Antes de iniciar, recordar
que é o homem ser tríplice: Espírito, perispírito e corpo físico, sendo o
perispírito laço intermediário que une os dois extremos. É através dele que o
Espírito exprime sua vontade e pelo mesmo processo, conhece as vontades do
corpo.
Destruído o corpo, pela
morte da matéria, o Espírito passa a conhecer, perceber pelo perispírito.
Imagine-se duas pessoas,
cada qual envolvida por fluidos de natureza simpática: eles se interpenetram;
as pessoas se sentem bem. Se forem de natureza hostil, antipática, se repelem.
Nesse caso, sente-se, capta-se, espécie de mal-estar, sem se dar conta do que
está acontecendo.
Compreendida essa dinâmica,
fica mais fácil entender a ação “material” dos desencarnados sobre encarnados.
Se um desencarnado, por este
ou aquele motivo, tem o propósito de agir sobre o encarnado, em tese, dela se
aproxima, observa. Encontrando identidade de pendores, afinidade, sutilmente
busca sintonia envolvendo o perispírito da “vítima” como se fosse um manto. Os
fluidos se interpenetram, pensamentos se complementam, vontades se identificam,
se confundem. Sob o clima que se instala no sentimento/pensamento do encarnado,
ele pode facilmente agir no corpo do encarnado imprimindo-lhe na mente seus
desejos: escreva, desenhe, aja, fale, reaja, etc., segundo seus objetivos.
O encarnado percebe?
De modo geral não. A
identificação tornou-se tão íntima que inclusive a sutileza de análise do
certo, correto, deselegante, ostensivo, desapareceu. O encarnado simplesmente
age incapaz de enxergar-se, desconectado com a realidade habitual das coisas e
seres.
Se for um Espírito mau,
sugerirá maldades; se além disso é perverso, constrange até paralisar a vontade
e a razão levando a atos ridículos. O indivíduo vai, em consequência das altas
cargas fluídicas com que passa a conviver, a se apresentar como alguém apático,
sem vontade próprio. Abre possibilidade, nas diversas proporções e intensidade
para a instalação dos campos da obsessão, fascinação e subjugação.
Muitas vezes, ao início, o
ser até tem alguma noção das atitudes desconexas; não se sentindo com forças
para reagir, autoconvence-se de que são impressões tolas, passageiras; um fato
isolado que não mais se repetirá.
Essa ação é rara de
acontecer?
Espíritos inferiores
infestam o meio humano; sua ação é corriqueira e espontânea, porém, para que
ajam é necessário encontro com mentes fracas, vazias que se comprazem na
horizontalidade da vida.
Tal campo é aberto para que
se estabeleçam as ligações fluídicas; a duração dependerá do espaço que lhe for
oferecido sem qualquer obstáculo que se lhe oponha à ação.
O que poderia obstar?
O impasse está estabelecido
de Espírito a Espírito; a ostensiva virada deverá vir da autoridade moral que o
encarnado venha a desenvolver.
Como conseguirá?
“Esforçando-se: se é bom,
tornando-se melhor; diminuir imperfeições; reeducar hábitos vulgares; elevar-se
moralmente o mais possível”. “O Livro dos Médiuns”, 252 a 259.
Os Espíritos superiores não
ajudam?
Estão sempre prontos, porém,
só podem agir quando o campo da perseverança e do desejo de renovação forem
reais, traduzindo-se em sentimentos, pensamentos e ações diferentes das
anteriores.
Não há, portanto, palavras,
formas ou fórmulas sacramentais, talismãs, rezas, sinais materiais quaisquer.
O único meio, é a reeducação
ética, moral, pessoal, que alterando o teor das emissões mentais, deixa de
oferecer campo simpático a mentes inferiores.
Leda Marques Bighetti – Novembro/2023 |