As reflexões a seguir decorrem porque em
algum ponto do tema estudamos que a aptidão, a capacidade inata, habilidade,
vocação, tendência seria fator capaz de alterar ou romper a dicotomia
superior/inferior – classe de mando e de obedientes.
Sob
isso questiona-se:
Quais as diferenças de aptidões entre
encarnados que se relacionam em uma sociedade?
Por que alguns com inteligência, senso
claro da realidade, poder de iniciativa, energia, visão profissional diferente
dos demais?
Estuda-se e é ponto claro na Doutrina Espírita
que nada é gratuito e sim, fruto de esforço pessoal e vontade real, dois pontos
fundamentais que definem mérito.
Nesse raciocínio se evidencia a Justiça
Divina que a cada um oferece possibilidades segundo suas obras.
As aptidões mais desenvolvidas, sem
dúvida, referenciam resultado de ingentes esforços pessoais, e essa, a razão do
mérito, do valor, do merecimento.
Empenho, vontade, intensidade, duração,
detalhes que sendo variáveis entre os Espíritos, estabelecerão, ainda que,
quase imperceptíveis, as diferenças.
Destaca-se que, a diferença de aptidão não
é dom gracioso de Deus, efeito de hereditariedade, ambiente social, doméstico,
raça, educação recebida ou “predestinação divina”.
O mérito, o valor é proporcional e
decorrente do empenho, afirmação claramente atestada em “O Livro dos Espíritos”
questão oitocentos e quatro e oitocentos e cinco quando reflete que Deus criou
os Espíritos iguais, mas cada um deles viveu mais ou menos tempo, e, por
conseguinte, realizou mais ou menos aquisições segundo opções no Bem ou no Mal.
“A diferença está no grau de experiência e na vontade, que é o
livre-arbítrio: daí decorre que uns se aperfeiçoam mais rapidamente, o que lhes
dá aptidões diversas. A mistura de aptidões é necessária a fim de que cada um
possa contribuir para os desígnios da Providência, nos limites do
desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais; o que um não faz, o
outro faz, e é assim que cada um tem função útil. ”...
E Allan Kardec comenta:
Assim, a diversidade das aptidões do homem não se relaciona com a
natureza íntima de sua criação, mas com o grau de aperfeiçoamento a que ele
tenha chegado como Espírito. Deus não criou, portanto, a desigualdade das
faculdades, mas permitiu que os diferentes graus de desenvolvimento se
mantivessem em contato a fim de que os mais adiantados pudessem ajudar os mais
atrasados a progredir. E também a fim de que os homens, necessitando uns dos
outros, compreendam a lei de caridade que os deve unir.”
O Evangelho no seu capítulo XVI - 8 questiona algo de muito
interesse, principalmente na resposta:
- Por que todos os homens não são igualmente ricos?
- Não o são por uma razão muito simples: é
que eles não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir,
nem moderados e previdentes para conservar.
Registra o texto, que a aptidão para o sucesso econômico,
nesse caso, ou extrapole-se para qualquer outro, é consequência do grau
espiritual mais elevado, de Espíritos que reencarnando numa mesma sociedade,
trazem predicados que emergem desse passado e se manifestam no momento social
atual.
Aqueles que alcançaram graus espirituais
superiores agirão demonstrando em seus atos e decisões pessoais atitudes que os
diferenciarão do contexto geral.
Não há, repita-se, privilégio na Criação,
a tal ponto que se poderia montar o seguinte encadeamento:
- Antiguidade do Espírito – Desigualdade
de aptidões – Diferença das posições sociais, definidas como é claro, pelas
opções e aproveitamento de cada situação.
Leda Marques Bighetti – Outubro/2018 |