Não
é decorrência das reflexões sobre “Interesses e Interesseiros”, porém, os
raciocínios ali contidos são aplicáveis ao exercício da Mediunidade.
Em
princípio, recordar conforme consta em “O Livro dos Médiuns”, item 159, que
todo aquele que em qualquer grau ou intensidade sente a influência dos
Espíritos é considerado médium. É faculdade inerente ao homem.
Ao
pensar, cada um lança de si energias; elas são atraídas, buscam campo
correspondente; percebe as mais diferenciadas formas do sentir dos outros,
sejam eles encarnados ou desencarnados.
Embora tal fato seja real, com comprovação científica inclusive, a
grande maioria não é atenta ao fato, não tem consciência de que com sua forma
de sentir, pode alterar meios beneficiando, corrompendo ou influenciando.
Como,
após definições, pode um médium ostentar-se como interesseiro?
A
“Revista Espírita”, ano 1859, inicia reflexões destacando o quanto essa
condição de interesseiro, abre brecha à ação dos Espíritos imperfeitos. Destaca
que na primeira linha deles se coloca o médium que faz da faculdade uma
profissão com consultas remuneradas.
Abrem-se parênteses: essa remuneração não é entendida só pelo
recebimento de cédulas – qualquer desejo de reconhecimento, evidência, supremacia,
destaque, gratificação, agrados, no lar, na família, no Centro, no social,
enfim, onde quer que se ostente que é alguém diferente, que vê, sente, sabe,
configura interesse e como tal desmerece o mandato mediúnico, comprometendo-o e
desviando do fim sublime do servir.
- Meu
Pai está aqui? Você vê meu filho? Quem está ao meu lado? E tantos “interesses”
com os quais o médium não bem formado se depara em constantes solicitações, que
o colocam em clima de “sucesso”, caso imprevidentemente se disponha a dar ou
inventar respostas.
Esses
detalhes em interesses primários afastam os Bons Espíritos, uma vez que
representam troca de interesses, curiosidades egoístas oferecendo campo aberto,
sem limites aos levianos, mentirosos, travessos, zombeteiros e os que estão
prontos a tudo responder.
Não
são, portanto, médiuns interesseiros, apenas os que recebem dinheiro,
presentes, dádivas materiais sejam elas do valor e importância que tenham, mas
referem-se a qualquer sentimento ambicioso que, de alguma forma exalte a
natureza do médium.
O mau
uso, o abuso se reverte em compromissos, prejuízos, uma vez que ficam às ordens
dos Espíritos inferiores sempre prontos, à toda hora para oferecer respostas,
se comunicar. De boa vontade se prestam a “falar seriamente”, impressionando
com isso, porém, atidos às curiosidades, futilidades e interesses materiais.
O
médium não foi preparado para essa facilidade da expansão perispiritual, para
pessoal prazer em evidências.
Em
resumo, os Bons Espíritos se afastam de quem quer que pretenda usar a faculdade
para alcançar o que não corresponda ao objetivo pleno e total de dar o melhor
de si, servir sem desejar saber o porquê e a quem.
Desse
modo, cautela, discrição, anonimato, prudência, bondade e absoluto
desinteresse.
Leda Marques Bighetti – Abril/2020 |