Estaria errado o
Espiritismo ao afirmar que nada é fatal segundo o entender do homem, e que ele
é, pelo uso do livre arbítrio, senhor absoluto de suas decisões, ações,
“sorte”?
Recorde-se que o
Espiritismo não nega a fatalidade de certas situações, como por exemplo:
morrer; renascer; evoluir – são fatalidades – ninguém tem como ficar fora, se
isentar desses três determinismos.
Ainda: leis que
regem o conjunto dos fenômenos da Natureza, têm consequências fatais; são na
sua ação, inevitáveis e indispensáveis à manutenção da harmonia universal. O
homem, o meio, sofrerá consequências, porém, não foram geradas por sua
iniciativa.
Há, entretanto,
detalhes que mesmo sendo fatais, como a morte, o ser, usando de seu livre
arbítrio, pode apressá-la, fazendo que aconteça antes da hora; também é
determinado a se alimentar para viver, porém,
se usando seu livre arbítrio o fizer em excesso...
Por que não tem
ele liberdade total?
Liberdade é
conquista do raciocínio, da liberdade que o uso dela reflete.
Analise-se que
poucos homens sabem governar a si mesmos. Desse modo, como agiriam se as leis
da Natureza estivessem sob sua direção?
A despeito da
fatalidade que preside o conjunto, ele, homem, é livre no modo como interagirá
com os fenômenos.
Toda vez que
perturba a harmonia por um mal que faça, é o primeiro a sofrer consequências. E
são elas fatalidades?
Vão se
constituir como tal, porém, foi ele que no uso de sua liberdade irresponsável
interferiu no equilíbrio da lei que fica a esperar recomposição. Quando tal
acontecer a fatalidade se desfaz.
Quem não ouviu
dizer: - se não tivesse agido como agi, não estaria na atual posição.... Não
está aí o livre arbítrio estabelecendo uma fatalidade?
Neste ou em
outros tantos exemplos, o ser pode conforme sua vontade, apressar ou retardar
momentos difíceis e nisto consiste sua vontade.
Fatalidade
absoluta só para as leis que regem a matéria e os aspectos transcendentes.
Na vida
particular de cada um: alguns acontecimentos são consequências diretas de
opções feitas neste momento evolutivo: é infeliz, solitário, acidentou-se por
resultado de imprudências; adoeceu por resultado de exageros, vícios – colhe
resultado do que fez ou faz.
Outros, são
independentes de opções indébitas atuais, porém, constituem-se como respostas
de ações decididas através da pluralidade das existências, nas quais a lei
livremente alterada fica no aguardo do reequilíbrio.
Mesmo quando há
a imposição de uma expiação, ainda é ela consequência de algo livremente
praticado, uma vez que poderia ter agido de outra forma.
As decisões de
cada um, boas ou ruins, não podem ser desculpas pela fatalidade ou pela tão
comum justificativa – foi o destino – isso seria abdicar da justiça divina, que
traçaria passos e opções diferentes para cada um.
Fatalidade
absoluta só para as Leis que regem a matéria.
Leda Marques Bighetti –
Março/2022
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