A Educação do Espírito

      Se o ser é essencialmente sua alma, a preocupação dele como encarnado seria ou deveria ser centrar-se no processo educativo.

      Recorde-se que o Espírito é o único componente da trilogia – corpo, Espirito, perispírito - que permanece na sucessão das encarnações e dos mundos pelos quais transite.

      Caminheiro de muitas etapas, o lastro das vivências soterradas nos porões do inconsciente, submete-o a situações inusitadas, para as quais, quase sempre se vê frente a elas e, sente-se não só despreparado como muitas vezes não descobrindo razões para o surgimento delas.

      Como esse acontecer é natural, necessário e contínuo, haveria uma forma, não de anular – isso é impossível – mas de preparar-se estimulando bases que, quando em crise, sustentassem o conflito, o fato que se fizer presente?

      Estudiosos do comportamento, apontam que, a construção desse fortalecimento moral, de modo geral, se assenta em quatro vetores:

      Deus, alma, conduta moral, e, portanto, formação de uma religiosidade, que liberta de siglas, é atenta a ouvir voz interior que livrando do pecado, culpa, convida a raciocinar descobrindo ao final, que não é importante conhecer causas, mas desempenhar-se bem frente aos efeitos, com confiança e certeza de que não está só nem diante de algo superior às próprias forças.

      De modo geral, despreparado, agita-se; busca no passado explicações; justificativas, explicações que mais conturbam os instantes em curso.

     Sob a ação dos pilares – Deus, alma, conduta mora, religiosidade – diante dos atropelos, enfrenta-os procurando reconstruções que lancem ao futuro.

      Consciente de que é imortal, busca Deus; encontra-O; vive com Ele nas atividades normais do trabalho, oração e esforço próprio.

      Esse processo é precípuo: é o exercício da razão sem perder de vista o sentimento. Descobre coisas belas que estão em seu íntimo como aspiração, ideal e sonho.

      A educação do sentimento, portanto, “... cujo ponto mais delicado é o amor”, (OLE 113), terá que processar-se primeiro no homem em relação a si, para posteriormente exteriorizar-se nos contextos sociais, nas interações pessoais, dependências reciprocas, carências, qualidades, progressos, a fim de que educando instintos, ative a capacidade para compreender ou entender. Tais despertamentos levam a que descubra a área preferencial em que se deve aplicar, vencendo impetuosidade, instintos, despertando a certeza de que traz em si capacidade para lidar, sem conflito, com os chamados problemas. Tendo consciência que cada um deles carrega a solução em seu bojo, com a bravura daquele que não caminha só, dispõe-se a achar soluções.

      Adaptar-se às mudanças, ter sem possuir, superar obstáculos, resistir, trabalhar, descobrir resultados satisfatórios para momentos adversos, é caminho e construção que a educação realiza ao Espírito que, encarando a vida, como convite às superações, marcha serenamente aos fins a que se destina.

      Reside aí o campo do serviço cristão, a diferença entre o desconhecer, saber e fazer!

 

Leda Marques Bighetti – dezembro/2020

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2024/11/23 | 05:18:42

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