Em todas as
sociedades humanas, antigas e modernas, existiram classes sociais.
Na Antiguidade, a
vitória de um povo sobre outro decidia quem permaneceria livre dominando e quem
se tornaria escravo, servindo.
Também a condição
sucessória de nascimento, a posição econômica, determinavam o “status” político
e social.
Na Idade Média,
além do nascimento, vai se somar a investidura eclesiástica que possibilitava
escalada social e independência do nascimento.
Surgirão as
corporações, isto é, os ofícios, a habilidade artesanal, oficinas,
ferramenteiros, mestres, aprendizes, enfim, diversifica-se o quadro social que
se amplia em várias tendências que se mesclam, imperando apesar de tudo, o
poderio do dinheiro.
Em meio a essa
diversidade, encontramos em “O Livro dos Espíritos” na questão oitocentos e
onze algo interessante:
“A igualdade
absoluta das riquezas é possível e existiu alguma vez?”
“- Não, não é possível. A diversidade das faculdades
e dos caracteres se opõe a isso.”
O Evangelho no
capítulo XVI, 8 continua:
“Por que todos os
homens não são igualmente ricos?”
“Não o são por uma razão muito simples: é
que eles não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir,
nem moderados e previdentes para conservar.
Aliás, é um ponto matematicamente demonstrado que a fortuna, igualmente
repartida, daria a cada qual uma parte mínima e insuficiente; que, supondo-se
essa repartição feita, o equilíbrio estaria rompido em pouco tempo pela
diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível, e durável,
cada um tendo apenas do que viver, isso seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem
para o progresso e o bem estar da Humanidade; que, supondo-se que ela desse a
cada um o necessário, não haveria mais o aguilhão que compele às grandes descobertas e aos
empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é porque daí ela
se derrama em quantidade suficiente segundo as necessidades.” (Destaques
mantidos).
Nota-se que os
textos ressaltam não só a riqueza como diversificadora das posições sociais,
mas, também as características íntimas, determinando o lugar a ser ocupado como
dinamizador ou não dos meios de produção. Fala da utopia de querer inverter a
ordem social gerada no seu extremo, pelo egoísmo. Quanto às aptidões, lembrar
que existindo as negativas, decisões, arbítrios, atitudes distanciadas do
altruísmo, poderão influir de modo caótico na estrutura social.
Os raciocínios
caminham no sentido de destacar que, caso houvesse esse entender da
responsabilidade pessoal, seja qual for o lugar que se ocupe, exatamente pelas
aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer, uma vez que
existindo equilíbrio em tudo, o homem não o perturbaria e praticaria, pelo
entendimento, a lei de justiça.
Leda Marques Bighetti – Agosto/2018 |