Liberdade
é condição imprescindível da alma, que, sem ela não pode construir sua
caminhada.
À primeira
vista pode parecer limitada, muitos inclusive afirmando que não existe, uma vez
que se vive inserido em meio a necessidades físicas, condições sociais,
instintos, e tantos outros detalhes necessários à vida de relação, aos quais
deve se submeter queira ou não.
Se
análises mais profundas forem feitas, chegar-se-á por concluir que o homem tem
liberdade suficiente para alterar, mudar, escolher transformando forças
opressoras em detalhes que lhe sejam mais conformes.
Essa
capacidade transformadora se exerce pelas escolhas diversas que faça e refletem
a expansão da personalidade e da consciência.
Para ser
livre é necessário querer, esforçar-se, assumir posições, libertar-se da
ignorância, das paixões inferiores, direcionar opções acima dos instintos e
paixões, uma vez que a vida passa ser trilhada pela razão direcionada ao ideal
maior das superações.
Desse
momento ou nesse momento, nessa diretiva, liberdade e responsabilidade passam a
ser correspondentes; caminham em relação mútua entre dignidade e moralidade,
sendo ambas inseparáveis da liberdade.
Por quê?
Porque
haverá, mesmo que não se queira ou perceba, o testemunho da consciência,
registrando, aprovando ou contestando a natureza, a intenção de cada ato. A sensação
que vez por outra incomoda sem se definir origem, um remorso sem causa
identificada, o incômodo da culpa, são sinais desse processo que expõe
conflitos íntimos.
A noção de
liberdade/responsabilidade é plena no homem atual?
Não;
restrita, limitada, está em desenvolvimento. Como se insere na Lei do
Progresso, da qual é extensão, decorre do livre-arbítrio do indivíduo consigo e
com a coletividade.
A
inteligência e a vontade, embora lentamente, vão predominar sobre aquilo tudo
quanto aos olhos ainda representa fatalidade.
É
processo ou série sequente de detalhes, através dos quais a educação desperta
faculdades que levam à liberação dos apetites físicos; busca a liberdade
intelectual na procura da verdade e a liberdade moral pela prática das
virtudes, ambas livremente buscadas como fonte de prazer maior.
Ainda aí,
é possível que se imiscua o passado, convidando pelas raízes que ainda tentam
brotar, despertando para que, ainda assim, construa por opção livre, um novo
destino, uma vez que há em tudo e sempre, lugar para a ação da livre vontade do
homem.
É rápido o
alcance desse patamar?
É obra dos
séculos na imensidão dos tempos.
Leda Marques Bighetti – Outubro/2020 |