“Quando um Espírito
imundo tendo saído de um homem, anda por lugares
secos buscando repouso, e como
não acha, diz: Tornarei para minha casa
donde saí. E quando vem, ele a
encontra varrida e adornada. Vai então e
toma consigo outros sete
Espíritos, piores que ele, e entrando na casa,
habitam-na. E o último estado
deste homem torna-se pior que o primeiro”.
O texto fala da
realidade do processo obsessivo, mas insere reflexões relativas à obsessão.
Vejamos:
A obsessão, ou
seja, a permanência de uma mente estranha na casa mental alheia é resultado de
demorado e sutil convívio entre Espíritos afins em paixões inferiores, aversões
que os imanta em conexão, nesse momento, irresistível, forte.
O fato da “casa
varrida e adornada” remete a providências tomadas na terapia desalienante.
A “vítima” está
desencorajada, em dúvidas quanto a hábitos novos a que se lhe propõem. No
decorrer da ajuda que recebe, porém, tal padrão oscila; sente-se fortalecido;
não mais percebe ideias diferentes; apenas fraqueza, insegurança.
Sentindo-se
“curado”, volta aos descuidos antigos que o levaram a cair nas malhas do
obsessor, explicando a afirmação de Jesus em Lucas quando diz que seu estado
atual fica sendo pior que o anterior.
Desconhece que a
fase anterior em que passou a não se sentir tão constrangido, faz parte de
técnica para levar a crer que está liberado. Que este tempo de “paz” está
existindo para surpreender, mais tarde quando os recursos de reação estejam
fragilizados, desconectados com cuidados.
Na realidade houve falsa concessão de “cura”,
um afrouxamento do cerco, permanecendo, porém, no aguardo do momento ideal para
quando volta com tudo buscando triunfo de seus planos inferiores.
O conhecimento de
técnicas chama atenção, para que, mesmo que realmente o obsessor tenha se
afastado, desconectando obsessores, a “vítima” conservando raízes de hábitos
inferiores, vez por outra engendrando imagens prejudiciais, cria, mesmo que por
instantes, psicosfera doentia que atrai “os outros sete”.
Daí a importância
da reeducação mental na formação dos sentimentos, pensamentos e ações sadias,
mantidas por ideais otimistas, leituras edificantes, oração, trabalhos
renovados, enfim, criação de ações renovadas propiciadoras de clima mental em
equilíbrio.
Tais fatores poderão afastar os infelizes
perseguidores, mas somente quando o mundo íntimo do “perseguido” instalar em si
as bases do reto cumprimento de deveres, legítimo amor no trabalho fraternal em
favor do próximo, que em síntese é a favor de si mesmo, é que deixará de ser
chamarisco.
Leda Marques Bighetti – Agosto/2021 |