Quanto ao primeiro termo, impressão disto ou daquilo, certamente há de
se encontrar poucas pessoas que não tenha sentido a impressão do “acho que vai
acontecer...”
Há explicação?
Para quem aceita a possibilidade de por percepção ser capaz de captar o
que se passa ao longe, aceitando que “algo” se desprende do ser, que ele não
presencia a realidade só com sentidos físicos, é possível entender.
Quase sempre o fato é motivado por alguma preocupação íntima e intensa
do ser, algum fato atual ou impressão que desconhece a origem, porém que
conforme o padrão pode amedrontar, alvoroçar, mantendo-se no subconsciente,
exacerbando quase sempre, receio, medo.
Não importa se os motivos sejam atuais, externos ou passados. O ser
espiritual não está confinado no corpo e tem total possibilidade de,
momentaneamente se afastar do ambiente físico em que está ligado e “ver”,
captar outra realidade que – atenção- ele interpretará segundo seus anseios,
expectativas e desejos.
O mais comum, é que esses momentos de “saída” do Espírito se deem
durante o sono; enquanto o corpo repousa, o Espírito, recobrando a liberdade,
aproveita para colher no espaço, entre outros Espíritos encarnados e
desencarnados, coisas, situações, ideias, respostas a desentendimentos que
mantém consigo e que nem sempre ao despertar consegue expressar tal como foi,
ouviu ou viu.
Esse “viajar” pode acontecer também no estado de vigília, simples
cochilo, momentos de introspecção, meditação, devaneio em que a alma parece se
desconectar com a Terra.
Pode-se, integralmente, confiar nos prognósticos e pressentimentos?
Reflita-se que, interferem na falta de clareza da lembrança do que foi
presenciado, o fato de que o cérebro perispiritual vibra em frequência, ritmo,
velocidade superior, diferente da mecânica do cérebro físico. Resulta daí a
dificuldade da passagem da realidade antevista ou ouvida, que se depara como se
fosse uma barreira que filtra o que lhe é possível. Acresça-se que o ser
interpreta segundo as aflições e desejos materiais, o momento que vive, mais um
motivo para o cuidado que se deva ter no aceite.
Mas, ao lado de tantas possibilidades e óbices pode acontecer de se
perceber, quer em vigília ou sono, de um pensamento, que de repente eclode, e
como que aclara algo que se constituía como preocupação. Como entender?
É perfeitamente possível ser resposta ou retomada de algo vivido, não
recordado e que na hora certa se apresente como luminosa solução. Cuidado,
entretanto – analise – não são ordens que chegam – o encarnado é sempre livre
para aceitar ou não.
Cuidado sobretudo, com prognósticos e pressentimentos dos acontecimentos
felizes ou infelizes, tragédias e benesses. Um marinheiro, por exemplo, vê em
um ponto no horizonte, nuvens negras – pressagia borrascas, problemas na
viagem. O agricultor que precisa preparar a terra para a semeadura interpreta
como a chuva de que tanto precisa.
Cuidado ainda, com a frequência, detalhamentos, detalhes em descrições
sinistras, tão ao gosto do público, e que, de modo geral exalta quem as
profere. Cuidado!
Muitas vezes, o Homem não querendo ver a pessoal imperícia, imaturo, usa
desmoronamentos e outros flagelos naturais para explicá-los por prognósticos e
presságios.
A Natureza não se desvia das rotas de Deus traçadas desde toda
eternidade. O Homem frente a elas ou aos seus próprios testemunhos traz em si
valores para que a lucidez da razão se sobreponha sem precisar de prognósticos
e presságios.
Leda Marques Bighetti – Outubro/2022 |