Doações Energéticas

Desde as origens da vida humana encontramos as doações de energias acompanhadas de rituais, como o sopro, a fricção das mãos. Segundo o resíduo do “rito do barro” usava-se saliva, cuspe misturado a terra, aplicando-se essa lama pegajosa no doente. Conteria a energia necessária ao doente.

O passe espírita é simplesmente a imposição de mãos usada e ensinada por Jesus que sempre agiu em seus atos e práticas de maneira antiritual visando afastar os homens das superstições em voga no seu tempo.

Importante saber que em alguns evangelhos consta que Jesus para curar um cego usou de saliva com terra.

Estes escritos foram feitos entre oitenta, noventa anos após a morte de Jesus. Essa narrativa contém os costumes religiosos da época.

Allan Kardec adverte quanto a essas incoerências históricas que não poderiam provir de Jesus, mas, dos evangelistas. Caso contrário Jesus teria sido incoerente no tocante a seus ensinos e exemplos, o que seria absurdo.

Passe, em princípio, não é prática criada pelo Espiritismo.

As doações fluídicas eram comuns na Europa através de Hahnemann e seus seguidores. Dezessete anos antes da Codificação, portanto em 1840, chegam ao Brasil dois médicos homeopatas, o francês Benoit Mure e o português João Vicente Martins. Neoespiritualistas, sendo Mure clarividente e Martins psicógrafo, num tempo em que praticamente nada se conhecia das leis metapsíquicas, sob o lema “Deus, Cristo, Caridade” desempenharam trabalho admirável curando e aplicando passes como veículo auxiliar na terapia homeopática.

Os primeiros grupos espíritas nasceram do Grupo Homeopático que continuaram essa aplicação. Depois com os avanços da Fluídica entendeu-se a possibilidade de auxílio que a transfusão energética propiciaria tanto a encarnados como a desencarnados incorporando-se às práticas normais nas casas espíritas, porém, sem comportar  ritual, gesticulações.

A eficácia e poder do passe dependem do Espírito e não da matéria, da assistência espiritual e não do médium em si.

A prece, a imposição de mãos, a ação dos Espíritos adequando os fluidos às necessidades do paciente e que são projetadas pelas mãos do médium constituem, nessa simplicidade, o passe espírita.

Encenações como mãos do médium erguidas ao alto, abertas como se estivessem captando fluidos; orientar para que os receptores mantenham mãos espalmadas sobre os joelhos; pernas e braços descruzados; ajuntamento de vários médiuns de mãos dadas formando “corrente”, isto resíduo do mesmerismo, se impressiona pacientes são inúteis, superstições que desfiguram a simplicidade da doação; só servem para ridicularizar o passe, o médium doador enganando o paciente.

Por que ainda essas práticas são encontradas?

Principalmente porque não estudamos; depois pelo apego às formas do gestual.

O médium doador espírita consciente e conhecedor da Doutrina é suficientemente educado, humilde, para compreender que pouco sabe da ação dos fluidos e das necessidades específicas daquele que procura o passe.

Desse modo limita-se a função mediúnica de intermediário – prepara-se, oferece-se, confia na ação dos Espíritos. Quando estende as mãos sabe que aquelas energias não lhe pertencem, mas, decorrem de um composto preparado pelos Espíritos para atender às necessidades daquele paciente.

No homem espiritualizado, as doações energéticas se processam em contínuas exteriorizações de fluidos irradiados espontaneamente, pois fazem parte integrante do ser voltado para identificar e viver os ângulos maiores da vida.

Não é demais frisar: passe espírita é preparo, prece, concentração, doação que os Espíritos Socorristas usam para sustentação, encorajamento, reequilíbrio de algo que porventura esteja em desalinho em quem procura recebê-lo.

A dinâmica, a ação em si pertence exclusivamente aos Espíritos. Só eles conhecem a situação, a necessidade real, as possibilidades de fortalecimento, neste ou naquele setor físico ou espiritual.  A qualidade dos fluidos será adequada segundo necessidades específicas em face de compromissos, provas, que o paciente necessite.

Por ser transfusão de plasma extrafísico, só é aplicado em quem o procura por se sentir de alguma forma necessitado, doente, recuperando-se de cirurgias, desequilíbrios em face de alguma situação particular. Decorre disso que não se sai distribuindo passes a todos os presentes em uma reunião. Sendo necessário preparo e postura doadora para os médiuns, também há que haver campo receptivo por parte de quem o recebe.

Passe é remédio e só os ingere quem tem real necessidade. Não é ato de magia e sim ação consciente de súplica aos Espíritos Superiores vinculados a esse trabalho de amparo.

As mãos humanas funcionam como antenas que captam e transmitem as energias do plasma vital. Não há milagre, improvisação. O efeito e a duração energética dependerão da atitude mental de quem os recebe, isto é, após o recebimento, as energias podem continuar agindo num continuo ou extinguirem-se em instantes, mesmo à saída do Centro quando a mente desconectada dos ideais maiores se irrita com isto ou aquilo, fala ou pensa mal deste ou daquele.

As reflexões levam a exigir respeito e real entendimento da função de um passe.  

 

 

 

 

                                                Leda Marques Bighetti – Abril/2017

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2024/11/23 | 09:16:34

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