Num tempo de passado, mais propriamente à
época de Calvino, entendia ele que o texto de Paulo contido em Éfeso, 1:3-5,
mostra que existem dois tipos de pessoas: aquelas que estão ou são
predestinadas à salvação em Cristo e aquelas que não têm capacidade para se
integrar ao Cristianismo.
Na realidade, em momento algum Paulo quis
dizer isto. Apenas refletia que antes da criação da Terra, Jesus já preparava
ou conhecia na vida espiritual a Humanidade que iria povoá-la; sabia, por
decorrência o teor fluídico apropriado às necessidades aos futuros integrantes
do mundo que teria qualidades, condições específicas para abrigar Espíritos em
expiações e provas.
Em virtude de todo um planejamento e
aferição de necessidades, servia-se Jesus de Espíritos mais adiantados dessa
mesma futura Humanidade, Espíritos necessitados sim, porém, já dispondo de
alguma abertura, algum entendimento que lhes permitiria auxiliá-lo no
desenvolvimento do Planeta.
Não houve, portanto, predestinação,
privilégio, facilitação ou qualquer situação de exceção. Como em tudo nos
caminhos do Pai, aqueles que mesmo dentro de limitações, necessidades tivessem
feito o melhor por si e para si, estabeleceram maiores condições de
confiabilidade, apresentando condições pelo pessoal mérito da ação.
De alguma forma, de algum modo esses
Espíritos, no espaço em que viviam ou viveram agregaram valores que
possibilitara a Jesus escolhê-los.
Não houve privilégio ou predestinação e
sim condição espiritual estabelecida por forma de retidão moral, embelezamento
espiritual, em feições, formas inimagináveis por nós.
Aqueles que não demonstravam tantas
condições, refletiam construções de momento e nem por isso ficariam alijadas,
uma vez que a todos foi, é ou são oferecidas oportunidades de autosuperação,
desde que decidam por romper, mudar estágios.
Naquele tempo, não entender tudo isso,
criou posição estranha na interpretação do Evangelho, destacando-se que Jesus
lidava com preferências. Esqueciam–se que como “criador” da Terra, conhecia
condições, necessidades, providências, necessidades, grau de compreensão
espiritual dos futuros integrantes do Planeta e entre eles, aqueles que teriam
um sentido mais livre para perceber se Evangelho em Espírito e Verdade.
Lá como hoje, ainda é comum esse entender
do privilégio no qual aquele que diante da vida a experencia com sentido mais
espiritualizado, e avaliado como diferente, numa criação que o possibilita a
ser, digamos, melhor que outro.
Na realidade, na possibilidade que todo Espírito
traz em si, esse apenas buscou viver na Boa Nova, os indicativos para seu
caminhar.
Frente a dores cruéis, experiência que
chamavam ao desânimo convidando a tudo largar, buscando Jesus, talharam-se em
estruturas sólidas, renovadas no desprendimento do amor, conduzindo-se na paz
das consciências livres.
Sem estas reflexões, talvez Calvino ainda
hoje avaliaria a humanidade sob entender de escolha, preferência,
predestinação.
Leda Marques Bighetti – Abril/2018 |