De modo geral, desaba sobre a criatura
humana alta carga de compromissos materiais, sociais, afetivos, normalmente
agravados pelo materialismo, negação de fatores éticos, prazer a qualquer
preço, imediatismo no resolver questões que necessitariam de mais tempo para
bem desenvolvê-las.
À essa falta de tempo, necessário e
importante, somam-se detalhes que facultam instalação de paixões, que se
exteriorizam por meio de revoltas, desajustes, violências no trato. Não havendo
despertamento ou a coragem das superações, vale qualquer gozo no qual o egoísmo
domina.
Quando no Ser diminuam ou faltem recursos
para manutenção de um mundo íntimo em equilíbrio, é possível que se opte por
“soluções” inferiores, criminosas, aumentando e aprofundando-se em práticas
menos felizes, que no tempo, se tornam habituais. A constância nessa forma de
sentir e pensar mantém-no alienado, assediado por ideias neuróticas,
repetitivas, ansioso e aflito.
Esse homem desarmado de recursos
otimistas, sem hábitos reflexivos, despertamento ou aprofundamento no bem,
hábito da prece na qual encontraria sustentação frente a testemunhos morais ou
situações inusitadas, totalmente despreparado, não vislumbra possibilidade de
reversão. Sem esperança, não vê alternativa senão mergulhar a consciência nas
turvas águas do suicídio.
Excitado, em profunda depressão, com a
ideia insinuante, presente, a decisão se faz de um salto: a solução é evadir-se
de tudo, de todos e principalmente de si mesmo.
Essas frustrações que encaminharam para
essa forma de pensar foram causadas estritamente pelos fatores atuais?
A Doutrina leva a que se reflita que
vidas passadas malogradas em suas inúmeras peripécias, instalam raízes que um
dia no tempo se farão presentes e se refletirão como desejos, aspirações, quase
sempre distantes ou não fazendo parte do seu mundo habitual de ser.
Quando isso ocorre ou ocorrer, o homem
atento descobre nesses detalhes que delicadamente se insinuam, sinais
importantes, requerendo atenção e mudança de padrão mental, principalmente
procurando conversar a respeito, ouvir, refletir, voltar-se para ações nobres
que levariam pelo esforço consciente, às superações que se fazem necessárias.
Os raciocínios ativeram-se ao suicídio,
porém, a mecânica é a mesma, atuante em cada Espírito imortal, vinculado pelas
vidas sucessivas à sua pessoal realidade.
O que normalmente é visto e entendido
como punição, problema, doença, castigo, é bênção convidando a que se desperte
para, conhecendo-se, ter conhecimento exato das situações em que precisa se
recompor como Espírito imortal que é.
Leda Marques Bighetti – Setembro/2019 |