De modo geral,
estuda-se que a infância, a criança em si, se caracteriza por querer tudo para
si. Exige ser amada, protegida, alvo das atenções. Por insuficiência de uma
mente analítica, vive o presente em visão imediatista, fragmentada,
desconectada da realidade tempo/espaço.
No transcorrer do tempo, normal seria a
superação dessas posições, uma vez que, na decorrência do caminhar, surgem
desejos, aptidão para amar, servir, conhecer, refletindo tais sinais o
amadurecimento na área da afetividade.
O adulto, em razão desse entender,
deveria identificar a escala dos valores nos quais o aspecto espiritual se faz
incluso, buscando resolver bem o momento presente, uma vez que em ideal, se
sentiria projetado ao futuro.
Organizaria tarefas, programas,
atividades com responsabilidade, carinho, respeito tendo em vista as
consequências que se projetam ao amanhã.
Os dias se sucedem e, de modo geral,
refletindo a criança do início, a ideia que deveria avançar na projeção de
amplitude, infelizmente, é capaz de retroceder, avaliando os dias passados,
quando ainda essas percepções não se faziam precisas, como um tempo perdido.
Atendo-se a recordações, detém-se nelas, admoesta-se, julga-se inferior, sem
condições de usar esses momentos como propulsores de um tempo diferente.
Esse fazer do passado, o presente, é
imaturidade. A transferência de fase, usando experiências com os aprendizados
deixados, caracteriza, sobretudo, amadurecimento afetivo, superação das
características da infância, levando a atitude dinâmica em que por ideal
pessoal, busque desenvolver-se cada vez mais, tornando-se harmônico consigo,
com a sociedade ou qualquer ambiente em que se veja inserido.
Tal certeza ou clareza de objetivos é
imprescindível. Ter claro para si que herdeiro de hábitos equivocados, ligado
ou atando-se a outras mentes, a facilidade em deter-se naquele passado, é força
atuante que pode dificultar e até impedir renovações.
A forma de ação, o modo como cada qual
reage diante das variadas ocorrências é indispensável que se tenha atenção para
encontrar os pontos principais a serem aprimorados, reeducados.
Há alguém que se veja dispensado desse
processo?
Ninguém caminha desacompanhado dos
resquícios das experiências passadas, entretanto, contraproducentes será
deter-se, estacionar nelas. Inevitavelmente, o ser conduz as pessoais
experiências e com elas as necessidades dos reacertos. Renascido, é implícito
tudo quanto lhe será necessário para adquirir autonomia, manter e crescer em
saúde espiritual.
Daí a importância de cada um conhecer-se,
analisar reações, ações, envidando esforços para educar ou reeducar-se no campo
emocional, comportamental que se lhe faça necessário, no sentido de fazer do caminho,
estrada de libertação.
Disciplina da vontade, exercício mental
correto, ideais relevantes, sentimentos, pensamentos e ações enobrecidas nas
contínuas superações, ao longo do tempo, estruturam personalidade forte, coesa,
equilibrada, harmonizando o ser com ele mesmo projetando-o na dinâmica do mundo
que, na sua transformação, depende ou se apoia na superação e crescimento de
cada um.
Leda Marques Bighetti – Julho/2019 |