Em “O Livro
dos Espíritos”, questões 115 e 115ª encontra-se lógica que consagra a Justiça
Divina. Vejamos:
Deus criou
os Espíritos iguais, simples, inocentes, sem vícios ou virtudes, mas, com livre
arbítrio para regular suas ações conforme a consciência que lhe dá o poder de
distinguir o bem do mal.
Dando a
todos o mesmo ponto de partida, também cabe a cada um a mesma tarefa a
desempenhar, o mesmo fim a atingir. Ninguém é privilegiado pela Natureza e
responsável pelas opções que faça, desenvolvendo-se em progressão diferente,
segundo o empenho empregado nas opções que faça para o bem ou mal.
Entenda-se
progressão como resultado de um desenvolvimento constante, gradual, contínuo e
que se processa desde o instante da criação. Progressão, em resumo é somatório
dos inúmeros progressos que ocorrem na existência de cada ser.
Entender-se
ainda – simplicidade, como ausência de tendências para o bem ou mal e –
ignorância, como desconhecimento das leis naturais.
Para
atingir a finalidade de sua criação – desenvolvimento pleno de suas
potencialidades - deve adquirir todos os conhecimentos pelo estudo das Ciências,
iniciar-se em todas as verdades, aperfeiçoar-se pela prática de todas as
virtudes, o que se fará através de incontáveis existências nas quais terá
oportunidade de adquirir os diversos graus do saber.
Para isso
ou por isso, a existência humana torna-se escola de perfeição espiritual, pela
série de provas, condições sociais, poder, riqueza, humildade, pobreza, raça
etc., para em cada uma delas aplicar-se ao máximo conforme as leis divinas.
Dores,
demência, idiotismo e semelhantes se apresentarão como punições, respostas,
consequências das más escolhas feitas em vidas anteriores, nas quais o Espírito
com conhecimento de causa, ao fazer esse tipo de opções, lesou-se
perispiritualmente que fica a aguardar restauro que acontecerá em novas existências.
Nesse sentido, tudo o que lesa o perispírito compromete o Espírito: nada mais
justo do que o próprio responsável o restaure.
Recorde-se
que antes de reencarnar, conservando essas lembranças, a responsabilidade dos
deslizes se torna muito clara; as infrações são-lhe vívidas.
Assessorado, ajudado, terá oportunidade de escolher experiências que
jamais serão superiores às forças espirituais de que dispõe.
Tal detalhe
explica por que muitas vezes é possível encontrar em classes simples,
socialmente falando, sentimentos elevados, entendimento desenvolvido, ao passo
que entre as chamadas superiores, pessoas com inclinações ignóbeis, brutas,
inferiores.
Estudamos
no início que a criação do Espírito se dá na forma simples e ignorante e que
elas se constituem como uma das provas de Justiça Divina.
Não seria
injustiça com aquele que empregou mal o tempo não ter como reparar suas faltas?
Ser considerado condenado sem possível retorno a uma normalidade? E aqueles que
não se comprometeram tanto, mas também têm objetivos para caminhar rumo aos
objetivos na busca da Perfeição?
Leda Marques Bighetti –
Agosto/2023 |