Se voltarmos ao passado, notaremos que em
termos de crença, fé, agremiações religiosas, conhecemos, aderimos,
frequentamos inúmeras, uma vez que faz parte dessa busca de um estado de
excelência, superpondo-se em horizontes cada vez mais amplos.
Sabemos que o Cristianismo nasceu como verdadeira reforma do Judaísmo.
Jesus era judeu; foi criado, recebeu educação dos costumes judaicos. Não
ficou, porém, adstrito a essa condição. Superando conhecimentos e determinações
legais comuns a esse tempo, partiu para renovação conceptual da crença judaica.
Também conhecemos que era esse seu trabalho, a razão de ser de sua
vinda, de sua estada no Planeta.
Remodelaria, daria novo impulso, deixaria parâmetros evolutivos a serem
descerrados, compreendidos e vividos em algum dia do tempo.
Naquele momento e para muitos ainda hoje, esse conteúdo não só é
impactante, incompreensível como revolucionário e utópico.
Paulo, a seu tempo, percebeu isso e enviava cartas orientando igrejas nascentes
para que centrassem a orientação religiosa no Evangelho.
Conhecia como ninguém o povo e percebia que as novéis igrejas eram
influenciadas, nas diversas regiões, pelas religiões pagãs dominantes
infiltrando seus costumes na prática cristã.
Imaginemos o impacto de divulgar que Jesus
reinterpretava a lei mosaica, judaica, através das luzes do amor e da justiça
divina, ensinando a realidade imortal e o amor, sempre o amor como fonte de
tudo quanto existe inclusive prioritário para as relações humanas.
Após toda essa revolução estrutural no contexto espiritual do homem, a
face filosófica da Doutrina Espírita que é estritamente convite à religiosidade
do ser, apresenta a tônica da fé raciocinada.
Na
vida nada se perde. A memória tudo registra.
Convenhamos que sem conhecer essa análise histórica de um conteúdo
espiritual íntimo, é possível que hoje, na terceira revelação, o adepto se
veja, mesmo sem perceber, detido na “salvação pela fé”, vinculado a ritualismos,
gestos, promessas, acordos com Espíritos, práticas místicas que ora aqui, ora
ali vão se infiltrando nas áreas da atividade espírita, descaracterizando a
simplicidade dos convites de Jesus.
Face a essa realidade, cuidemos a mensagem cristã clareada pelas luzes
do Consolador, estudando, conhecendo a doutrina, renovando-nos moralmente,
lembrando que os Espíritos elevados, conforme afirmação do Codificador – se
ligam de preferência aos que procuram instruir-se e elevar-se tendo o Evangelho
como código de conduta, único capaz de levar o homem ao autoconhecimento,
iluminação interior e consequente libertação.
Leda
Marques Bighetti – Novembro/2017 |