A palavra
religião, com efeito, quer dizer “laço”.
Ela seria ou é
algo que “religa” o ser numa identidade de sentimentos, princípios e crenças.
Esse laço será
estritamente moral ligando mentes que se identificam com as aspirações. Deve
estabelecer sentimentos de fraternidade, solidariedade, indulgência,
benevolência mútuas.
Nesse sentido
filosófico, o Espiritismo é sim uma religião porque é estritamente fundamentado
nos ideais acima.
Por que então se
enfatiza o contínuo afirmar de que o Espiritismo não é uma religião?
Como há palavras
identificadas pelo uso e não se dispõe de outra para exprimir ideia diferente,
fez-se necessário estabelecer a negação através do raciocínio.
Reflita-se,
então, que o termo, no seu sentido comum, habitual, é inseparável de culto,
forma, roupas, movimentos gestos, castas, hierarquias, cerimônias, privilégios,
rituais, detalhes enfim, que a Doutrina Espírita não tem, não incorpora.
Não possuindo
esses caracteres que respeita e os entende como necessários e preenchedores do
estágio evolutivo do Espírito, dele se diz:
é uma doutrina científica filosófico-moral.
As reuniões
espíritas, no entanto, são realizadas religiosamente, isto é, com recolhimento
e respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa.
Há outro “laço” que
deve existir entre os espíritas?
Será o sentimento
ético, moral, espiritual e humanitário: a caridade, amor ao próximo que abarca
vivos e mortos, desencarnados ou não, componentes todos do conjunto todo – a
Humanidade
A caridade nesse
sentido, é a alma do Espiritismo, uma vez que resume todos os deveres do homem
para consigo, para com os semelhantes no sentido de abjurar os sentimentos de
partidarismos, exceções, ódio, animosidades, rancor, inveja, ciúme, vingança,
preferencias, todo sentimento/pensamento que possa prejudicar, indulgência
benevolência, enfim, detalhes, detalhes tantos sem os quais a palavra caridade
significando Amor seria inválida.
Nesse sentido e
objetivo, Espiritismo é “religião” que pode conciliar as maneiras de adorar a
Deus no “laço” que liga todos os Homens sob a fraternidade universal.
Esse entender
desperta a espiritualidade da alma, que se liberta de lugares, situações
específicas. Traz paz interior, eleva para conexão contínua com os planos
maiores, une, vive no sentimento, pensamento e ação o presente que se faz
permeado da presença de Deus a se expressar na existência da Vida como
testemunho real de seu cuidado e carinho por cada um de seus filhos.
Leda Marques Bighetti – Outubro/2021 |