Caminho da Liberdade

     Desde as primeiras estruturas sociais datadas desde a mais alta antiguidade, o homem já era reconhecido pleno de direitos que se resumiam no direito à vida, à liberdade, à igualdade.

     Com o passar dos tempos, gradativamente outros direitos foram se associando compondo o que hoje é conhecido como direito jurídico e vão compor em itens e alíneas, direitos civis, políticos e sociais cada um deles com especificações próprias.

     Como nosso tema é liberdade, o que é ela?

     Dicionários e enciclopédias a definem como “faculdade de se fazer o que se queira dentro dos limites do Direito”. Note-se – Direito – com D maiúsculo, significando leis, conjunto de normas obrigatórias para assegurar o equilíbrio das funções do organismo social, isto é, o indivíduo pode fazer tudo quanto deseje - desde que – não esbarre, não toque ou infrinja o direito do outro.

     Sob esse raciocínio pergunta-se: afinal, o homem é livre ou não?

     No sentido que geralmente entende liberdade como oportunidade de fazer o que quer, como e quando deseje, independente de tudo e todos - não.  Aliás, mesmo que isso lhe fosse permitido, ainda assim não seria livre, uma vez que não basta a si próprio – é incapaz de viver sem o próximo e nessa contínua troca de limitações dá para perceber liberdade como fator relativo.

     Como assim?

     Reflita-se que liberdade plena, seria possível, por exemplo, a um náufrago, estando só, num espaço deserto, faria e desfaria conforme bem o quisesse. Se, passado algum tempo, outro náufrago aí aparecesse – limitações surgiriam. A não ser que eliminasse o recém-chegado, e aí desceria à barbárie, seu direito anterior de dispor do meio como fazia, estaria continuamente esbarrando no direito e necessidades do outro.

     Esse relativismo estabelece que a liberdade de cada um termina onde começa o direito do outro. Não observada tal premissa é que surgem as desordens, intranquilidades, conflitos, desequilíbrios sociais, guerras.

     Ser livre, portanto, é agir respeitando direitos alheios, condição esta básica para que a alma se construa direcionando seu caminhar em passos altruístas.

     Importante recordar que esse “respeito aos direitos alheios”, está implícito em e desde os relacionamentos mais simples, no lar, na família alcançando os mais amplos no meio público e social.

     Em hipótese alguma há o direito de explorar, usar, ser dono ou ter propriedade sobre alguém. Toda sujeição, seja da forma que for, é contrária não só à lei de Deus como também à lei natural do direito à liberdade.

     Todo aquele que usa pessoas, situações, conhecimento, inteligência, superioridade intelectual, financeira, social para tirar proveito pessoal, assemelha-se ao bruto, degrada-se moral e espiritualmente.

     Jesus, no tempo próprio, amplia o conceito de liberdade, na qual as atitudes não estão subordinadas apenas aos penólogos e leis do mundo, mas, cada Espírito ao exorbitar de seus direitos, na Terra ou fora dela, estará jungido naturalmente aos próprios atos e suas consequências, tecendo a todo instante, pelas escolhas que faça, asas de libertação ou algemas de cativeiro. Cada indivíduo, torna-se, independente de julgamentos externos, vítima de si mesmo. A Justiça Divina, através das reencarnações, oferecerá novas existências, certamente com dias em que terá que conviver com desafios pessoais. Pelas decisões que será forçado a tomar, “aprenderá a lição de respeito ao direito do outro” e, enquanto se reequilibra, também o faz à Lei.

     Conclui-se que liberdade, antes de qualquer ato externo, tem que existir no íntimo, em realidade transcendente, vivida em cada ato de respeito devido em qualquer momento ou situação em que o ser estiver.

     Liberdade é direito do homem que só vai aprendendo sua real forma no decorrer do processo evolutivo. É caminho que se abre, mas que exige caminhante dinâmico do Espírito em busca de si mesmo, disposto a aprender, mudar, retomar lições não apreendidas, reconstruir-se em compromisso de cada dia.

     Essa meta abre a sensação de infinito no qual o ser se sente livre das injunções e convenções da existência. Tornou-se livre delas porque estatuiu para guiá-lo a consciência de que toda a lei de Deus está encerrada na máxima de amor e respeito ao próximo, ensinada por Jesus.

Leda Marques Bighetti – Dezembro/2022

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2024/5/2 | 21:04:43

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