No texto estudamos as determinantes do
existir das classes sociais, a desigualdade delas, o fator posse, dinheiro como
forte divisor.
A esse respeito “Obras Póstumas” na
página duzentos e quarenta grafa:
“Os
fortes com os bens que possuíam transmitiram muito naturalmente a seus filhos a
autoridade de que desfrutavam; e os fracos, nada ousando dizer, se habituaram
pouco a pouco a ter esses filhos por herdeiros dos direitos que os pais haviam
conquistado e a considerá-los seus superiores”.
Assinala aí que a posse dos bens e a
carência deles como determinante da divisão da sociedade. A classe possuidora
agrega o poder do mando enquanto a outra é constrangida a obedecer, realidade
que indica posições diferenciadas e hierarquizadas.
O mesmo texto consultado continua:
“Se
a classe dominante houvesse podido manter a classe inferior sem se ocupar de
coisa alguma, tê-la-ia governado facilmente durante ainda longo tempo; mas, a
segunda classe obrigada a trabalhar para viver, e trabalhar tanto mais quanto
mais premida se achava, resultou que a necessidade de encontrar incessantemente
novos recursos, de procurar novos mercados para os produtos, lhe desenvolveu a
inteligência e fez com que as próprias causas, de que os da classe superior se
serviam para trazê-la sujeita, a esclarecessem. Não se patenteia aí o dedo da
Providência? ”
Sem dúvida, essa diferenciação das duas classes,
refletiu-se e reflete-se em conflitos entre ao que querem reter e os que querem
tomar.
O Evangelho no seu capítulo XVI, 13
reconhece a importância das grandes fortunas pelos trabalhos de todos os
gêneros que podem fazer executar, os trabalhos que pode oferecer, desenvolve a
inteligência, a dignidade do homem. Recorda ainda que a fortuna concentrada em
uma só mão deve ser “...como fonte de
água viva que derrama fecundidade e bem-estar em torno dela”.
Chega-se à conclusão de que a ocupação de posições
diferenciadas, por efeito mesmo de necessidades, continuará a existir, causando
a desigualdade social.
Essa realidade, entretanto, poderia
caminhar em equilíbrio desde que a classe dominante não usasse o poder para
oprimir e sim como meio dinamizador das variáveis de crescimento e libertação.
Leda
Marques Bighetti – Setembro/2018 |