Folheando a Revista Espírita, ano 1858, março, encontramos matéria que,
de certa forma continuam a matéria anterior. Foram feitas ao Espírito São Luís
e em síntese seguem:
1 – Quando um perigo ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo e
quando ele escapa é outro Espírito que o desvia?
No tocante às provas físicas, um Espírito ao reencarnar escolheu,
aceitou para si as provas com que conviverá. Conservando o livre arbítrio tem
toda capacidade de suportar ou repelir situações. Um bom Espírito vendo-o
desanimar pode vir em seu auxílio, porém, não pode dominar-lhe a vontade. Um
Espírito inferior pode exagerar os perigos, apavorá-lo, porém, a vontade desse
homem é que decidirá.
2 – Um Espírito mau, pode provocar um acidente? E no caso de um homem
escapar, um bom Espírito veio-lhe em auxílio?
Bons e maus Espíritos, pode, conforme sua natureza, inspirar bons e maus
pensamentos. Se houver um acidente, constava ele no planejamento existencial e
trazia um objetivo que era o de que o homem se tornasse melhor.
3 – A fatalidade seria então, um efeito do livre arbítrio?
Cada um escolhe suas provas e quanto melhoro desempenho frente a elas,
mais o ser se eleva. Como errante, nos momentos dos planejamentos o Espírito
escolhe as provas que mais oportunidades possam lhe oferecer.
4 – Parece que certas pessoas convivem com aspectos difíceis: por
exemplo: ao passar por uma ponte, esta desmorona. Quem o levou a passar por aí?
Se houvera se comprometido a enfrentar essa situação, o instinto o leva
a ela. A ponte desmoronou por consequências naturais. Seja qual for o acidente,
ele ocorrerá naturalmente, fruto de inúmeras causas físicas que se ligaram. No
caso, poderia sua base, há tempos, tendo as pedras se desajustado pelas águas,
ter ferrugem nas engrenagens, enfim...
5 –Num caso em que a destruição da matéria não foi a causa do acidente –
um homem mal-intencionado dispara um tiro em alguém e a bala passa de raspão.
Um bom Espírito teria desviado a bala?
Não.
6 – Uma senhora sai de casa para ir a determinado lugar. Uma voz íntima
lhe diz que volte para casa. Ela o faz, mas, ali chegando reflete que quer
mesmo ir aonde pensava. Sai de novo e ao passar por um local que estava que
estava sendo reparado, uma viga caí e atinge-lhe a cabeça e ela caí desacordado.
Puderam ou foram os Espíritos que a advertiu do perigo? Era um pressentimento?
Nenhum pressentimento tem tais caracteres: eles, quando acontecem são
sempre vagos; sua interpretação dependerá das limitações, imaginação, momento
emocional em que o indivíduo esteja vivendo. O que agiu foi o instinto.
7 – Como entender melhor?
Antes de reencarnar o Espírito tem conhecimento dos detalhes importantes
da existência. Quando são elas de capital importância, ele conserva em seu
íntimo uma espécie de impressão que desperta ao se aproximar do perigo,
tornando-se aí um pressentimento.
Síntese: Emmanuel em “O Consolador” questão 132, fecha, ao refletir que
determinismo e livre arbítrio coexistem em nossa vida entrosando-se nas
estradas dos homens, para sua elevação e redenção. O primeiro é absoluto nas
baixas camadas evolutivas; o segundo se amplia com os valores da educação e da
experiência.
Estabelecida a verdade de que o homem é livre na pauta da sua educação e
méritos, na lei das provas, esse próprio homem, à medida que se torna
responsável, organiza o determinismo da sua existência, agravando ou
amenizando-lhe os rigores.
Leda Marques Bighetti – Novembro/2022 |