Entenda-se o tema título como
disponibilidade, possibilidade, virtualidade, poder, capacidade de produzir
isto ou aquilo, força aplicada à realização de certo efeito.
Em Doutrina Espírita exaustivamente
estudamos ser o Espírito criado simples e ignorante, significando com ausência
de tendências para o Bem e Mal, desconhecedor das coisas e Leis Naturais.
Progressivamente, porém, pelo conhecimento, pouco a pouco a visão da Vida se
amplia e o maior ou menor aproveitamento dependerá da docilidade, interesse,
vontade, mudando devagar ou rapidamente segundo o desejo e adequação às Leis
Divinas.
Outro ponto bastante estudado é que todo o
potencial, a capacidade de realizar, produzir é constituída de perfeições
inseridas por Deus no ato da Criação. Como obra divina, essa potencialidade é
toda positiva.
Vemos, entretanto, comumente as
exteriorizações acontecerem através de imperfeições. Como entender?
São efeitos das escolhas menos felizes,
que cavam como que buracos, espaços que ficam a aguardar que essa perfeição
subjacente ocupe esse desnível causado.
Como entender perfeição subjacente?
Se a perfeição está contida desde o
início, significa que embora não se manifeste por falta de acionamento dos
mecanismos próprios, permanece, está por baixo, jaz oculta, esperando que haja
a renovação, a educação, o trabalho no Bem que abrindo espaços, permitirá que
aflore.
Esse aflorar, como acontecerá?
Desperto para ou por um ideal maior de
desenvolvimento das perfeições, o homem que assim se trabalha avança em
virtudes: por decorrência faz recuar ou ocupa os espaços cavados pelo vício,
pela inferioridade na forma de ser.
Nesse sentido ou nesse ideal trabalha-se
no fundo anímico formando hábitos sadios na disposição duradoura adquirida pela
repetição constante de um mesmo ato.
Como entender?
- “... Somente a educação pode reformar os homens”... “O L.E 796”.
- “... Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a
ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual,
mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na
arte de formar caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é
conjunto de hábitos adquiridos”. “O L.E
685 a.
A formação de hábitos, portanto, demanda repetição
cansativa de muitos atos de uma mesma natureza. Se um indivíduo, quer reduzir,
por exemplo, o orgulho, não o atacar; não fixar atenção nele – ele é a
imperfeição que se quer superar. Trabalhar, educar-se em atos, atitudes de
humildade.
Não se preocupar, portanto, com o desvio,
quase sempre gritante. Trabalhar o potencial inserido como valor, desenvolvendo
a perfeição que lhe é oposta.
Para ficar mais claro: não se deter
preocupado com mazelas e sim fixar-se em contínuos exercícios de caridade,
simpatia, humildade, coragem, boa vontade, modéstia, abnegação e sobretudo,
amor, porque, nosso potencial, recordemos é constituído por perfeições.
Essa repetição de atitudes, formadoras dos
hábitos de natureza boa, constrói, como que, uma segunda natureza, que, de modo
firme, tranquilo, vai, aos poucos, se arraigando no ser tornando- se integrada
ao Espírito.
- “... Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem
seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para
os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão
atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis”. “O L.E 685 a”.
Note-se que ao final do texto os Espíritos falam a Allan
Kardec de ordem e previdência, significando que é imperioso o esforço próprio,
o amor à prática do Bem, o prazer aos atos morais resultantes das escolhas
conscientes, éticas, que se alcança quando se marcha em direção a ideal
transcendente no qual se estará dispendendo e acumulando intenso teor de
energia espiritual.
Leda
Marques Bighetti – Novembro/2018 |