as formas para que lhe
mostrassem onde as jazidas. Como nada conseguisse, coloca fogo em tigela cheia
de aguardente, ameaçando queimar os rios e fontes caso não falassem.
Milagre ou ação de lei natural?
Conhecimento ou ignorância?
Nesses questionamentos frente ao inusitado,
ao desconhecido, o Espiritismo leva a que se entenda haver imensidade de
agentes desconhecidos, forças da Natureza em ação incessante no mundo e que só
na proporção em que o conhecimento, através da Ciência, acontecer é que se
explicará o que para muitos ainda é milagre.
A ignorância de se ater aos efeitos sem
conhecimento da causa é a grande geradora das superstições, do sobrenatural, da
intervenção das forças ocultas, que por decorrência gera o surgimento do
feiticeiro, do guru, do bruxo, do “espírita” mau caráter, das mistificações.
À medida, portanto, que a Ciência revela
leis, o círculo do maravilhoso se fecha.
“O milagre é uma postergação das leis
eternas fixadas por Deus, obras que são de sua vontade, e seria pouco digno da
suprema Potência exorbitar da sua própria natureza e variar em seus decretos”. Cristianismo e Espiritismo, cap. 5 e A Gênese, cap. XIII.
Leda Marques Bighetti –
fevereiro/2024
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